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    Casos de agressão contra crianças no Rio aumentaram 29% durante a pandemia

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    Aos 5 anos, Moisés de Oliveira Rozário sonhava com o primeiro dia de aula, previsto para 2022. Manoela Minuto Aguiar tinha apenas 3 anos. Sophia Karoline da Conceição, nem isso: era um bebê de cinco meses. No espaço de alguns dias de novembro, as três crianças foram vítimas de mortes violentas, ocorridas em ambiente doméstico e no convívio familiar mais próximo. O caminho até o desfecho trágico é uma rotina de violência que, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), vem crescendo em território fluminense. Agressões contra crianças aumentaram 29% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2020.

    O levantamento do ISP, uma autarquia do governo estadual, solicitado pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação, reúne 3.635 ocorrências de lesão corporal dolosa em crianças de até 12 anos no estado, entre janeiro de 2019 e junho deste ano. Em média, uma crueldade foi registrada a cada seis horas. Alguns casos terminam em tragédia, como aconteceu com Moisés, Manoela e Sophia. No período analisado, 86 crianças sofreram tentativas de assassinato e foram anotados 59 homicídios dolosos, quando há intenção de matar — 22% deles contra bebês com menos de 1 ano.

    Subnotificação

    Segundo o delegado Adriano França, titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), a gravidade do problema pode ser maior:

    — A percepção de aumento é estatisticamente comprovada pelos números do ISP, que poderiam ser ainda mais elevados caso as aulas não tivessem sido suspensas com a pandemia. As escolas são a principal forma de aviso, seja por mudanças de comportamento ou marcas de agressão pelo corpo, ambas percebidas por professores durante as aulas. As unidades de saúde também acabam sendo nossos denunciantes.

    O isolamento social imposto pela chegada da Covid-19 deixou as crianças que sofrem maus-tratos limitadas ao ambiente domiciliar, o que, muitas vezes, as impede de pedir ajuda a vizinhos, colegas de escola ou outros parentes com quem tenham afinidade.

    Os dados também mostram que, de 2019 até junho deste ano, 17% dos casos de agressão foram cometidos pelos pais, padrastos ou madrastas das crianças.

    A pequena Sophia estava com o pai, Daniel Lucas Ferreira, no último fim de semana, quando teria caído no chão durante uma suposta troca de fralda. De volta à casa da mãe, passou mal e precisou ser levada ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Caxias, Baixada Fluminense, onde morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Investigações jogaram suspeitas sobre a versão apresentada pelo pai, incompatível com os ferimentos encontrados pelos médicos no corpo da recém-nascida. De acordo com o relatório do hospital, ela morreu com múltiplas fraturas, hemorragia e traumatismo craniano.

    Responsável pelas investigações do caso de Sophia, a delegada Fernanda Fernandes, da Delegacia de Atendimento à Mulher de Caxias, lembra que as agressões começaram contra a mãe da bebê, quando ela ainda estava grávida de Sophia. A morte ocorreu dias depois de a Justiça ter expedido uma medida protetiva impedindo Daniel de se aproximar das duas, já que ambas vinham sendo ameaçadas pelo suspeito. Ele foi preso anteontem.

    Também em Caxias, Moisés, de 5 anos, foi esfaqueado em um dos quartos da casa onde morava, no Bairro Capivari, na noite do último dia 14. Uma das linhas investigadas pela polícia é a de que o assassinato tenha sido praticado por um ex-companheiro da mãe do menino.

    Responsável pelas investigações do caso de Sophia, a delegada Fernanda Fernandes, da Delegacia de Atendimento à Mulher de Caxias, lembra que as agressões começaram contra a mãe da bebê, quando ela ainda estava grávida de Sophia. A morte ocorreu dias depois de a Justiça ter expedido uma medida protetiva impedindo Daniel de se aproximar das duas, já que ambas vinham sendo ameaçadas pelo suspeito. Ele foi preso anteontem.

    Também em Caxias, Moisés, de 5 anos, foi esfaqueado em um dos quartos da casa onde morava, no Bairro Capivari, na noite do último dia 14. Uma das linhas investigadas pela polícia é a de que o assassinato tenha sido praticado por um ex-companheiro da mãe do menino:

    A criança tende a isolar-se mais e a apresentar aumento acentuado da irritabilidade.

    Para o médico, o melhor tratamento é sempre prevenção e conscientização.

    — Temos que estar disponíveis afetivamente para os nossos filhos, para que um vínculo de confiança se estabeleça e consigamos evitar desfechos trágicos.

    — Elas podem não compreender o que está acontecendo. A criança, que confia naqueles mais próximos, não sabe sequer do que precisa se defender — acrescenta a psicanalista Sylvia Caram.

    No caso de Manoela Aguiar, de 3 anos, morta em Macaé, no Norte Fluminense, a 128ª DP (Rio das Ostras) prendeu a mãe da menina, suspeita de esfaquear a criança e jogá-la no rio. O corpo foi encontrado por banhistas na Praia do Barreto. O portal G1 informa que a causa da morte foi por afogamento, o que indica que Manoela, mesmo com ferimentos a faca, ainda estava viva quando foi deixada na água.

    Quem suspeita que uma criança está sendo vítima de maus-tratos deve denunciar o caso aos conselhos tutelares, às polícias Civil e Militar, ao Ministério Público ou pelo canal Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O anonimato é garantido.

    Fonte: Jornal O Extra

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    Paulo Celestino
    Paulo Celestinohttps://gazeta24horasrio.com.br
    Repórter-fotográfico, cinegrafista, jornalista e produtor audiovisual. Quando uma notícia é verdadeira, essa informação é divulgada por diversos meios de comunicação, pois se é de interesse público, é deve da imprensa divulgá-la. [email protected]

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