Storyboard mostra monitoramento e interceptação de caminhão que transportou maconha de Mato Grosso até o Rio de Janeiro — Foto: Editoria de Arte
A investigação que culminou nas prisões do advogado Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão e quatro policiais civis — Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, Eduardo Macedo de Carvalho, Juan Felipe Alves da Silva e Renan Macedo Villares Guimarães —, realizadas nesta quinta-feira, começou no início de agosto. Um dia após abordarem um caminhão frigorífico, agentes da Polícia Rodoviária Federal encontraram novamente o veículo, dessa vez vazio e sem a escolta da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Além de constatar que havia sido carregada carga de maconha, o condutor explicou que foi levado pelos policiais civis até uma comunidade vizinha à Cidade da Polícia, onde a carga foi descarregada.
Entenda a ação em 7 pontos:
6 de agosto:
1. O motorista chega a um posto de gasolina em Campo Grande (MS), às 9h20, para pegar o caminhão frigorífico que levaria até o Rio de Janeiro, conforme combinou no dia anterior com seu chefe.
2. Um homem em uma caminhonete branca o encontra e o leva para um hotel, ao lado da Rodoviária Velha de Campo Grande, avisando que o caminhão ainda estava sendo carregado. Às 21h30, esse mesmo homem o leva até o veículo, dando início à viagem com destino a Niterói.
8 de agosto:
3. Na altura de Lavrinhas (SP), às 14h30, seis policiais fazem a abordagem. Depois de desembarcarem de dois corollas com caracterização da DRFC, pedem a nota fiscal da mercadoria. O condutor responde que transporta carne, mas os agentes falam que receberam uma denúncia de que sua carga era de maconha.
4. Um policial que se identificou como Jorge entrou na cabine, onde permaneceu até o Rio. Na altura de Piraí, oito agentes da PRF — com informações da inteligência — pediram para o comboio parar. O policial no banco do carona apresentou o distintivo, informou que o condutor estava preso e conseguiu a liberação rumo à Cidade da Polícia, onde chegou às 18h30.
5. Câmeras da BR-116 registraram a passagem do caminhão e das viaturas nos seguintes locais, no mesmo horário: KM 325 – Itatiaia (14h06); KM 301 – Porto Real (14h45); KM 180 – Mesquita (17h22); e KM 169 – Rio (17h33).
9 de agosto:
6. O caminhão é levado até uma comunidade, onde é descarregado a 1h da manhã, por um grupo de pessoas que mandaram ele parar. Para chegar ao local, o veículo foi escoltado por duas viaturas, além de uma caminhonete e um carro hatch escuro, onde estaria o advogado. Rastreios indicam que o local escolhido foi a comunidade de Manguinhos, vizinha à Cidade da Polícia. A descarga dura três horas, quando o condutor é liberado, e dois mototaxistas escoltam o motorista até a saída do local, próximo à Avenida Brasil.
7. Às 12h30, a PRF aborda novamente o caminhão, dessa vez em um posto de combustíveis do KM 303 da Dutra, na altura de Resende, no sentido São Paulo. Com a carga vazia, o motorista apresentou nota fiscal com destino a Niterói, apesar de dizer ter descarregado no Rio. Ele narrou aos agentes a escolta dos policiais civis e cães farejadores identificaram resquícios de droga na carga, o que foi confirmado por testes.
Entenda o caso
Os quatro agentes e o advogado são alvos de uma ação deflagrada nesta quinta-feira, pela prática de tráfico de 16 toneladas de maconha e corrupção. À época, após a apreensão da droga, a negociata ocorreu, segundo as investigações, na Cidade da Polícia Civil do Rio. Os policiais usaram viaturas da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) no momento do crime.
Também foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Resende/TJRJ. Cerca de 50 agentes estão na capital fluminense e em Saquarema, na Região dos Lagos, em endereços ligados aos envolvidos, já denunciados pelo Ministério Público. Um deles foi a Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, que fica na Cidade da Polícia, local que reúne outras especializadas, como a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
Policiais civis e advogado são presos por tráfico de 16 toneladas de maconha
.A investigação teve início com ação integrada do serviço de inteligência da Polícia Rodoviária Federal com a PF. Em agosto deste ano, duas viaturas ostensivas da DRFC abordaram um caminhão, que veio de Mato Grosso do Sul, carregado com 16 toneladas de maconha na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro. Após escoltarem o veículo até a Cidade da Polícia, os agentes negociaram, por meio de um advogado, a liberação da droga e a soltura do motorista, mediante ao pagamento de propina.
De acordo com a denúncia do MP, “os crimes averiguados são concretamente graves, pois se trata de denúncia envolvendo agentes públicos e advogado, como incursos na suposta prática do crime de tráfico de drogas interestadual, corrupção passiva e corrupção ativa”.
Fonte: EXTRA