Uma princesa entediada resolve se divertir anonimamente em Roma. Lá, ela se envolve com um repórter que, inicialmente, pretende se aproveitar da situação para dar um “furo”. Diversas situações inesperadas acontecem e fazem com que eles se aproximem. Cria-se nele a dúvida se deve ou não publicar a história.
“A Princesa e o Plebeu” é uma excelente comédia romântica dirigida pelo renomado cineasta William Wyler, que nasceu em Mulhouse no ano de 1902 e morreu em Los Angeles, em 1981. Foi um diretor de cinema americano de origem francesa. Cultivador de vários gêneros, perfeccionista e meticuloso, sua filmografia o credencia como um dos melhores cineastas das décadas de 1940 e 1950.
Ele soube aliar clareza narrativa a um tratamento sólido dos personagens e das relações humanas em seus filmes. Recebeu estatuetas de melhor diretor por “Rosa da Esperança” (1942); “Os Melhores Anos de Nossas Vidas” (1946) e “Ben-Hur” (1959), um épico pródigo que ainda detém o recorde absoluto do Oscar (11), igualado apenas em 1997 por James Cameron com “Titanic“.
Ele se tornou um dos diretores mais lentos e meticulosos de Hollywood, porque não se importava com o tempo que duraria para gravar as filmagens de uma produção.
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Ele também se tornou o diretor favorito do produtor Samuel Goldwyn , com quem formou uma associação frutífera e longa que começou em 1936 . Também o datado ano de 1936 foi o início de sua colaboração com o fotógrafo Gregg Toland, cujo grande trabalho seria visto em muitos outros filmes de Wyler.
A “tomada de profundidade focal”, aperfeiçoada por Toland, permitiu-lhe desenvolver sua técnica favorita de filmar planos gerais, nos quais os personagens aparecem no mesmo quadro para cenas inteiras. Alguns dos melhores trabalhos de William Wyler no cinema foram: “A Garota Genial” (“Funny Girl“-1968); “Como Roubar um Milhão de Dólares” (1966); “O Colecionador” (1965); “Infâmia” (1961); “Ben-Hur” (1959); “Da Terra Nascem os Homens” (1958); “Sublime Tentação” (1956); e “Horas de Desespero” (1955).
O projeto do filme “A Princesa e o Plebeu” era inicialmente do diretor Frank Capra, que pretendia colocar os atores Cary Grant e Elisabeth Taylor nos papeis principais. Cary Grant recusou após ler o roteiro e só então foi oferecido a Gregory Peck. Já o diretor William Wyler inicialmente queria a atriz Jean Simmons para o papel da princesa Ann e quando ele soube que a atriz não estava disponível chegou a cancelar temporariamente a produção do filme. Mas a dupla Gregory Peck e Audrey Hepburn deram conta do recado e ficou superlegal. Acredito ter sido a melhor escolha.
Aconteceram alguns desencontros na produção deste filme. Uma delas foi durante a cena em que a princesa se despede de Joe (Gregory Peck) e Audrey Hepburn não conseguia chorar como exigia o roteiro. Após várias tentativas infrutíferas, William Wyler reclamou, deu uma bronca e fez com que Audrey começasse a chorar e então a cena foi rodada com sucesso.
Quando Gregory Peck viajou para a Itália para começar a rodar o filme, ele estava deprimido em razão da recente separação e iminente divórcio de sua primeira esposa Greta. Entretanto, durante as filmagens, ele conheceu e se apaixonou por uma moça francesa chamada Veronique Passani. Após o divórcio, eles se casaram e permaneceram juntos até o falecimento dele.
“A Princesa e o Plebeu” foi uma inovação nas filmagens ao ar livre. Wyler rejeitou a ideia de filmar cenas artificiais para dar destaque especial à cidade de Roma. Ele serviu de exemplo para outros cineastas.
Os principais locais de filmagem incluíram a Piazza della Rotonda, o Panteão, o Castel Sant’Angelo e o Rio Tibre, a Fontana di Trevi, a Piazza Venezia, a Piazza di Spagna, a Igreja da Santíssima Trindade dos Montes, o Coliseu, a Bocca della Verità (onde Peck faz uma piada sobre Hepburn sobre perder sua mão, e que Wyler gostou tanto que foi incluído no filme.
