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    Especialistas dizem que o governo demorou a reagir diante da crise hídrica

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    Especialistas avaliam que o governo demorou a admitir a gravidade da falta de chuvas e a tomar medidas efetivas contra a crise energética. A nova bandeira tarifária entrou em vigor nesta quarta-feira (1º).

    Desde outubro de 2020, o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas já chamava a atenção. Foi quando o governo começou a acionar mais usinas termelétricas para ajudar na produção de energia.

    Ao longo de 2021 não houve recuperação. As médias nos reservatórios se mantiveram baixas. E a previsão do Operador Nacional do Sistema é ainda mais preocupante: que, em novembro, os principais reservatórios vão chegar a 10% da capacidade. E mesmo diante desse quadro, só agora o governo adotou medidas mais duras para tentar diminuir o consumo de energia para consumidores residenciais e pequenos negócios.

    Uma delas, a nova bandeira da escassez hídrica, já está valendo. Ela entra no lugar da bandeira vermelha. A taxa extra subirá de R$ 9,49 para R$ 14,20 para cada 10 kWh consumidos. O aumento nas contas vai ser de quase 7%.

    O governo ainda determinou à Eletrobras que deposite, de forma antecipada, em 2022, R$ 5 bilhões na conta de desenvolvimento energético, que é usada, por exemplo, para dar desconto na conta de luz para consumidores de baixa renda. E para estimular a redução do consumo, anunciou uma espécie de bônus para quem conseguir diminuir as faturas de setembro a dezembro de 2021 na comparação com o mesmo período de 2020.

    A bandeira de escassez hídrica não é aplicada sobre os grandes consumidores, como indústrias, por exemplo. Para esse setor, o governo lançou um programa de redução voluntária de consumo.

    Na opinião de especialistas ouvidos pelo Jornal Nacional, as medidas apresentadas pelo governo chegam com atraso. Elas já deveriam ter sido adotadas há pelo menos três meses. Segundo eles, o resultado dessa demora é, agora, enfrentar um risco muito maior de falhas no fornecimento de energia por sobrecarga no sistema.

    “O governo demorou para agir. O governo errou também quando dizia que não se pensa na hipótese de racionamento. Tecnicamente falando, quando você tem um regime de chuvas que não corresponde à média, você tem que olhar para a frente. Esse é o papel de quem planeja, ou seja, você tem que começar a trabalhar com cenários onde os riscos existem e, principalmente quando você analisa riscos, você vê a consequência do que acontece se esses riscos se materializarem”, afirma David Zylbersztajn, professor da PUC Rio.

    No dia 25 de agosto, o ministro de Minas e Energia garantiu que não haveria racionamento: “Vou repetir com total tranquilidade que não trabalhamos com hipótese de racionamento”, afirmou o ministro Bento Albuquerque na ocasião.

    Mas na terça-feira (31), mostrou que a crise pode exigir novas medidas.

    “A fotografia de hoje é essa. Nós não temos como prever o futuro. Nós acreditamos que essas medidas sejam suficientes e nós monitoramos o sistema permanentemente. Nós temos que ter também a liquidez no sistema, o equilíbrio do sistema. Por isso que essas medidas são implementadas e elas serão implementadas sempre que se fizerem necessárias, no sentido de reduzir o custo da energia. Se reduzir o custo da energia, nós vamos reduzir a tarifa. E tudo indica que nós estamos no caminho certo”, declarou.

    Nesta quarta-feira (1º), o vice-presidente Hamilton Mourão não descartou racionamento.

    “O governo tomou as medidas necessárias, criou uma comissão para acompanhar e tomar as decisões a tempo e a hora no sentido de impedir que ocorra isso aí que você colocou, que haja apagão. Agora, pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento. Os decisores tinha todos os dados disponíveis e se não tomaram uma decisão mais drástica antes é porque, na análise de risco que fizeram, não era o caso. Eu vejo dessa forma”, disse.

    O professor da UFRJ Marcos Freitas diz que o risco de apagão é real.

    “Risco de apagão é real e ele é concreto. Não exatamente agora, mas pode ser lá para o mês de novembro, alguma assim. Eu acho que, por enquanto, o risco maior é econômico: de determinados investimentos que seriam feitos no Brasil, de retorno de setores que estavam combalidos por conta da Covid, e agora, com a evolução da vacinação, ficarem inibidos por falta de energia ou por questões econômicas”, afirma Marcos Freitas.

    Fonte: Jornal Nacional/G1.

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    Sara Celestino
    Sara Celestinohttps://gazeta24horasrio.com.br
    Repórter-fotográfica, atuando na produção de conteúdo com objetivo de compartilhar a melhor informação para manter você bem-informado! E-mail. [email protected]

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