O Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, alertou que a Rússia intensificou a ação militar na zona da fronteira com a Ucrânia. Os países vivem uma escalada de tensão, sob a ameaça de uma invasão russa.
No fim da tarde desta segunda-feira (14/2), o porta-voz Pentágono, John Kirby, frisou que o presidente russo, Vladimir Putin, tem “amplas capacidades à sua disposição”, se referindo ao poder bélico do país.
“[Putin] continua a enviar forças adicionais ao longo da fronteira com a Ucrânia, inclusivamente no fim de semana”, admitiu. Os Estados Unidos calculam que haja bem mais de 100 mil soldados russos na região.
Kirby frisou que não se trata apenas de “uma questão de números”. “São as capacidades de armamento que vão desde veículos blindados a unidades de infantaria, passando por forças especiais, os ciberataques ou mesmo defesa aérea e antimísseis”, salientou o porta-voz.
Kirby reafirmou que Putin mantém intactas todas as capacidades para lançar “a qualquer momento” uma “grande ofensiva militar convencional na Ucrânia”, ou mesmo um ataque menor, para desestabilizar o país.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou nesta segunda-feira o fim de parte das manobras militares conjuntas com a Bielorrússia, junto das fronteiras da Ucrânia, que têm servido para uma possível invasão.
Na mesma tendência, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, considerou possível uma solução diplomática para a crise na Ucrânia, propondo mesmo “prolongar e ampliar” o diálogo, dando um sinal de maior abertura.
A crise entre a Rússia e a Ucrânia tem atingido níveis de tensão que deixam o planeta atento ao vem acontecendo no Leste Europeu. O imbróglio começou devido ao desejo ucraniano de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar liderada pelos Estados Unidos, o que gerou insatisfação no governo russo.
Apesar das ameaças de invasão e da intensificação das atividades militares na fronteira, a Ucrânia reafirmou nesta segunda-feira a intenção de fazer parte do grupo que reúne 30 países.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, minimizou o descontentamento russo e garantiu que o país continuará as negociações para o ingresso na organização.
“Hoje, muitos jornalistas e muitos líderes estão sugerindo um pouco à Ucrânia de que é possível não correr riscos, não levantar constantemente a questão da futura adesão à aliança, porque esses riscos estão associados à reação da Federação Russa”, afirmou Zelenskiy, após conversa com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.
O líder ucraniano ressaltou. “Acredito que devemos seguir no caminho que escolhemos”, finalizou.
Entenda
Este é o momento mais tenso da disputa entre os dois países. A tensão teve início com a exigência do governo russo de que o Ocidente não aceite a adesão da Ucrânia à Otan.
Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existiam desde antes da criação da União Soviética (1922-1991).
Nesta segunda-feira (14/2), o chanceler alemão, Olaf Scholz (foto em destaque), visitou Kiev, capital da Ucrânia, e fez novos alertas contra a Rússia. Ele foi recebido pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy. Os líderes conversaram por duas horas.
“Continuaremos a ajudar a Ucrânia a continuar essa operação política [de evitar a invasão] neste momento. Trabalhamos de forma confidencial e também com a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”, afirmou.
Ameaças
Na terça-feira (15/2), Scholz vai se reunir com o presidente russo, Vladmir Putin. O entendimento da Alemanha é que a atividade militar na fronteira significa uma ameaça. A Rússia cercou a Ucrânia em três pontos.
Na sexta-feira (11/2), a rede pública americana PBS News informou que Putin havia decidido pela invasão e já teria comunicado seu veredito às Forças Armadas.
Na tentativa de evitar a invasão da Ucrânia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ameaçou o presidente russo, Vladmir Putin, com “sanções severas”.