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    Covid: estudo de Harvard diz que maioria das reações à vacina é psicológica

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    Em meta-análise de ensaios de vacinas anticovid-19 controlados por placebo, pesquisadores de Harvard compararam as taxas de eventos adversos relatados por participantes que receberam as vacinas com as taxas de eventos adversos relatados por aqueles que receberam uma injeção de placebo.

    O resultado foi que, embora os cientistas tenham encontrado mais participantes do estudo que receberam a vacina e relataram eventos adversos, quase um terço dos participantes que receberam placebo também relataram ao menos um evento adverso, sendo dor de cabeça e fadiga os mais comuns.

    Eis o estudo (em inglês), publicado na revista cientifica Jama Network Open.

    “Eventos adversos após o tratamento com placebo são comuns em ensaios controlados randomizados”, disse a principal autora Julia Haas, pesquisadora do Programa de Estudos Placebo no Beth Israel Deaconess, parceira de Harvard nesse estudo.

    “Coletar evidências sistemáticas sobre essas respostas nocebo em testes de vacinas é importante para a vacinação covid-19 em todo o mundo, especialmente porque a preocupação com os efeitos colaterais é relatada como uma razão para a hesitação à vacina”.

    O efeito placebo é o fenômeno bem conhecido da saúde física ou mental de uma pessoa que melhora depois de fazer um tratamento sem benefício terapêutico farmacológico —a pílula de açúcar ou uma seringa cheia de solução salina, por exemplo.

    Embora os fundamentos biológicos, psicológicos e genéticos exatos do efeito placebo não sejam bem compreendidos, algumas teorias apontam as expectativas como a causa primária e outras argumentam que fatores não conscientes embutidos na relação médico-paciente diminuem automaticamente o volume dos sintomas.

    Às vezes, os efeitos placebo também podem prejudicar —o efeito nocebo ocorre quando uma pessoa experimenta respostas desagradáveis após fazer um tratamento sem propriedades farmacológicas.

    16% relatam colaterais locais

    Dados de 12 ensaios clínicos de vacinas anticovid foram analisados para essa amostragem. Esses ensaios incluíram relatos de eventos adversos de 22.578 receptores de placebo e 22.802 receptores de vacina.

    Após a primeira injeção, mais de 35% dos receptores de placebo experimentaram eventos adversos sistêmicos – sintomas que afetam todo o corpo, como febre —com dor de cabeça e fadiga mais comuns em 19,3% e 16,7%, respectivamente.

    Mais de 16% dos receptores de placebo relataram pelo menos um evento no local da injeção, como do, vermelhidão ou inchaço.

    Em comparação, após a primeira injeção, 46% dos receptores da vacina experimentaram pelo menos um evento adverso sistêmico e 67% relataram pelo menos um evento local.

    Embora esse grupo tenha recebido um tratamento farmacologicamente ativo, pelo menos alguns de seus eventos adversos também foram atribuídos ao efeito placebo —ou, nesse caso, nocebo—, uma vez que muitos desses eventos também ocorreram no grupo placebo.

    A análise da equipe sugeriu que as respostas nocebo representaram 76% dos eventos adversos sistêmicos no grupo da vacina e quase 25% dos eventos locais relatados.

    Após a segunda dose, os eventos adversos entre o grupo placebo caíram para 32% relatando quaisquer eventos sistêmicos e 12% relatando quaisquer eventos adversos locais.

    Em contraste, os participantes que receberam a vacina relataram mais efeitos, com 61% relatando eventos adversos sistêmicos e 73% relatando eventos adversos locais.

    Os pesquisadores calcularam que as respostas Nocebo representaram quase 52% dos eventos adversos sistêmicos e 16% dos eventos locais relatados após a segunda dose.

    Embora a razão para esse declínio relativo nos efeitos Nocebo não possa ser confirmada, os pesquisadores acreditam que a maior taxa de eventos adversos no grupo da vacina na primeira vez pode ter levado os participantes a antecipar mais na segunda vez.

    ‘Medicina é baseada em confiança’

    Ted Kaptchuk, professor de medicina de Harvard e diretor do Programa de Estudos Placebo no Beth Israel Deaconess diz que evidências sugerem que esse tipo de informação pode fazer com que as pessoas atribuam erroneamente sensações cotidianas comuns como decorrentes da vacina.

    Kaptchuk acredita que é eticamente necessário informar totalmente os participantes sobre as possíveis reações adversas das vacinas.

    “A medicina é baseada na confiança”, disse Kaptchuk. “Nossas descobertas nos levam a sugerir que informar o público sobre o potencial de respostas Nocebo pode ajudar a reduzir as preocupações com a vacinação covid-19, o que pode diminuir a hesitação da vacinação”.

    Fonte: UOL.

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    Sara Celestino
    Sara Celestinohttps://gazeta24horasrio.com.br
    Repórter-fotográfica, atuando na produção de conteúdo com objetivo de compartilhar a melhor informação para manter você bem-informado! E-mail. [email protected]

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