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Ex-Comperj: Itaboraí quer ser a capital do gás natural

Foto: Reprodução/TV Globo

Foto: Reprodução/TV Globo

 

O Conleste – Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento do Leste Fluminense acaba de lançar o Programa Progas, que propõe medidas para a criação de melhores condições para a ativação da cadeia produtiva ligada ao gás natural na região. A iniciativa pretende transformar o município de Itaboraí, onde foi feito o bilionário investimento para criação do Complexo Petroquímico do Estado do Rio (Comperj), em uma espécie de “capital nacional do gás natural”.

O programa prevê desenvolver novas tecnologias, diversificar a geração de empregos, qualificar a mão de obra local e estimular a indústria de bens e serviços locais para atender ao novo Polo GasLub Itaboraí, que ocupará o antigo Complexo Petroquímico do Estado do Rio (Comperj) a partir de 2022. O Progas deverá usar área ociosa de mais de 11 quilômetros quadrados do Comperj, que inclui o terreno do novo polo, correspondente a 1.025 campos de futebol, terraplanado e licenciado.

O projeto foi entregue ao vereador Ramon Vieira, que também preside a comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara Municipal, e à subsecretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Cristiana Tenório, durante audiência pública que tratou das oportunidades e desafios inerentes à indústria do gás em Itaboraí e na região.

GasLub produzirá lubrificantes e combustíveis

Desde 2019, a Petrobras trabalha na transformação do antigo Comperj em uma planta de processamento de lubrificantes, a partir de interligações já existentes de algumas unidades do polo petroquímico com a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), permitindo a produção de lubrificantes e combustíveis de alta qualidade a partir de produtos intermediários da refinaria.

Entre os projetos, está o da construção de uma térmica em parceria com outros investidores para geração de energia a partir do gás do pré-sal processado no GasLub. O local segue com as obras para concluir a construção do Projeto Integrado Rota 3, que inclui uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) e um gasoduto. Previsto para ser concluído em 2021, o Rota 3 terá capacidade para escoar e processar 21 milhões de metros cúbicos de gás do pré-sal por dia.

De olho nesse novo potencial econômico, o desenvolvimento da indústria de gás natural se tornou um dos focos das atividades do Conleste, que reúne16 municípios do Leste Fluminense, com mais de 3,3 milhões de habitantes. Outras vocações da região são a Agricultura Familiar, com seus mais de 14 mil produtores rurais, e o Turismo Verde, nas modalidades principais de turismo rural e de aventura.

No lugar de empregos, frustração

Quem imaginou um futuro promissor na pacata Itaboraí em decorrência do Comperj ficou com o sentimento de frustração. A construção do complexo petroquímico foi anunciada com pompas e circunstâncias em 2006, período em que a Petrobras projetou grandes empreendimentos.

A ideia era transformar o petróleo em resinas plásticas e outros produtos petroquímicos. O investimento à época era de R$ 6,5 bilhões, levando esperança de progresso à região Leste Fluminense. A promessa era de que, a partir de 2012, o projeto tivesse a capacidade de processamento de 150 mil barris/dia.

O anúncio ousado animou toda a região, atraindo investidores e milhares de trabalhadores. Em 2010, no entanto, nada havia sido construído em uma área equivalente a 6.000 mil campos de futebol, a maior terraplanagem feita no Brasil. Nesta época, os gastos já ultrapassavam vultuosos R$ 13 bilhões. A Operação Lava-Jato foi a pá de cal no projeto.

Tesouro escondido em ruínas

A desistência do Comperj não frustrou apenas os investidores na cadeia do petróleo. Os problemas sociais decorrentes da frustração levaram insegurança à cidade, que possui um potencial turístico desperdiçado.

Além de construções históricas no Centro e de um dos mais importantes parques paleontológicos do país, Itaboraí tem um tesouro escondido nas terras do Comperj: as belíssimas ruínas do Convento São Boaventura, da primeira metade do século 19.

A visitação do público não é permitida, apesar de o conjunto ser tombado peloIphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A Igreja Matriz de São João Batista, com características do século 17, também é tombada pelo Iphan.

Por: Diário do Porto

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