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Como a planta carnívora dioneia armazena memórias de suas presas

A “memória” a curto prazo de uma ratoeira da dioneia, planta carnívora também conhecida como apanha-moscas, pode durar cerca de 30 segundos. O que explicaria esse movimento? As concentrações de cálcio nas células da folha sinalizam quando a planta dioneia deve se fechar. Ou seja, se um inseto tocar nos cabelos sensíveis da planta apenas uma vez, a armadilha permanece imóvel. Mas se o inseto bater novamente em cerca de meio minuto, as folhas da planta carnívora se fecham e prendem a sua presa.

Mistério da dioneia, planta carnívora

O modo como as dioneias se lembram desse toque inicial tem sido um mistério. Mas um novo estudo revela que as plantas usam cálcio, é o que relatam os pesquisadores na Nature Plants.

Os cientistas já sabiam que algumas plantas têm memória de longo prazo, diz o coautor do estudo Mitsuyasu Hasebe, biólogo do Instituto Nacional de Biologia Básica em Okasaki, no Japão. Por exemplo, a vernalização é o modo como as plantas lembram de períodos de frio do inverno como um sinal para florescer na primavera.

Mas a memória de curto prazo é um mistério e essa é a primeira evidência direta do cálcio, diz Hasebe.

A dioneia é uma planta carnívora famosa por suas folhas semelhantes a mandíbulas. Mesmo que ela não tenha cérebro ou sistema nervoso, aparentemente pode contar até cinco e distinguir entre presas vivas e chuva, o que poderia inadvertidamente fazer com que suas folhas se fechassem, desperdiçando energia.

O desempenho do cálcio na planta dioneia

Pesquisas anteriores sugeriram que o cálcio desempenha um papel no processo estudado. Com a ajuda da engenharia genética, Hasebe e seus colegas foram capazes de realmente ver o cálcio em ação.

Então, os pesquisadores adicionaram genes às dioneias que produzem uma proteína. Ela brilha em verde quando exposta ao cálcio.

Quando a equipe encostou em um dos fios de cabelo sensoriais da armadilha, a base brilhou, se espalhou pela folha e desapareceu. Mas, quando os pesquisadores tocaram o cabelo outra vez ou um fio diferente na folha, em cerca de 30 segundos, as folhas da armadilha brilharam ainda mais do que antes e a planta se fechou rapidamente.

Os resultados mostram que a memória a curto prazo da dioneia é um aumento e diminuição do cálcio dentro das células das folhas, dizem os pesquisadores. Cada vez que um cabelo sensorial é acionado, ele sinaliza a liberação de cálcio.

 

A partir de então, a medida que a concentração de cálcio aumenta até atingir um certo nível alcançado por aquele segundo, a planta se fecha.

Mesmo assim, para a planta sentir a presa, a armadilha opera uma rede elétrica rápida que pode converter o movimento de uma mosca ou outro inseto em pequenas mudanças de voltagem que se propagam pelas células da planta, diz o coautor Rainer Hedrich.

Logo, os cientistas ainda não têm certeza de como o sistema de memória do cálcio funciona em conjunto com a rede elétrica para ativar esse estalo da planta dioneia.

Estudo publicado na Nature Plants.

FONTE: SOCIENTIFICA

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