Com o cancelamento do visto, Djokovic pode ser deportado da Austrália; audiência de instrução do caso acontece nesta manhã(foto: OSCAR DEL POZO / AFP)
O ministro da Imigração, Cidadania, Serviços a Imigrantes e Relações Multiculturais da Austrália, Alex Hawke, usou o seu poder pessoal para cancelar o visto do tenista Novak Djokovic, que está em Melbourne para disputar o Australian Open.
Com a decisão, o Djoko corre risco de ser deportado do país da Oceania, colocando em jogo a intenção do atleta de 34 anos de conquistar o seu décimo título do Grand Slam australiano. Os advogados do tenista recorreram da decisão.
O sorteio do Australian Open foi realizado ontem, e o adversário de Djoko na primeira rodada é o também sérvio Miomir Kecmanovic. A chave principal do torneio começa no início da semana que vem.
“Hoje eu exerci o meu poder sob a seção 133C(3) da Lei de Migração para cancelar o visto detido pelo senhor Novak Djokovic por motivos de saúde e ordem, com base no interesse público de fazê-lo. Ao tomar esta decisão, considerei cuidadosamente as informações fornecidas a mim pelo Departamento de Assuntos Internos, pela Força de Fronteira Australiana e pelo senhor Djokovic”, alegou Hawke, por meio de comunicado oficial.
“O governo de [Scott] Morrison [primeiro-ministro do país] está firmemente comprometido em proteger as fronteiras da Austrália, particularmente em relação à pandemia de covid-19”, acrescentou.
“Tomo nota da decisão do ministro da Imigração em relação ao visto do senhor Novak Djokovic. Entendo que, após uma análise cuidadosa, o ministro tomou medidas para cancelar o visto por motivos de saúde e ordem, com base no interesse público. Essa pandemia tem sido incrivelmente difícil a todos os australianos, mas nos mantivemos juntos e salvamos vidas. Juntos alcançamos uma das taxas de mortalidade mais baixas, economia mais forte e taxa de vacinação mais altas do mundo. Os australianos fizeram muitos sacrifícios durante esta pandemia e esperam, com razão, que os resultados destes sacrifícios sejam protegidos”, comunicou Morrison, em nota.
Djoko entrou no país em 5 de janeiro sem se vacinar, alegando que testou positivo para covid-19 em 16 de dezembro — o estado de Victoria (onde está situada Melbourne, a sede do Grand Slam) determinou que só pessoas vacinadas poderiam entrar parar jogar o torneio.
Ao desembarcar no aeroporto, ele foi parado pela polícia alfandegária por não apresentar todos os documentos necessários para justificar a entrada no território australiano. Desta forma, o tenista passou a noite separado de sua equipe em uma sala do aeroporto de Melbourne e depois foi encaminhado para um hotel onde ficou confinado. Djoko teve o visto inicialmente cancelado por representar risco para a saúde pública, mas entrou na Justiça e ganhou o direito de entrar no país.
Agora com a decisão de Hawke, além de correr o risco de ser deportado, o sérvio pode ser impedido de entrar na Austrália por três anos devido ao cancelamento do visto.
Djoko recorre e aguarda
A equipe jurídica de Djokovic entrou com recurso imediato com o intuito de acelerar o processo para dar tempo do tenista disputar o Australian Open em caso de vitória na Justiça.
Uma audiência de instrução foi realizada hoje com o juiz do Tribunal Federal do Circuito Anthony Kelly, o mesmo que revogou o cancelamento do visto de Djoko no início da semana. Segundo a rede de televisão ABC, nenhum dos argumentos legais sobre o caso é discutido nesta audiência.
Na audiência de instrução, foi decidido que Djokovic não será deportado até que os processos judiciais terminem. O sérvio também não será detido hoje. Amanhã de manhã (horário da Austrália), o tenista será interrogado por funcionários da imigração.
Na sequência, ficará detido das 10h às 14h (horário local) em um local não revelado com a presença de seus advogados, acompanhado de dois oficiais da Força de Fronteira. Às 9h de domingo (horário local), se reunirá com os advogados novamente para a audiência em que o recurso do sérvio será julgado.
Como fica a chave?
Caso seja desfalque no Australian Open, Djokovic será substituído por um lucky loser (algo como “perdedor sortudo”, em inglês), um tenista derrotado no qualificatório do torneio, mas que ganhará vaga na chave principal por conta da ausência do líder do ranking mundial.
A organização do Australian Open ainda não se manifestou publicamente após o visto do sérvio ter sido cancelado.
Fonte: UOL Noticias.