Foto: Evelen Gouvêa
O estresse ao volante, problema que afeta grande parte dos brasileiros e causa milhares de mortes todos os anos, pode ser evitado e controlado. Que motorista antes já não se incomodou com uma buzina estridente atrás do seu veículo? E com uma fechada por outro carro ou moto? Ou ainda uma freada repentina de um condutor, quase provocando uma batida na traseira do veículo da frente? O filme hispano-argentino ‘Relatos Selvagens’ levou ao cinema a caricatura desse estresse, quando uma simples ultrapassagem de carro em uma estrada deserta acaba com um motorista literalmente matando o outro.
Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) apontam que, apenas em 2020, mais de 30 mil óbitos no Brasil foram causados por acidentes de trânsito. É situação grave que ganha a atenção da Secretaria municipal de Saúde de Maricá. Psiquiatra e psicóloga da Equipe Multiprofissional de Saúde Mental da Prefeitura, Beatriz Pimenta orienta como evitar decisões precipitadas ao volante, que colocam o motorista em situações de risco. De antemão, a profissional alerta que alterações de comportamento no trânsito são reflexos diretos da vida que o motorista leva.
“Apesar de ser um tema específico, não podemos esquecer que o local do trânsito é também do âmbito social. Isto quer dizer que a personalidade e as emoções influenciam na ação das pessoas. Características como a agressividade, impulsividade e o individualismo podem gerar risco. Este comportamento é reflexo de rotinas estressantes, ausência de descanso e lazer, alterações de humor e ansiedade “, explica a médica.
Os acidentes de trânsito, diz a psiquiatra, podem também resultar o mau uso da tecnologia e outros fatores. “O uso de aparelhos celulares, músicas altas, bebidas alcoólicas e outros fatores que reduzem a atenção e a vigilância são responsáveis pela maioria dos acidentes de trânsito, fazendo parte, em grande escala, das medidas educativas de prevenção dos acidentes”, afirma.
Prevenção é a melhor forma de proteção
Beatriz Pimenta diz que, antes de mais nada, é preciso estimular a conscientização do condutor. Ele deve reconhecer os momentos em que apresenta uma dificuldade no controle da impulsividade, assim como na identificação de ansiedade, depressão, transtornos do humor, desatenção e problemas do sono.
Conforme o grau de estresse, é necessário recorrer ao atendimento médico. “Cabe lembrar que, uma vez disparados os gatilhos de emoção e raiva, é difícil abortá-la no meio da direção com um carro em movimento. Para isso, é importante a avaliação com profissionais da saúde (médicos, psicólogos) e a melhor identificação e o manejo de cada caso”, diz a especialista.
Uma das orientações de Beatriz é a adoção de práticas e hábitos relaxantes, que podem ajudar a diminuir o pico de adrenalina em situações de estresse.
“Atividade física regular, psicoterapia, meditação, técnicas de respiração e direção em ambientes calmos com músicas agradáveis, sem alto volume e com poucas interferências externas, como o celular, são dicas práticas. A organização interior auxilia a minimizar os problemas e as causas estressantes”, destaca.