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Pix Saque começa hoje: comércio vê nova ferramenta como chamariz para clientes, mas teme por segurança

BRASÍLIA — Duas novas funcionalidades do Pix entram em vigor hoje. Os chamados Pix Saque e Pix Troco permitirão a retirada de dinheiro vivo em lojas e outros estabelecimentos comerciais, como padarias e mercados, como num caixa eletrônico.

A novidade é vista por comerciantes como um chamariz para atrair clientes, que podem aproveitar a transação para fazer uma compra e, assim, impulsionar o faturamento do varejo. Mas há preocupações com a segurança, sendo o temor de furtos e roubos a principal delas.

O Pix Saque funcionará assim: o cliente fará um Pix para uma loja. A atendente, então, dará esse valor em dinheiro vivo ao consumidor, sem a necessidade que ele compre qualquer item. No Pix Troco, o cliente faz uma compra com Pix, transferindo ao estabelecimento um valor maior que o preço do produto. A diferença entre o valor da mercadoria e o transferido é devolvida em dinheiro, como um troco.

Mais capilaridade

Os novos recursos são apontados pelo Banco Central como uma forma de dar mais capilaridade às transações, especialmente em pequenas cidades. O presidente da Associação Brasileira de Panificação e Confeitaria (Abip), Paulo Menegueli, vê boas perspectivas nas novas funções, mas ressalta que sua adoção vai depender de região para região:

— O setor de panificação é pulverizado. A gente vê como uma oportunidade muito grande de ajuda para a comunidade. Só precisa ter bem definidas as regras. E precisamos também ter um ganho para prestar esses serviços.

A adoção das ferramentas será opcional pelas padarias ou lojas. As que aderirem receberão um valor que pode variar de R$ 0,25 até R$ 0,95 por operação. O valor servirá para cobrir os custos de implementação, porque será necessário adaptar os sistemas e treinar os atendentes.

A definição do valor vai depender da negociação com a instituição financeira que faz o serviço do Pix para o estabelecimento. Quem deve arcar com esses custos é o banco ou a instituição financeira da qual é feito o saque.

O BC estabeleceu que o serviço será gratuito para pessoas físicas e empresários individuais, o que inclui MEIs, que façam até oito saques por mês, incluindo os saques convencionais no caixa eletrônico.

Ou seja, cada pessoa terá direito a oito saques gratuitos por mês, via Pix ou de forma convencional. Após a oitava transação, o banco poderá cobrar uma taxa do cliente. No entanto, a taxa do saque via Pix não pode ser maior que a cobrada pelo banco em saques convencionais

Já as empresas podem ser cobradas desde a primeira transação no mês, a critério do banco. O BC estabeleceu um limite de R$ 500 para o período diurno e de R$ 100 das 20h às 6h. Os comércios poderão ofertar limites menores caso considerem adequado.

Resistência de pequenos

Ricardo Pinto, proprietário da Ledut Casa de Pães em Vitória, Espírito Santo, se interessa pela ideia:

— Isso certamente atrai clientes para o estabelecimento que tem essa necessidade de dinheiro vivo.

No entanto, Pinto ainda tem algumas preocupações, como a possível lentidão das filas, que podem se formar eventualmente por clientes que desejam sacar dinheiro no caixa. Para evitar esse problema, o BC deixou na mão dos próprios comerciantes decidir em que momento do dia oferecerão o serviço e quais cédulas poderão ser sacadas.

Roberto Longo, vice-presidente jurídico da Associação Paulista de Supermercados (Apas), aponta que os mercados pequenos e médios ainda têm uma resistência em adotar o Pix como meio de pagamento.

A adaptação dos sistemas do caixa e as taxas praticadas são os maiores entraves. Apesar disso, Longo vê um impacto positivo do Pix Saque e do Pix Troco por diminuir o custo de movimentação do dinheiro. Ele frisa, porém, que há uma preocupação com possíveis roubos e furtos:

— No momento em que você começa a divulgar que está manuseando dinheiro, pode-se levantar a suspeita de se ter muito dinheiro (na loja).

Campanha para bares

No BC, a visão é que, ao permitir que o caixa da loja seja reduzido ao fim do dia, o Pix Saque vai, na verdade, trazer mais segurança para os lojistas. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, compartilha desse entendimento. A associação deve fazer uma campanha para explicar o serviço.

Gina Remédio Carneiro, dona de dois restaurantes em Poços de Caldas, sul de Minas Gerais, está preocupada com a segurança, após os relatos de golpes utilizando o Pix nos últimos meses. Mas ressalta que a adoção vai depender também da demanda do cliente:

— A maioria do nosso recebimento, mais de 90%, é via cartão. A gente tem pouco dinheiro em caixa, mas não deixa de ser uma medida que pode ajudar o cliente quando ele precisar de um troco, por exemplo, para pagar estacionamento e valet.

Fonte: Jornal O Extra

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