Eduarda Santos de Almeida, de 27 anos, morta pelo pai dos próprios filhos, Fernando Alves Ferreira, em Bariloche, na Argentina, pediu que ele a deixasse e fosse embora da casa onde viviam antes de ser levada de carro para o local onde foi assassinada a tiros. A frase exata teria sido “Anda! Me deixa, por favor!’, segundo revelou uma testemunha em depoimento à polícia.
Conforme o jornal El Cordillerano, são poucos os depoimentos obtidos pelos investigadores até o momento. Eduarda não tinha muitos vínculos sociais na cidade onde havia chegado recentemente. A testemunha disse ter ouvido a vítima gritar do lado de fora da casa onde vivia com o agressor na noite do crime.
Ferreira foi preso e confessou o homicídio durante audiência realizada nesta sexta-feira. Ele também é brasileiro, natural de São Paulo. O juiz de garantias Sergio Pichetto aprovou a abertura do inquérito sobre o caso e concedeu um prazo de quatro meses para o processo. Durante esse período, o acusado deve permancecer em prisão preventiva.
Na residência onde o casal estava, segundo informações de vizinhos, haviai um bebê de um mês e um casal de gêmeos, estes últimos registrados como filhos de Ferreira com outro homem chamado Marcelo, já falecido. Eles foram casados legalmente na Argentina. Eduarda, no esquema de barriga de aluguel, teve os gêmeos para o casal, informaram fontes locais. Posteriormente, a brasileira retornou ao Brasil por algum tempo. Sua volta para a Argentina ocorreu, ampliaram as fontes, na reta final da gravidez do bebê que teve um mês antes de morrer.
As autoridades ainda aguardam resultados de perícias realizadas na casa e no carro no qual que Ferreira conduziu a vítima até o local onde o corpo foi encontrado. Caso as amostras sejam compatíveis com sangue, será possível determinar que as agressões contra Eduarda começaram na residência, continuaram no veículo e terminaram próximo do mirante do Lago Escondido. Investigadores também solicitaram um exame para determinar a presença de pólvora no interior do veículo, presumindo que o acusado pode ter atirado na vítima sentada no banco de passageiros. Imagens de câmeras de segurança também são analisadas.
Depoimento do acusado
O GLOBO teve acesso ao depoimento de Ferreira, no qual ele afirmou que não se importava em ser condenado a uma pena perpétua pelo crime. Num espanhol correto, com forte sotaque brasileiro, disse estar tranquilo porque “minha cunhada já está na cidade e responsável pelos meus filhos”. Na declaração judicial, admitiu que esteve passando por situações econômicas e psicológicas complicadas, mencionando especialmente a recente morte de seu marido, Marcelo. No início do depoimento, o brasileiro pede apoio psicológico à Justiça argentina.
A audiência foi interrompida três vezes, a pedido dos advogados da defesa, que tentaram convencer Ferreira a não declarar. A decisão do brasileiro de falar levou os advogados designados pelo Estado argentino para o caso a solicitarem afastamento.
Para os promotores da acusação, o brasileiro tinha um plano friamente calculado e, antes do assassinato, buscou criar situações que poderia, posteriormente, usar para acobertar o crime. Ferreira nega.
O acusado, informaram jornalistas locais, trabalhava no famoso hotel Llao Llao, um dos mais badalados de Bariloche, onde Eduarda também teria sido empregada no passado. O processo judicial pode ser longo e terminar num júri popular. Tudo dependerá das investigações e de futuras declarações do réu.
Campanha para translado do corpo
A família de Eduarda iniciou uma campanha para conseguir trazer o corpo para o Brasil. A iniciativa é impulsionada pela Associação dos Servidores do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Assemperj), já que o irmão da vítima é servidor da promotoria na cidade de Volta Redonda. As informações estão disponíveis no Facebook da organização. O EXTRA entrou em contato com o parente, que decidiu não conceder entrevista.
Fonte: Extra Online