As cenas foram gravadas em uma clínica particular de Manaus (AM). Nelas, a terapeuta desfere tapas na cabeça e chega a pegar no braço do menino com força. “Ela não realizava nenhum tipo de intervenção terapêutica com ele. Meu filho ficava ‘preso’ em uma mesa o tempo inteiro”, lamenta a mãe
“Uma angústia gigantesca”, foi assim que a mãe e farmacêutica bioquímica de 38 anos, de Manaus, no Amazonas, descreveu o que sentiu quando viu as imagens da câmera de uma clínica particular que atendia seu filho. O menino de 8 anos é autista e fazia terapia no local duas vezes por semana, desde março deste ano. Nos vídeos (veja no fim da matéria) — obtidos pelo site Dia a Dia Notícia, de Manaus, e gravados em maio e junho deste ano —, a mulher de 44 anos aparece sentada na frente da criança. Por diversas vezes e em dias diferentes, ela desfere tapas e empurra a cabeça do paciente. Em um momento, ela chega a pegar no braço dele com força.
A mãe, então, conversou com a clínica e pediu para ver as imagens das sessões. “Depois de um tempo, avisaram que eu poderia ir à clínica para assistir. Senti uma angústia gigantesca desde o primeiro vídeo e segui chorando do início ao fim, pois vi claramente que ela não realizava nenhum tipo de intervenção terapêutica com ele — ora ficava no celular, ora conversava com algumas pessoas que estavam na sala. Meu filho ficava ‘preso’ em uma mesa o tempo inteiro. É nítida a opressão que ela o submetia. Depois, não aguentei e parei de assistir”, admite. Atualmente, o menino está fazendo avaliação pós-traumática. “Seguimos cuidando dele e levando às terapias. A agitação e os comportamentos disruptivos aumentaram, mas seguimos tratando, mesmo sem saber o dano causado pelas agressões”, completou.
Sobre o filho, ela disse: “Ele é um doce de menino. Tem 8 anos e está no segundo ano. Seus melhores amigos são seus primos e é muito cuidadoso com as irmãs menores. Tem autismo considerado leve, apesar das dificuldades sensoriais, de linguagem e do TDAH. É bastante funcional, está aprendendo a se expressar cada vez melhor e ama desenhar. Ele falou o que estava acontecendo de várias formas, mas só percebi com o tempo. Ele se expressava através do comportamento, dos desenhos e, por fim, conseguiu falar claramente. Ele tem dificuldade de explicar situações, de contextualizar, então, ele desenhava muito um boneco com um ‘X’ na boca. Esses dias, revendo seus desenhos, ele me mostrou que o ‘X’ estava fora da boca e falou, sem eu perguntar: ‘Olha mamãe, o ‘X’ caiu, ele tá salvo, consegue falar’. Apesar de tudo, ele está bem, sente-se protegido e está amadurecendo com tudo que ele passou”, finalizou.
Fonte: Revista crescer