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    Rússia anuncia ‘cessar-fogo parcial’ para permitir corredores humanitários; governo local diz que ataques continuam e adia retirada de moradores

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    A Rússia declarou um “cessar-fogo parcial” de 5 horas, e disse que seu Exército pararia ataques “localizados” neste sábado. Duas regiões seriam beneficiadas inicialmente: Mariupol e Volnovakha,a ambas no leste ucraniano.

    No entanto, logo em seguida chegou a informação de que a retirada dos habitantes de Mariupol, porto estratégico ucraniano cercado pelas forças russas, foi adiada devido a múltiplas violações russas do cessar-fogo, segundo acusou a prefeitura da cidade neste sábado.

    A retirada de civis, que deveria começar antes do meio-dia (horário local), “foi adiada por razões de segurança” porque as forças russas “continuam bombardeando Mariupol e seus arredores”, afirmou a prefeitura no aplicativo Telegram.

    Segundo a RIA, agência russa de notícias, civis poderiam deixar Mariupol e suprimentos e medicamentos poderiam chegar à cidade durante esse período de cinco horas.

    A Rússia deixou claro que a redução na ofensiva não vale para todo o território ucraniano.

    O prefeito de Mariupol disse que um cessar-fogo permitiria que o trabalho seja feito para restaurar a infraestrutura destruída pelos bombardeios.

    O conselho de Mariupol disse que os civis poderiam seguir em direção à cidade de Zaporizhzhia e usar rotas de ônibus especialmente organizadas, bem como seus próprios carros.

    Pouco depois, o conselho da cidade de Mariupol disse que a Rússia não está respeitando a trégua ao longo de todo o corredor humanitário.

    Segundo a agência Reuters, o governo ucraniano diz que o plano é tirar cerca de 200 mil pessoas de Mariupol e 15 mil de Volnovakha. A Cruz Vermelha está monitorando esse cessar-fogo.

    Depois que o Ministério da Defesa russo declarou o cessar-fogo, a prefeitura da cidade portuária anunciou que a evacuação começaria às 6h (hora de Brasília).

    O controle de Mariupol tem caráter estratégico para a Rússia, porque permitiria garantir uma continuidade territorial entre suas forças procedentes da península da Crimeia e as unidades dos territórios separatistas pró-Moscou da região ucraniana de Donbass.

    Correspondentes da agência AFP que visitaram a cidade neste sábado viram cenas de destruição, apesar da insistência do presidente russo Vladimir Putin de que suas forças não atacam áreas residenciais.

    Um funcionário da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) que está refugiado em Mariupol com sua família afirmou que eles coletaram “neve e água da chuva” para utilizar diante da impossibilidade de conseguir água devido às longas filas nos locais de distribuição.

    “Queríamos conseguir também o pão ‘social’ (distribuído pelas autoridades locais), mas o horário e os pontos de distribuição não estavam claros. Segundo a população, muitos armazéns foram destruídos pelos mísseis e o que sobrou foi levado pelas pessoas mais necessitadas”, disse.

    Kiev

     

    As tropas russas se aproximam ao mesmo tempo da capital Kiev, onde encontram uma intensa resistência, e bombardeiam bairros dos subúrbios ao oeste da capital ucraniana. A cidade de Chernihiv, ao norte, também é alvo de bombardeios constantes, que deixaram muitas vítimas civis nos últimos dias.

    O ministro ucraniano da Defesa, Oleksiy Reznikov, afirmou neste sábado que a Rússia mudou de tática ao observar a dura resistência que parou seu plano de conquistar rapidamente as grandes cidades e derrubar o governo do presidente Volodymyr Zelensky.

    “Aviação de todo tipo bombardeia cidades e infraestruturas civis”, acrescentou, antes de acusar o exército russo de “covardia” e de ter capacidade apenas de atacar “crianças, mulheres, civis desarmados”.

    Desde que o presidente Vladimir Putin ordenou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, a Rússia bombardeou várias cidades da Ucrânia e matou centenas de civis. Também atacou a maior central nuclear da Europa, provocando um incêndio que gerou o temor de uma nova catástrofe nuclear como a de Chernobyl em 1986.

    As tropas russas conquistaram o controle de duas cidades importantes em 10 dias de invasão: Berdiansk e Kherson, na costa do Mar Negro, sul da Ucrânia.

    Ataque a usina nuclear

     

    O presidente Zelensky afirmou que o ataque contra a central nuclear de Zaporizhzhia “poderia acabar com a História. A história da Ucrânia. A história da Europa”.

    “Os comandantes dos tanques russos sabiam contra o que estavam disparando”, disse Zelensky, que deve discursar neste sábado para o Senado dos Estados Unidos por internet, a pedido de Kiev, informou uma fonte do Legislativo de Washington.

    A embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que o ataque foi “incrivelmente perigoso”. Mas o embaixador russo nas Nações Unidas, Vassily Nebenzya, classificou a acusação de que seu país bombardeou a central como parte de “uma campanha de mentiras sem precedentes”.

    A Otan descartou a aplicação de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia pelo temor de provocar outro conflito com a Rússia.

    Zelensky criticou duramente a decisão e afirmou que, assim, a Aliança Atlântica “deu luz verde a mais bombardeios das cidades ucranianas”.

    Os temores de uma escalada militar com uma potência nuclear levaram Washington e Moscou a estabelecer uma linha direta entre suas Forças Armadas para reduzir o risco de um “mal-entendido”.

    Bloqueio do Facebook

     

    Putin, no entanto, não parece afetado pelo isolamento econômico, esportivo e cultural da Rússia.

    Segundo o Kremlin, Putin disse ao colega belarusso Aleksander Lukashenko que “as tarefas fixadas para as operações (na Ucrânia) prosseguem de acordo com os planos e serão cumpridas em sua totalidade”.

    As autoridades russas adotaram uma censura de informações e dois meios de comunicação liberais interromperam as operações.

    Vários sites de notícias, incluindo a BBC, estão parcialmente inacessíveis na Rússia, ao mesmo tempo que o Twitter enfrenta restrições e o Facebook foi bloqueado.

    A CNN afirmou que suspenderia as transmissões na Rússia, enquanto o jornal independente russo Novaya Gazeta anunciou que removeria o conteúdo sobre a Ucrânia após a aprovação da nova lei.

    Investigação

     

    Os procuradores do Tribunal Penal Internacional (TPI) investigam possíveis crimes de guerra cometidos no bombardeio da cidade ucraniana de Kharkiv.

    O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, exigiu a formação de um tribunal especial para os “vários casos de, lamentavelmente, estupros de mulheres em cidades ucranianas por soldados russos”.

    O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma investigação de alto nível das violações cometidas na invasão.

    “A mensagem a Putin é clara: está isolado a nível mundial, o mundo inteiro está contra você”, afirmou a embaixadora ucraniana no Conselho, Yevhenia Filipenko.

    A ONU afirma que mais de 1,2 milhão de refugiados saíram da Ucrânia desde 24 de fevereiro.

    A organização também alertou para uma crise alimentar na Ucrânia e aumento da insegurança no mundo, pois Rússia e a Ucrânia são responsáveis por 29% do trigo consumido globalmente.

    Fonte: G1

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    Alexandre R. Ducoff
    Alexandre R. Ducoff
    Formado em jornalismo no ano de 2020. Já trabalhei como fotógrafo e cinegrafista no Atitude Video Art, fotógrafo no Estúdio Novo Olhar, redator do informe-se, repórter do M1newstv Maricá Noticiais e criador de conteúdo da CEIC. Atualmente trabalho como redator, editor e cinegrafista no Gazeta 24 Horas News.

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