Ícone do site GAZETA 24HORAS RIO

1 mês sem Henry: 7 mistérios não esclarecidos sobre a morte do menino

YouTube player

A morte de Henry Borel, 4, no Rio de Janeiro, completa hoje um mês e ainda apresenta perguntas sem respostas. O padrasto do menino, o médico e vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), e a mãe da criança, a professora Monique Medeiros, tratados como investigados, foram presos preventivamente na manhã de hoje na casa de uma tia do político em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro.

Para a polícia, o menino morreu em decorrência de agressões. Segundo os investigadores, Dr. Jairinho já tinha histórico de violência contra o menino. Segundo a investigação, o parlamentar se trancou quarto para agredir a criança com chutes e pancadas na cabeça um mês antes do crime —a mãe soube das agressões, ainda de acordo com a polícia. O casal também é suspeito de combinar versões e de ameaçar testemunhas para atrapalhar as investigações. A Polícia Civil ouviu ao menos 18 pessoas na investigação.

Relacionadas

Além da prisão, o trabalho policial já envolveu mandados de busca e apreensão, uma reconstituição no apartamento do casal e coleta de depoimentos de diversas testemunhas. Veja sete questões não respondidas até agora:

Quem achou o menino primeiro?

O pai de Henry, o engenheiro Leniel Borel, apontou contradição nos depoimentos prestados à polícia por Jairinho e Monique.

Segundo a defesa do engenheiro, ao chegar ao hospital Barra D’Or — onde Henry deu entrada sem vida —, o pai do menino ouviu de Monique que o vereador já estava ao lado da criança quando ela chegou ao quarto do casal e encontrou Henry desacordado no chão.

A versão é diferente da relatada à polícia por Jairinho e pela namorada.

Em depoimento à 16ª DP (Barra da Tijuca), o casal afirmou que assistiam à TV e acabaram dormindo no quarto de hóspedes. Por volta das 3h30 de 8 de março, a mãe relatou que acordou e despertou Jairinho —que foi ao banheiro—, enquanto Monique se dirigiu ao quarto do casal encontrando o filho caído no chão com pés e mãos gelados e os olhos revirados.

Ela disse que gritou pelo namorado ao ver o estado de Henry e aí sim o vereador foi até o cômodo.

Quando abri a porta do quarto, vi ele [Henry] deitado no chão. Peguei meu filho, botei em cima da cama. Estranhei. As mãos e os pés dele estavam muitos geladinhos. Chamei o Jairinho. Ele enrolou meu filho numa manta e fomos ao hospital

Monique Medeiros, mãe de Henry, em entrevista à TV Record

Por que padrasto médico não socorreu?

A mãe de Henry disse à polícia que, no trajeto até o hospital Barra D’Or, realizou procedimento boca a boca, recomendado por Jairinho, mas o menino não reagiu. Segundo a equipe médica, Henry chegou morto ao hospital.

À TV Record, Jairinho disse que fez o que podia para salvar o menino: “Eu tenho certeza absoluta, diante de Deus, que assassinato não foi”.

Questionado sobre o motivo pelo qual o vereador, como médico, não ajudou a reanimar a criança, ele alegou que a última vez que fez massagem cardíaca fora em um boneco na faculdade de medicina.

O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) apura possível omissão de socorro por parte de Jairinho.

Henry Borel morava junto com a mãe e o padrasto no condomínio Majestic, na Barra da Tijuca

Imagem: Reprodução/Google Maps

Acidente doméstico ou homicídio?

O laudo necroscópico apontou sinais de violência no corpo do menino e determinou a causa da morte como hemorragia interna e laceração hepática causada por ação contundente.

A perícia constatou múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores; infiltração hemorrágica na região frontal do crânio e nas partes lateral e posterior da cabeça; edemas no encéfalo; grande quantidade de sangue no abdômen; contusão no rim à direita; trauma com contusão pulmonar; laceração do fígado e hemorragia retroperitoneal.

À polícia, Monique disse acreditar que as lesões foram resultado de uma queda do menino da cama do casal. Para ela, o filho pode ter acordado, ficado em pé sobre a cama e se desequilibrado ou tropeçado no encosto da poltrona, fazendo com que caísse no chão. Apesar disso, Monique afirmou não ter escutado barulho.

