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    São Paulo: ‘Posso até repetir de ano, mas não quero colocar quem eu amo em risco’, diz estudante que não vai voltar às aulas presenciais

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    Thais Ayrala tem 17 anos e é estudante do 3º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Reverendo Jacques Orlando Caminha D’Avila, na Zona Sul de São Paulo. A jovem mora com a avó, que tem diabetes, e com a irmã, que tem problemas respiratórios.

    Pensando na saúde da família, ela não pretende retornar ao ensino presencial, mesmo após o anúncio do governo do estado de São Paulo de que as aulas presenciais voltam a ser obrigatórias para 100% dos alunos a partir da próxima segunda-feira (18).

    “Em momento algum quero colocar quem eu amo em risco. Podemos correr o risco de repetir de ano por conta disso. Ainda assim, prefiro não colocar minha família em risco”, afirmou ela.

    “Eu tomo todos os cuidados para me proteger e proteger minha família, mas não sei se os outros 46 alunos que estudam na minha sala têm o mesmo cuidado”, pontuou Thais.

    A exigência também vale para as escolas privadas, mas elas terão prazos definidos pelo Conselho de Educação para se adaptarem.

    “Começamos com a obrigatoriedade dos estudantes já na segunda-feira. O Conselho vai deliberar sobre o prazo para as escolas privadas. Vai ter um prazo em que a escola privada poderá se adaptar à regra. Para as redes municipais, deverá ser observada a regra de cada conselho”, disse o secretário estadual da Educação Rossieli Soares, durante coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (13).

    De acordo com o secretário, os estudantes só poderão deixar de frequentar as escolas mediante apresentação de justificativa médica, ou aqueles que fazem parte do grupo de exceções definidos:

    • Gestantes e puérperas;
    • Comorbidades com idade a partir de 12 anos que não tenham completado ciclo vacinal contra a Covid;
    • Menores de 12 anos que pertencem a grupos de risco para a Covid e ou condição de saúde de maior fragilidade.

    A Unesco apoia a decisão do governo e diz que é o momento de reabrir as escolas, especialmente considerando os prejuízos do ensino à distância na aprendizagem.

    “Nada substitui o ensino presencial e sabemos que muitos alunos e famílias tiveram problemas de conectividade e nos equipamentos para o ensino hibrido. As populações vulneráveis não têm condições de comprar pacotes de dados e o suporte não foi suficientemente bem estruturado no Brasil, apesar do esforço das secretarias de Educação. A Unesco vêm alertando para a catástrofe que o ensino à distância pode causar na aprendizagem, com perdas educacionais muito expressivas, inclusive no processo cognitivo”, disse Marlova Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil.

    Aulas em escolas de SP durante a pandemia  — Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo
    Aulas em escolas de SP durante a pandemia — Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

    Giovanna Moura também tem 17 anos e estuda na mesma escola que Thais. Ela compareceu às aulas presenciais quando havia limite de lotação nas salas.

    Eu já estava desconfortável com a presença de apenas 70% dos alunos. Agora, então, um verdadeiro caos”, afirmou.

    “Moro com meus pais, que têm quase 40 anos. Poucos pacientes com essa idade acabaram vindo a óbito. Procuro preservar não só minha saúde, mas também a de quem mora no mesmo local que eu”, disse.

    “Pretendo terminar meus estudos este ano, aprender as coisas que nossos professores nos passam. Se não comparecer à escola, pode ser que eu não consiga isso”.

    “Há alunos que não utilizam a máscara 100% até o final das aulas. Isso aí não vai dar muito bom, não. Como todos nós sabemos, essa doença ainda está matando muita gente”, lembrou.

    Giovanna viu a decisão do governo como irresponsável: “Só podem ficar em casa os alunos que apresentarem problemas de saúde. Presenciei gente saudável entrando em óbito por conta do vírus”.

    No entanto, a possibilidade de reprovar por faltas a faz reconsiderar a decisão de não acatar a obrigatoriedade.

    “Faltam só dois meses para eu concluir os estudos. Nesses dois meses, tudo pode mudar com esse tipo de decisão. O jeito será, sim, comparecer à escola”.

    Obrigatoriedade das aulas presenciais em SP

    Embora tenha determinado a obrigatoriedade para todas as escolas já na próxima semana, a medida só poderá ser cumprida em algumas unidades a partir do próximo mês, quando o distanciamento entre as carteiras não será mais exigido. Isso porque muitas instituições não têm estrutura física para atender a 100% dos estudantes mantendo o distanciamento entre eles.

    Na rede pública, são cerca de 3,5 milhões de alunos distribuídos em mais de 5,4 mil escolas em todo o estado.

    Segundo a secretaria, o distanciamento entre as carteiras será inicialmente mantido, mas deixará de ser exigido a partir do dia 3 de novembro.

    O uso de máscara por parte de estudantes e funcionários permanece obrigatório para todos, assim como a utilização de álcool em gel nas escolas e equipamentos de proteção individual por parte de professores e demais funcionários.

    No início de agosto, o governo estadual liberou o retorno às aulas presenciais com 100% ocupação respeitando os protocolos sanitários, o que em algumas unidades exigiu revezamento de grupos.

    Apesar da autorização, o envio do estudante para a sala de aula era facultativo aos pais. Na ocasião, as prefeituras também tinham autonomia para definir as datas e regras de abertura.

    Sindicato é contrário

    O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) considerou a medida desnecessária, descabida e perigosa.

    Na avalição da Apeopesp, as escolas não têm condições de cumprir os protocolos de segurança contra a Covid.

    O sindicato ainda alega que em diversas instituições não há funcionários de limpeza para garantir a higienização das unidades.

    Vacinação no estado de SP

    Segundo dados do Vacinômetro atualizados até as 18h42 da última quarta (13), foram aplicadas 67,1 milhões de doses no estado, o que representa:

    • 99,43% da população adulta com uma dose
    • 80,95% da população adulta com esquema vacinal completo
    • 82,84% da população total com uma dose
    • 62,08% da população total com esquema vacinal completo

    Histórico

    Em setembro do ano passado, o estado retomou as aulas presenciais durante a pandemia, mas manteve um percentual limitador de 35% dos alunos matriculados por dia.

    Durante a fase emergencial, em março deste ano, as instituições ficaram abertas apenas para acolhimento de crianças em situação de maior vulnerabilidade e oferta de merenda.

    Em abril, as escolas foram liberadas para voltar a receber alunos, desde que mantendo a capacidade máxima de 35%.

    VOLTA ÀS AULAS EM SP: Alunos sentam em carteiras separadas na Escola Estadual Thomaz Rodrigues Alckmin, no bairro do Itaim Paulista, na Zona Leste da cidade de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (7) — Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo
    VOLTA ÀS AULAS EM SP: Alunos sentam em carteiras separadas na Escola Estadual Thomaz Rodrigues Alckmin, no bairro do Itaim Paulista, na Zona Leste da cidade de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (7) — Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

    Fonte: g1.

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    Sara Celestino
    Sara Celestinohttps://gazeta24horasrio.com.br
    Repórter-fotográfica, atuando na produção de conteúdo com objetivo de compartilhar a melhor informação para manter você bem-informado! E-mail. [email protected]

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