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‘2 anos se passaram e a dor permanece aqui’, diz namorada do ator Rafael Miguel, assassinado pelo pai dela com 7 tiros em SP

2 anos se passaram e a dor permanece aqui”, escreveu, nesta quarta-feira (9), em suas redes sociais, a estudante Isabela Tibcherani, de 20 anos, sobre os assassinatos do então namorado, o ator Rafael Miguel, e dos pais dele, em 9 de junho de 2019, na Zona Sul de São Paulo.

Quem os matou foi o pai dela, o empresário Paulo Cupertino Matias. O crime foi cometido na frente da casa onde Isabela, então com 18 anos, morava com a mãe, no bairro da Pedreira. O assassino não aceitava o namoro da filha com o artista.

Rafael estava com 22 anos quando foi morto pelo empresário. O ator foi atingido por sete disparos (um na cabeça, outro no peito, dois no braço esquerdo e três nas costas). Os pais do rapaz também foram baleados e morreram. O pai, João Alcisio Miguel, de 52, tomou quatro tiros (um no peito, um no braço direito e dois no esquerdo). A mãe, Miriam Selma Miguel, 50, levou dois (no peito e no ombro).

Isabela e a mãe não foram baleadas por Cupertino e sobreviveram. O empresário fugiu. Vídeos gravados por câmeras de segurança também mostram o momento que o assassino atira e vai embora. Desde então, Cupertino é foragido da Justiça. Seu nome e foto foram incluídos na Difusão Vermelha da Interpol e ainda aparecem como primeiros da lista dos criminosos mais perigosos e procurados da polícia de São Paulo. Assista ao vídeo abaixo:

Assassino do ator Rafael Miguel e dos pais dele passou por 7 cidades e se escondeu no MT

‘Dor permanece aqui’

Em sua página oficial no Instagram, Isabela, que deixou de usar o sobrenome paterno e manteve apenas o nome da família da mãe, contou como se sente todas as vezes que surge a efeméride em torno da morte de Rafael e dos pais dele.

“2 anos se passaram e a dor permanece aqui, na maioria dos dias, guardada em um lugar de difícil acesso, mas não tem sido fácil”, escreveu a jovem, que tem mais de 360 mil seguidores.

Isabela Tibcherani usou seu Instagram para dizer que “2 anos se passaram e a dor permanece aqui” a respeito dos assassinatos do então namorado Rafael Miguel e de seus sogros em 9 de junho de 2019 — Foto: Reprodução/Redes sociais

Na rede social, Isabela conta sua rotina e dá dicas de maquiagem e alimentação. Segundo pessoas próximas, ela trabalha no departamento administrativo de uma escola.

“Sinto que perdi o direito do silêncio. Esse mês chegou pra mim com os dois pés no meu peito e eu só pude abrir os braços e cravar meus pés no chão, porque não posso me abater”, contou Isabella em outro trecho do texto que publicou ao lado de flores brancas num campo.

“Não quero me estender, não encontro nem palavras. Não esperava que fosse me sentir assim, como se tivesse sido ontem. Tô abatida, tô cansada dos questionamentos, cansada de ter que ser firme”, continuou Isabela.

A jovem ainda escreveu que “às vezes, tudo que a gente quer é um abraço e o silêncio confortável, pra poder chorar tudo que for preciso, e seguir em frente”. “Se as pessoas soubessem como é dentro da minha cabeça, do meu coração, diariamente. Falta tanto, falta muito. A falta é constante”, finalizou a jovem.

Empresário e amigos são réus

Cupertino é réu na Justiça sob acusação de triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

O empresário, que atualmente tem 50 anos, nunca constituiu um advogado para defendê-lo. O processo está em segredo, mas o G1 apurou que a primeira audiência de instrução do caso foi marcada para o dia 30 de agosto na 1ª Vara do Júri no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo.

Além do empresário, dois amigos dele são réus no mesmo caso por terem ajudado o assassino a fugir. O G1 não conseguiu localizar os amigos de Cupertino investigados ou suas defesas para comentarem o assunto até a última atualização desta reportagem.

89 denúncias

Três momentos de Paulo Cupertino: antes do crime, quando falsificou sua identidade, e depois usando o nome falso de ‘Manoel Machado da Silva’ — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Segundo o Instituto São Paulo Contra a Violência, do dia do crime até esta terça-feira (8), 89 denúncias sobre prováveis paradeiros de Cupertino chegaram ao Disque Denúncia e ao Web Denúncia.

Nesse período, os denunciantes disseram ter visto o assassino em 25 cidades paulistas, oito municípios de sete outros estados, em uma cidade argentina e em outros cinco locais não identificados.

Segundo policiais, somando todas as denúncias recebidas (as feitas por telefone, digitais e da investigação), já foram verificados mais de 300 prováveis esconderijos de Cupertino em dez estados do Brasil e no Paraguai.

Para a polícia, no entanto, há indícios de que durante a fuga o criminoso passou por pelo menos oito cidades, sendo sete delas em três estados, e uma em território paraguaio.

Esses lugares estão sendo ou foram checados por policiais, mas o criminoso não foi encontrado. Os serviços fazem parte de um contrato entre o instituto e a Secretaria da Segurança Pública (SSP), que repassa as denúncias à Polícia Civil e à Polícia Militar (PM).

A polícia divulgou ainda à imprensa fotografias com simulações dos possíveis disfarces do empresário. Em todos esses locais onde Cupertino teria passado, ele usou nome falso e deixou a barba crescer para não ser reconhecido. Como disfarce, passou a usar um boné.

Rafael Miguel

Rafael Miguel, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel: ator e pais foram mortos a tiros por Paulo Cupertino Matias em SP — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Rafael Miguel era conhecido por ter interpretado o personagem Paçoca na novela infantil “Chiquititas”, do SBT, e trabalhado em um famoso comercial em que uma criança pede brócolis à mãe.

Ele também atuou em novelas da Globo, como “Pé na Jaca”, “Cama de Gato” e no especial de fim de ano “O Natal do menino imperador”.

Fonte: G1.

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