Quarto de Monique e Jairinho, onde Henry teria sido encontrado caído, segundo a versão do casal

Imagem: Reprodução/Record TV

Essa criança foi espancada de maneira violenta, pelo laudo médico-legal a criança tem sinais de violência física severa que atingiu a cabeça, pulmão, abdômen, rompimento de fígado, rim e várias equimoses. É um negócio de uma gravidade muito grande

Nelson Massini, professor de Medicina Legal da Uerj

Por que a empregada limpou o apartamento?

A empregada doméstica que trabalha na casa de Monique e Jairinho, identificada apenas como Rosângela, disse à polícia que sabia da morte de Henry quando fez uma faxina no apartamento antes da chegada da perícia. A versão contradiz a de Monique.

Rosângela falou que foi avisada sobre a morte quando foi trabalhar, em 8 de março. Na semana anterior a seu depoimento, Monique disse à polícia que a limpeza foi feita porque a empregada não tinha conhecimento do ocorrido e que chegou a dar folga para ela na hora do almoço.

À polícia, Jairinho disse que, ao voltar para casa, por volta das 10h, viu Rosângela conversando sobre a morte do menino com Monique e uma assessora.

Ainda não se sabe por que ela limpou o apartamento mesmo sabendo da morte da criança.

Que mensagens foram apagadas dos celulares de Jairinho e Monique?

A polícia tenta recuperar mensagens apagadas dos celulares de Jairinho e Monique.

Onze celulares e computadores foram apreendidos em operação no dia 26 de março, que cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em quatro endereços ligados ao pai, à mãe e ao padrasto de Henry. O 2º Tribunal do Júri da Capital decretou a quebra dos sigilos de todos os alvos.

Os celulares apreendidos são de Monique, Jairinho e Leniel, e passarão por perícia. A polícia usará um programa para recuperar informações apagadas a fim de obter mensagens que teriam sido deletadas.

Segundo a TV Globo, análise preliminar nos aparelhos apontou que mensagens foram apagadas em celulares apreendidos na residência do casal.

Após a apreensão, o advogado André Barreto disse que Monique notou que seu celular fora invadido por um hacker e fez um boletim de ocorrência na 16ª DP.

Ainda não se sabe se a polícia teve acesso aos diálogos suprimidos tampouco se foi constatada a invasão hacker.

A residência do pai de Jairinho, em Bangu, também foi alvo dos mandados de busca e apreensão

Imagem: Divulgação/Polícia Civil do Rio de Janeiro

Como era a relação de Henry com o padrasto?

Em depoimento, uma professora da escola onde Henry estudava e a psicóloga Érica Mamede, que acompanhava a criança, disseram não ter notado anormalidade no comportamento do garoto.

Érica afirmou que foi procurada por Monique porque o menino não queria ir à escola e resistia em ficar na casa onde morava com Jairinho. Segundo Érica, Henry citou o padrasto somente na última das cinco sessões ao dizer que morava com um tio em casa. Ao ser perguntada se Henry aparentava ter medo de Jairinho, a psicóloga disse que não.

O pai do menino explicou que a decisão de procurar uma profissional aconteceu também porque “o Henry estava falando que não gostava do tio [Dr. Jairinho] e que o tio machucava”.

Em depoimento, Jairinho disse que, na primeira vez que encontrou Leniel, o engenheiro pediu para que o vereador não abraçasse o menino com força. Jairinho disse que achou o pedido curioso, porém não entendeu como ofensa.

Mensagens obtidas pela TV Globo mostraram a conversa entre os pais de Henry no domingo (7), dia em que a criança foi devolvida à mãe. Ambos dão a entender que Henry não gostaria de retornar ao apartamento e a mãe mostra preocupação.

Câmeras de segurança mostraram Monique segurando o filho no colo às 19h18 do domingo, poucas horas antes da morte. Ela teria ido a uma padaria para acalmá-lo, já que o menino chorava e chegou a vomitar após ser entregue à mãe depois de ficar o final de semana com o pai.

O advogado do casal nega que a relação do menino com o padrasto e a mãe fosse conturbada e disse que anexou ao inquérito falas de testemunhas que comprovam a boa relação.

Tinham uma relação amorosa, cordial, doce, harmoniosa. Um lar que não havia problema ou medo como busca se insinuar

André Barreto, advogado do casal

Henry Borel, de 4 anos, morreu no dia 8 de março, no Rio de Janeiro

Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Fonte: UOL.

Sair da versão mobile