O Procon-SC, entidade que atua na defesa do consumidor em Santa Catarina, emitiu uma recomendação técnica para que estabelecimentos não vendam ossos bovinos aos clientes. Segundo o diretor Tiago Silva, a mídia local veiculou informações de que açougues estariam fazendo a comercialização, ao invés de doarem os ossos, como sempre aconteceu. Em uma foto divulgada, o material é anunciado por R$ 4.
A comercialização vai na contramão da doação feita por um motorista de um veículo que recolhe ossos e pelancas de supermercados do Rio, e registrada, no fim de setembro, pelo EXTRA. Em uma reportagem sobre o garimpo feito por moradores do Rio de restos de ossos e carnes rejeitados pelo comércio, o repórter presenciou moradores do Rio à espera do veículo, que toda terça e quinta para na Glória, na Zona Suil da cidade, para permitir que os mais necessitados recolham o material. A capa do jornal com a reportagem em destaque ganhou a atenção de internautas, artistas e políticos brasileiros, além de repercussão internacional, sendo estampada no veículo britânico The Guardian.
É justamente diante do cenário em que o aumento do preço dos alimentos está limitando o consumo de alguns itens por parte do consumidor, que Tiago Silva, do Procon SP, classifica a cobrança pelos ossos de boi como desumana:
— No momento de crise que estamos vivendo, é até desumano que esses estabelecimentos estejam cobrando por ossos — afirma.
A carne, por exemplo, teve a maior alta de preço dos últimos 25 anos, aponta o Procon-SC. Na recomendação técnica, a entidade exige que os ossos de boi continuem a ser doados, para não infringir o Código de Defesa do Consumidor (CDC), ao tirar “vantagem manifestamente excessiva”.
Um levantamento da Rede Brasileira de Pesquisas em Segurança Alimentar e Nutricional mostrou que mais de 116,8 milhões de pessoas vivem hoje sem acesso pleno e permanente a alimentos. Dessas, 19,1 milhões (9% da população) passam fome, vivendo “quadro de insegurança alimentar grave”. Os números revelam um aumento de 54% no número de pessoas que sofrem com a escassez de alimentos se comparado a 2018.
Fonte: EXTRA.