As filmagens prosseguiram em Via dei Fori Imperiali, a Via della Stamperia (onde Anna vai a um cabeleireiro), a galeria do Palazzo Colonna (que servia para os quartos de Anna), e o Palazzo Brancaccio (onde ocorreu a cena final do encontro entre Anna e os jornalistas).
Embora tenha sido originalmente planejado para filmar “A Princesa e o Plebeu” em cores, a obra foi produzida em preto e branco devido ao alto custo de produção do filme em Roma. Este filme contou também com a aparição das filhas de William Wyler, em uma cena em que o personagem de Peck pede uma câmera para algumas garotas da cidade, e dois jornalistas internacionais dos jornais espanhóis ABC e La Vanguardia.
O filme marcou a estreia triunfante de Audrey Hepburn no cinema americano. Ela contava com 24 anos. Gregory Peck estava tão convencido que ela seria indicada ao Oscar de melhor atriz que solicitou que o nome dela aparecesse em primeiro lugar nos créditos e ele tinha razão. Audrey foi a vencedora do Oscar e o filme ainda premiou com um Globo de Ouro e o Bafta, da Academia Britânica de Cinema.
Audrey Hepburn nasceu em Ixelles, na Bélgica, no dia 4 de maio de 1929. Filha de Joseph Anthony Ruston, banqueiro inglês, e de Ella Van Heemstra, baronesa holandesa, estudou balé e foi modelo até ser descoberta para o cinema. Participou de pequenos filmes na França e na Inglaterra. Em 1952 estreou na Broadway, como protagonista da peça “Gigi”.
Em 1954, recebeu o Oscar de melhor atriz pelo seu excelente trabalho em “A Princesa e o Plebeu”. Nesse mesmo ano casou-se com o ator Mel Ferrer. Trabalhou na peça “Ondine” e recebeu o Prêmio Tony por sua atuação. Em 1960 nasceu seu primeiro filho, Sean H. Ferrer. De volta ao cinema gravou “Bonequinha de Luxo“, sendo indicada novamente para o Oscar.
Em 1968 se divorcia. Casa-se novamente, com Andrea Dotti e em 1970 nasce seu segundo filho, Luca Dotti. Em 1982 se divorcia novamente. Na década de 80, tornou-se embaixadora especial para o Fundo Unicef das Nações Unidas de ajuda às crianças. Participou de missões no México, El Salvador, Equador, Venezuela, Sudão, Somália, Etiópia e Tailândia. Audrey Hepburn faleceu no dia 20 de janeiro de 1993, na cidade de Tolochenaz, na Suíça.
Na década de 1970 chegou a ter o nome mencionado para uma sequência de “A Princesa e o Plebeu“, que reuniria mais uma vez Audrey Hepburn e Gregory Peck. Nesta continuação Ann seria rainha e Joe Bradley seria um romancista de sucesso e seus filhos é que se apaixonariam. Porém tal filme nunca chegou a sair do papel. Em 1987 foi feito uma versão para a televisão com os atores Tom Conti e Catharine Oxemberg nos principais papeis, mas passou despercebido e não obteve o mesmo resultado do original, que por sinal é insuperável.
“A Princesa e o Plebeu” é um filme romântico cheio de charme, gostoso de ver e lembrar. A escolha dos atores foi perfeita. Audrey Hepburn está maravilhosa no papel da princesa Ann e Gregory Peck se apresenta como o verdadeiro cavalheiro que sempre foi. “A Princesa e o Plebeu” é um dos meus filmes favoritos. Vale a pena ver ou rever.
Ficha técnica
Filme: “A Princesa e o Plebeu”
Direção e produção: William Wyler
Lançamento: Paramount Pictures
Ano: 1953 (original em preto e branco)
Gênero: Comédia romântica
Elenco: Audrey Hepburn, Gregory Peck, Eddie Albert, Hartley Power, Harcourt Williams Margaret Rawlings
História: Dalto Trumbo
Roteiro: Dalton Trumbo, Ian McLellan Hunter e John
Música: Georges Auric e Victor Young
Fotografia: Henri Alekan e Franz Planer
Edição: Robert Swink
Fonte: A Cidade On.