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    Pesquisador da Fiocruz diz que ‘estamos caminhando para o fim da pandemia’

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    O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e presidente da SBMT (Sociedade Brasileira de Medicina Tropical), disse, em entrevista ao jornal O Globo, crer que “estamos caminhando para o fim da pandemia” e que a doença vai entrar numa fase endêmica, “com períodos sazonais epidêmicos, como já acontece com a gripe e a dengue, por exemplo”.

    Uma doença endêmica é aquela que se manifesta com frequência em determinadas regiões, geralmente provocada por circunstâncias ou causas locais. Ou seja, a população convive constantemente com a doença.

    Ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que pretende “acabar com o caráter pandêmico” da covid-19. “O Brasil já estuda esse tipo de iniciativa”, afirmou ele, durante evento de lançamento da vacina da AstraZeneca de produção totalmente nacional pela Fiocruz.

    Segundo o ministro, o governo avalia o cenário epidemiológico e o impacto da mudança de status da doença no Brasil, por exemplo, sobre vacinas e medicamentos que têm apenas autorização de uso emergencial.

    “Passar da pandemia para a endemia não significa que a gente não vai ter o impacto da covid-19 em termos de hospitalização e óbito. Significa que esse impacto vai ser menor a ponto de não ser necessário medidas restritivas tão radicais e eventualmente até a liberação do uso de máscaras, que é uma medida protetiva individual”, explicou Croda.

    Ele atribuiu essa mudança de patamar ao avanço da imunidade coletiva da população mundial, ressaltando que isso ocorreu muito mais em razão da vacinação do que da infecção. “Ela [vacinação] foi a grande mudança de paradigma, que reduziu a letalidade da covid-19 de um número 20 vezes maior que o da influenza para duas vezes maior, nesse momento.”

    Questionado sobre o que define o fim da pandemia e o início da endemia no caso da covid-19, Croda destacou que o grande marcador é a letalidade, ou seja, quanto a doença mata.

    Esse vírus só vai matar menos se tiver alta cobertura vacinal. As pessoas que morrem, atualmente, fazem parte de três grupos: idosos muito extremos mesmo vacinados, pessoas com muita comorbidade e pessoas não vacinadas. À medida que avançamos na vacinação, a tendência é reduzir essa letalidade. Foi assim com a influenza H1N1, quando surgiu a pandemia em 2009. Partimos de uma letalidade de 6% e isso foi reduzido para 0,1%. Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz

    O pesquisador vê este cenário positivo acontecendo ainda este ano, embora com diferenças em cada região e em cada país, porque depende de fatores como cobertura vacinal e dinâmica da transmissão.

    Ele destacou que, após a onda provocada pela variante ômicron, todos os países europeus já promoveram flexibilizações e muitos deixaram de exigir o uso da máscara.

    “Se não existem medidas restritivas, se a recomendação eventualmente seja a vacinação e doses de reforços anuais, não faz sentido eles continuarem mobilizados em uma resposta pandêmica, de emergência em saúde pública. A Europa já está caminhando nesse sentido porque tem mais de 50% da população com três doses e mais de 70%,80% com duas doses. No esquema da ômicron, três doses é o esquema básico de vacinação.”

    No Brasil, ele acredita que ainda no primeiro semestre haja uma situação mais favorável, “que seja possível de alguma forma, declarar que não estamos mais em emergência de saúde pública, por exemplo. O número de hospitalizações e óbitos é que vai determinar o impacto sobre o serviço de saúde”.

    Croda falou sobre a importância da quarta dose principalmente para idosos e pessoas com comorbidades.

    “As vacinas foram perdendo a sua efetividade e proteção principalmente pelo surgimento de novas variantes. Elas continuam protegendo contra hospitalização e óbito, mas no idoso, essa perda é mais pronunciada. No Brasil ela se torna ainda mais importante porque a maioria desses idosos recebeu esquemas primários com a CoronaVac. Em São Paulo, alguns fizeram esquemas homólogos de CoronaVac há mais de quatro meses. Já sabemos que a CoronaVac na população idosa produz uma resposta imunológica menor e uma proteção menor”, explicou.

    O infectologista diz que o Brasil ainda vive o pico da ômicron e, por isso, ainda não é possível adotar as medidas de flexibilização como fez a Europa. “A nossa cobertura vacinal é diferente, a dinâmica da pandemia aqui é diferente, ela chegou mais tardiamente. Temos que observar nossos indicadores. O mês de fevereiro ainda vai ter muita transmissão, muita hospitalização, muito óbito. Em algum momento teremos que fazer essa discussão, mas provavelmente isso será a partir do meio de março”, destacou.

    “A curva de novos casos já começou a cair e a de mortes deve começar a diminuir em breve”, acrescentou ele. Dados de ontem consórcio de imprensa mostraram que, após 34 dias, a média móvel de casos conhecidos de covid-19 ficou abaixo de 100 mil. Já a média móvel de mortes está acima de 800 pelo 15º dia consecutivo, marcando 816.

    Questionado se o Carnaval pode impactar essa tendência de queda de alguma forma, o pesquisador disse que “o que pode acontecer, a depender da cidade e do estado, é a redução da velocidade de queda do número de casos, mas não uma retomada”.

    “Mesmo com um evento de massa, que eventualmente esteja associado a aglomeração e transmissão, não haverá suscetíveis suficientes para uma nova onda. A não ser que surjam novas variantes, que sejam mais transmissíveis que a ômicron e tenham um escape da resposta imune do que a ômicron”, explicou.

    Fonte: UOL Notícias.

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    Sara Celestino
    Sara Celestinohttps://gazeta24horasrio.com.br
    Repórter-fotográfica, atuando na produção de conteúdo com objetivo de compartilhar a melhor informação para manter você bem-informado! E-mail. [email protected]

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