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    Covid-19: menina de 12 anos perde a vida apenas seis dias após desenvolver tosse leve

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    Foto: Reprodução/Daily Mail

     

    Uma menina de 12 anos, infelizmente, entrou para a estatística como mais uma vítima fatal da covid-19. Fabiana Zoppelli, que tinha uma rara doença genética chamada síndrome de Floating-Harbor — caracterizada, por exemplo, pela baixa estatura, redução da mineralização óssea e atraso da fala —, começou apenas com uma “tosse leve” antes de ficar gravemente doente com o vírus.

    A mãe da estudante, Itohan Ehiggie, disse que ligou para os médicos dois dias depois, quando a menina passou a apresentar uma erupção cutânea e teve episódios de vômito. A garota, então, foi levada para o pronto-socorro do Royal Oldham Hospital. Após mais dois dias, o resultado do teste de covid-19 deu positivo e a menina foi transferida para o Hospital Infantil de Manchester. No entanto, segundo os médicos, foi ficando cada vez mais difícil controlar a temperatura e oxigenação dela. Diante desse quadro, decidiram levá-la ao Alder Hey Children’s Hospital, em Liverpool. Mas quando estava saindo do hospital, Fabiana teve uma parada cardíaca e não resistiu.

    Investigação

    Fabiana morreu no dia 7 de junho de 2020. No entanto, um inquérito sobre a morte da menina teve início no dia 11 de outubro deste ano, em Rochdale Coroner’s Court. Segundo o Daily Mail, soube-se que ela fez um teste de PCR e foi colocada em uma máquina de oxigênio assim que chegou ao hospital, no dia 3 de junho. Como sua condição piorou, ela foi colocada em um respirador. Mas como o equipamento não estava funcionando corretamente, foi tomada a decisão de transferir a paciente para o Hospital Infantil de Manchester. Lá, ela foi ventilada novamente em sua chegada à UTI pediátrica. Os médicos disseram que sua temperatura chegou a 40°C e que estava cada vez mais difícil controlar sua oxigenação.

    Uma enfermeira também notou como ela parecia “pálida e cansada”. Quando ela apresentou uma respiração em ritmo muito acelerado, os médicos concordaram que a estudante deveria ser encaminhada ao Alder Hey Children’s Hospital, para ser colocada em uma máquina de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO). O tratamento ajudaria no suporte cardíaco e respiratório. Mas, infelizmente, ela não conseguiu chegar até o novo hospital e foi à óbito. Um médico descreveu seu caso como “o pior que já vira em uma criança” durante toda a pandemia.

    No inquérito, a mãe da garota, Itohan Ehiggie, disse que Fabiana gostava de música, comida e de ajudar os outros. Ela contou ao tribunal que sua filha “sempre ofereceria uma mão amiga” aos necessitados, especialmente às crianças mais novas. A estudante se mudou com sua família da Itália para o Reino Unido em março de 2015. Quando sua escola fechou no início da pandemia, Fabiana ficou em casa. A mãe disse que ninguém mais em sua família havia adoecido com coronavírus ou apresentado qualquer sintoma anteriormente.

    Sobre o atendimento à menina, o tribunal apurou que houve uma demora no Royal Oldham Hospital para receber o resultado do teste PCR de Fabiana. O resultado positivo só foi enviado às 21h30 do dia 5 de junho, dois dias após a coleta do swab. E a mãe de Fabiana só ficou sabendo do resultado 12 horas depois.

    No entanto, o tribunal ouviu que a demora no recebimento do resultado não teria impactado o tratamento da menina. A mãe, então, cobrou o motivo de ela não ter sido transferida antes, mas os médicos alegaram que Fabiana estava em “condição extremamente instável” na época. Dando provas, o consultor pediátrico Prakash Kamath, do Pennine Acute Hospitals NHS Trust, disse: “Era uma doença muito nova e a crença, na época, era de que as crianças não sofriam de complicações [graves] com a covid-19. A doença era muito menos compreendida, tanto no cado de adultos e ainda mais em crianças. Nunca vimos crianças sofrendo de complicações da covid como Fabiana. Acreditávamos que ela iria melhorar. Nunca vi nenhuma criança ser transferida para cuidados intensivos nos últimos 18 meses. Este é um caso muito incomum”.

