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Mortes em desabamento de prédio na Flórida chegam a nove

Com a contagem de mortes chegando a nove, equipes de resgate tentam neste domingo (27) encontrar mais de 150 moradores desaparecidos entre os escombros do prédio que desabou há três dias na Flórida. Há questionamentos sobre a integridade estrutural da torre.

É certo que a contagem de mortes subirá. Equipes de resgate em Surfside, cidade costeira perto de Miami, receberam a ajuda de equipes de Israel e especialistas do México.

“Todo mundo que é necessário está no local trabalhando e continuamos nossos esforços para encontrar pessoas vivas”, afirmou a prefeita do Condado de Miami-Dade, Daniella Levine, à emissora de televisão CBS.

Autoridades disseram que mantêm esperanças de que algumas das 156 pessoas desaparecidas ainda podem estar vivas. Com a ajuda de cachorros, sonares, drones e scanners infravermelhos, esperam que as pessoas possam sobreviver em bolsões de ar formados nos escombros.

O fogo sob os escombros, que produziu densa fumaça e atrapalhou o trabalho das equipes de resgate nesse sábado, diminuiu, segundo as autoridades. Uma trincheira foi cavada para separar as áreas de entulho fumegante do resto dos escombros, e equipes de resgate também estão usando túneis, disse Levine.

“O mais importante agora é ter esperança”, disse o chefe dos bombeiros Alan Cominsky. “É isso que está nos motivando. É uma situação extremamente difícil.”

Alguns familiares dos desaparecidos forneceram amostras de DNA às autoridades, enquanto outros relataram que escaparam por pouco. A polícia divulgou os nomes de quatro vítimas, entre 54 e 83 anos.

Erick de Moura, morador do Champlain Towers South, deveria estar em casa quando o prédio desabou, mas sua namorada o convenceu a passar a noite na casa dela, a menos de 3 quilômetros, em Miami

“Para mim, isso é um milagre”, disse o brasileiro de 40 anos à Reuters.

Fotos dos desaparecidos foram penduradas em uma cerca próxima, acompanhadas por flores e mensagens. No sábado, familiares rezaram e mantiveram uma vigília silenciosa em uma barreira erguida na praia pelas autoridades, centenas de metros ao norte do local. Eles se recusaram a comentar o episódio.

Alguns moradores permanecem no prédio junto do que desabou, para o qual apenas uma ordem de evacuação voluntária foi emitida. Um inspetor de construção não encontrou nenhum problema óbvio com o outro prédio.

“Eu não sei se me sentiria confortável de ficar naquele prédio”, afirmou o prefeito de Surfside, Charles Burkett, até que uma revisão abrangente fosse completada.

As autoridades afirmaram que o Condado de Miami-Wade faria uma auditoria em todos os prédios com mais de 40 anos dentro dos próximos 30 dias,para garantir que eles são seguros.

Autoridades de Surfside divulgaram documentos, incluindo um relatório de engenharia de 2018, que identificou grandes danos estruturais debaixo da piscina e “deterioração de concreto” no estacionamento subterrâneo do condomínio de 12 andares.

O relatório foi feito para o comitê do condomínio da Champlain Towers South, na preparação de um grande projeto de reformas programado para este ano.

Não ficou claro se o dano descrito no relatório está relacionado ao desabamento do prédio por volta da 1h30 (2h30 em Brasília) de quinta-feira.

Donna DiMaggio Berger, advogada que trabalha com a associação de condomínios, disse que os problemas apresentados pelo relatório de 2018 eram típicos de prédios mais velhos naquela área e não causaram alarme aos membros do comitê, que viviam no prédio com suas famílias.

O relatório estimou que as reformas recomendadas custariam US$ 9,1 milhões. Berger afirmou que o comitê havia contraído linha de crédito de US$ 12 milhões para os reparos e pediu que os proprietários pagassem US$ 80 mil cada um.

A obra começou substituindo o teto antes da temporada de furacões, e o comitê estava reunindo propostas para o trabalho com concreto, mas a pandemia atrasou o projeto.

Dados de satélite dos anos 90 mostraram que o prédio estava afundando entre um e três milímetros por ano, enquanto os prédios ao redor permaneceram estáveis, segundo o professor da Universidade Internacional da Flórida, Shimon Wdowinski.

Gregg Schlesinger, advogado e ex-empreiteiro-geral especializado em casos de falha de construção, disse que outros fatores poderiam ter contribuído para o desabamento, mas estava claro para ele que os problemas estruturais identificados no relatório de 2018 foram a causa principal.

Acrescentou que as investigações e os processos inevitáveis uma hora pintarão o quadro completo do que causou o desastre. “Mas sabemos de uma coisa: havia falhas estruturais”, afirmou. “Sabemos outra coisa: as falhas estruturais não deveriam ter ocorrido.”

Ele disse que todos os prédios à beira-mar precisam ser inspecionados a cada cinco anos para garantir que não foram degradados pela maresia, não apenas os que têm mais de 40 anos.

Fonte: Agência Brasil

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