Enquanto observamos o avanço da vacinação para a prevenção da covid-19, os estudos —em laboratório e na vida real— sobre a eficácia das vacinas ou efetividade dos imunizantes disponíveis no Brasil também prosseguem em todo o mundo. Mas como estão os números atualmente em comparação aos vistos nos estudos e ensaios divulgados no fim de 2020?
Antes, é preciso entender o que eficácia e efetividade significam.
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- Eficácia: representa o quanto uma vacina é capaz de prevenir doenças em um ambiente controlado, ou seja, os cientistas avaliam a resposta a ela em condições e grupos de pessoas monitorados e específicos.
- Efetividade: representa como esses mesmos imunizantes funcionam quando são utilizados na população em geral –cenário atual.
Algumas pesquisas já têm trazido mais informações sobre como essas substâncias se comportam na proteção contra as variantes do coronavírus, incluindo a delta, além de seus efeitos a depender da idade da pessoa imunizada. Os dados que coletamos são os mais atualizados até agora e já incluem os resultados de um recente estudo da Universidade de Oxford que observou a efetividade das vacinas AstraZeneca e Pfizer em relação às variantes alfa e delta.
De acordo com dados do Instituto Butantan, no Brasil a variante ainda dominante é a gama (P.1 – amazônica), representando, no estado de São Paulo, 89,82% dos casos —seguida pelas P.1.2 (4,22%), alfa (B.1.1.7, britânica) e delta. E todas as vacinas têm oferecido proteção contra elas.
No entanto, essas conclusões podem ser alteradas a qualquer momento, a depender da publicação de novas pesquisas, e também do eventual aparecimento de outras mutações do Sars-CoV-2 —a variante delta vem ganhando força e tende a se tornar dominante nos próximos meses.
Veja o que sabemos até hoje, considerando a vacinação completa (duas doses para todos os imunizantes, com exceção da dose única da Jannsen) das vacinas aplicadas no Brasil:
AstraZeneca – eficácia geral e contra a delta
Eficácia geral (inclui dados do fabricante/estudo sem revisão)
- 76% na prevenção de doença sintomática (após 15 dias ou mais da 2ª dose)
- 74,6% a 86% proteção para a variante alfa
- 100% prevenção de doença grave
- 92% prevenção de hospitalizações
Efetividade/delta (dados fabricante/estudos sem revisão ou publicação)
- 60% a 92% na prevenção de doença sintomática (após 2 doses)
- 92% na prevenção de hospitalizações (após 2 doses)
- 69% na prevenção de infecções (após 14 dias da 2ª dose)
- 61% na prevenção de infecções (após 90 dias da 2ª dose)
Casos graves e hospitalizações no Brasil (2 doses):
- 93,8% para 60 a 79 anos
- 91,3% para mais de 80 anos
CoronaVac (Instituto Butantan) – eficácia geral e contra a delta
Eficácia geral
- 51% na prevenção de casos sintomáticos (2 doses)
- 100% na prevenção de doença grave (2 doses)
- 100% na prevenção de hospitalização (2 doses)
Resultados do Projeto S, que vacinou 75% da população de Serrana (São Paulo)
- 80% redução dos casos sintomáticos
- 80% redução das internações
- 95% redução de mortes
Pesquisas de outros países que aplicaram esta vacina em massa têm mostrado que a CoronaVac protege contra a doença sintomática em percentuais que variam de 65% a 83%. Nos quesitos hospitalização e morte, os resultados do Chile, por exemplo, mostraram proteção de 88% e 90%, respectivamente.
Efetividade consistente para todas as idades. Entre pessoas com 60 anos ou mais:
- 67.4% na prevenção de doença sintomática
- 83,3% na prevenção de hospitalizações
- 83% na prevenção de morte
Efetividade contra mortes em idosos*:
- 86% – 70 a 74 anos
- 87% – 75 a 79 anos
- 49,9% – 80+ anos
*Dados preliminares compilados pelo estudo brasileiro do grupo Vebra Covid-19.
Delta*
- 100% na prevenção de casos graves
- 69,5% contra o aparecimento de pneumonias decorrentes da doença
*Esses dados foram divulgados pelo Butantan a partir de informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da província de Cantão/Guangdong. Na ocasião, o instituto também declarou que já está investigando se a CoronaVac é efetiva contra a delta.
Janssen (Johnson & Johnson) – eficácia geral e contra a delta
Eficácia geral
- 67% na prevenção de doença moderada a grave 14 dias após a vacina
- 66% na prevenção de doença moderada após 28 dias
- 77% na prevenção de doença grave/crítica após 14 dias
- 85% na prevenção de doença grave/crítica após 28 dias
Efetividade no Brasil:
- 66,2% na prevenção de quadros moderados da doença após 14 dias da vacinação
- 68,1% na prevenção de casos graves e críticos após 28 dias da vacinação
Eficácia Delta*
- 71% contra hospitalizações
- + de 95% de prevenção de morte
*Estes dados são de uma pesquisa preliminar apresentada pelo Ministério da Saúde da África do Sul.
Eficácia por idade
Dados do fabricante informam que, independentemente da idade, 96% dos adultos apresentaram anticorpos neutralizantes.
Pfizer – eficácia geral e contra a delta
Eficácia geral
- 95% na prevenção de infecções (um estudo ainda sem revisão apontou 84% após 6 meses)
- 91,3% na prevenção de doença sintomática
- 95,3% a 100% na prevenção de doença grave
Eficácia contra a delta (ago/2021)*
- 92% na redução da carga viral após 14 dias da 2ª dose
- 90%, 85% e 78% após 30, 60 e 90 dias, respectivamente, da 2ª dose
- 88% na prevenção de doença sintomática
- 96% na prevenção de hospitalizações
*Dados do Ministério da Saúde de Israel trouxeram 90% de proteção contra doenças graves e 39% para infecções.
Efetividade por faixa etária (14 dias após a 2ª dose)
- 90% entre pessoas de 18 a 35 anos (infecção)
- 77% entre pessoas de 35 a 64 anos (infecção)
Fonte: UOL Noticias.