    Resumindo o inquérito, o legista assistente Nicholas Flanagan concluiu que Fabiana morreu de causas naturais. Isso ocorreu devido à Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIMP) e à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) causadas pelo coronavírus. Flanagan decidiu que a síndrome de Floating-Harbor, pré-existente, pode ter contribuído para a morte dela, mas não a levou a isso.

    Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica

    Muito se fala nessa síndrome, principalmente porque os pesquisadores começaram a perceber que ela se manifestava, em geral, em crianças que tinham contraído covid-19 e aparentemente já tinham melhorado. Lílian Cristina Moreira, pediatra e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que esse tipo de síndrome é parecida com o quadro clínico da Kawasaki, velha conhecida dos pediatras. “Ela é uma doença potencialmente grave, porque se caracteriza como uma vasculite, isto é, uma inflamação dos vasos”, esclarece a médica. Essa vasculite tem uma predileção pelas artérias coronarianas — que levam o sangue para o coração. Além disso, pode acabar causando graves aneurismas, dilatação anormal das artérias.

    Com efeitos semelhante à Kawasaki, a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica foi associada ao coronavírus. A pediatra diz que isso pode acontecer em crianças que tiveram um quadro leve da covid-19. Geralmente, a inflamação generalizada se apresenta após 15 ou 20 dias do início dos sintomas, mas também pode ocorrer em pacientes pediátricos assintomáticos. “A suposição é que a síndrome seja causada por uma resposta imunológica desproporcional à infecção. O coronavírus irrita e agride tanto o organismo que o sistema imunológico reage de forma exagerada”, diz a médica. Analogicamente, é como se um exército fosse com tanques e bombas para atacar um pequeno grupo de pessoas. Como o nome diz, a síndrome causa uma inflamação dos vasos do corpo inteiro. “Imagine, todos os vasos sanguíneos — que são os tubinhos que levam o sangue (com oxigênio, glicose e nutrição) a cada célula — inflamados. Nenhum órgão é poupado. Por isso, é uma inflamação multissistêmica”, afirma Lílian. Além disso, se os vasos estão inflamados, há dificuldades tanto de levar os nutrientes como de retirar as toxinas do corpo.

    Em um momento de pandemia, é importante estar alerta a qualquer sintoma que indique covid-19, mesmo que seja um nariz escorrendo ou uma tosse, porque é possível que a criança desenvolva, dias após a infecção, uma complicação como a síndrome inflamatória multissistêmica. Os principais sintomas dessa doença são febre alta persistente, manchas pelo corpo, conjuntivite sem pus, pés e mãos inchados, dor abdominal, vômito e diarreia. E vale destacar: a criança não precisa ter todos esses sintomas, pode apresentar apenas um ou dois. “Os pais devem estar atentos, apesar de ser uma síndrome rara”, ressalta a pediatra.

    O diagnóstico é feito pelos sinais clínicos e alguns exames específicos de sangue também podem mostrar que a criança está com um quadro inflamatório. Já o tratamento depende de cada caso — geralmente os médicos minimizam os sintomas e a resposta inflamatória. É possível que o paciente precise de suporte de oxigênio, já que os vasos estão inflamados e comprometem a troca gasosa. Há possibilidade de usar drogas vasoativas, que melhoram a resposta do coração e dos vasos.

    Por: Crescer/Globo

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    Alexandre R. Ducoff
    Alexandre R. Ducoff
    Formado em jornalismo no ano de 2020. Já trabalhei como fotógrafo e cinegrafista no Atitude Video Art, fotógrafo no Estúdio Novo Olhar, redator do informe-se, repórter do M1newstv Maricá Noticiais e criador de conteúdo da CEIC. Atualmente trabalho como redator, editor e cinegrafista no Gazeta 24 Horas News.

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