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OMS: covid-19 prolongada atinge 10% a 20% dos infectados

Logo da OMS do lado de fora de sede da entidade em Genebra © REUTERS/Denis Balibouse/Direitos Reservados

Logo da OMS do lado de fora de sede da entidade em Genebra © REUTERS/Denis Balibouse/Direitos Reservados

Entre 10% e 20% das pessoas com covid-19 sofrem de sintomas após se recuperarem da fase aguda da doença. A condição, “imprevisível e debilitante”, afeta também a saúde mental, alertou nesta quinta-feira (10) a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Embora os dados sejam escassos, estimativas recentes mostram que de 10% a 20% das pessoas com covid-19 experimentam doença contínua durante semanas ou meses após a fase aguda da infecção”, diz o Relatório Europeu da Saúde 2021 da OMS divulgado hoje.

Segundo o documento, a situação conhecida por “long covid” ocorre geralmente três meses a partir do início da covid-19, com sintomas que duram pelo menos dois meses, entre eles fadiga, falta de ar e disfunção cognitiva, os mais comuns.

“A condição pós-covid-19 é imprevisível e debilitante e pode, posteriormente, levar a problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e sintomatologia pós-traumática”, alerta o capítulo do relatório dedicado à pandemia.

De acordo com o documento da OMS Europa, o que influencia o desenvolvimento e a gravidade da “long covid” é, até agora, desconhecido. Não parece, no entanto, estar relacionado à gravidade da infecção inicial por SARS-CoV-2 ou à duração dos sintomas associados, sendo mais comum em pessoas que foram hospitalizadas.

“Espera-se que o número absoluto de casos aumente à medida que ocorram novas ondas de infecção na região europeia. São necessárias investigação e vigilância” sobre essa condição específica provocada pela covid-19, diz o documento.

O relatório sobre a Saúde na Europa, publicado a cada três anos, afirma ainda que as medidas de contenção da pandemia, como os confinamentos, “influenciaram negativamente os comportamentos de saúde” da população europeia.

As restrições tiveram impacto nos padrões de consumo de álcool, tabaco e de drogas em “partes significativas da população”, além de “aumento do comportamento sedentário e alterações negativas” na alimentação.

De acordo com a OMS, o fechamento de escolas e universidades em diversos países, durante as fases mais críticas da pandemia, teve “impacto no bem-estar mental” das crianças e adolescentes.

“Análise recente mostra número significativo de crianças que sofrem de ansiedade, depressão, irritabilidade, desatenção, medo, tédio e distúrbios do sono”. Segundo a organização, o fechamento de escolas durante picos da pandemia em 2020 e 2021 provocou perdas na aprendizagem e perturbação no desenvolvimento cognitivo de crianças e adolescentes.

“Os dados emergentes mostram perdas de aprendizagem correspondentes a um terço ou um quinto de um ano letivo e foram registradas mesmo em países com aplicação relativamente curta das medidas de saúde pública e sociais e o acesso generalizado à internet. Isso mostra que as crianças fizeram pouco ou nenhum progresso enquanto aprenderam em casa”, destaca a instituição.

O relatório revela ainda que, devido à natureza do seu trabalho, os profissionais de saúde estão em maior risco de infecção por SARS-CoV-2. A prevalência da doença é ligeiramente maior entre os profissionais de saúde do que na população em geral.

“As estimativas atuais mostram que cerca de 10% dos profissionais de saúde foram infectados. Cerca de 50% deles eram enfermeiros e 25%, médicos”, relata o documento. Cerca de 40% dos serviços essenciais de saúde foram interrompidos na Europa no primeiro ano da pandemia, padrão que se manteve em 2021, e a covid-19 tem “impacto desproporcional” na saúde mental dos europeus.

O relatório considera que ainda existe “janela crítica de oportunidade” para os governos e as autoridades de saúde nacionais tomarem as medidas necessárias para minimizar o impacto da crise em vários níveis.

Segundo o documento da OMS Europa, durante os primeiros meses da pandemia, 40% dos serviços essenciais de saúde foram pelo menos parcialmente interrompidos, problema que se manteve em 2021, com a suspensão atingindo cerca de 29% desses serviços.

“O impacto da pandemia na saúde da população vai além do impacto da própria doença. Afetou igualmente o acesso universal a cuidados de qualidade, à promoção e proteção da saúde física, mental e social e do bem-estar da população em geral”.

De acordo com a OMS, em comparação a 2020, a magnitude e a extensão das perturbações nos serviços de saúde nacionais parecem ter diminuído ao longo de 2021, ano em que o “cancelamento dos cuidados de saúde continuou a ser um problema grave e esteve associado a questões de disponibilidade de pessoal e e leitos hospitalares”.

O relatório cita o exemplo dos rastreios e tratamentos do câncer de mama, do colo do útero e colorretal que, na maioria dos mais de 50 países que integram a região europeia da OMS, foram parcialmente interrompidos ou atrasados.

“O número de diagnósticos de câncer diminuiu significativamente”, diz a OMS, ao alertar que os diagnósticos e tratamentos tardios da doença têm impacto nas taxas de sobrevivência do paciente.

A OMS reconhece que os dados variam sobre o aumento do número de mortes evitáveis por câncer, mas cita o exemplo do Reino Unido, onde estudo estimou que os óbitos adicionais em cinco anos, devido ao câncer de mama, colorretal, do pulmão e do esôfago situam-se entre 3,3 mil e 3,6 mil.

“As políticas de cancelamento (parcial) de cirurgias eletivas não urgentes e a redução do tempo de hospitalização dos doentes foram implementadas por muitos países, incluindo a Bélgica, a República Tcheca, a Dinamarca, a Alemanha, a Irlanda, os Países Baixos, Portugal, a Suíça, a Turquia e o Reino Unido”, afirma o documento.

O relatório adianta que a pandemia teve “impacto desproporcional” na saúde mental dos europeus, afetando principalmente as mulheres nas faixas etárias entre 18 e 24 anos e de 35 aos 44.

A OMS alerta ainda que a pandemia “não afeta a todos igualmente”, uma vez que os seus efeitos diretos e indiretos “têm sido muito mais prejudiciais para a saúde e o bem-estar” das crianças, adolescentes, mulheres, idosos, refugiados e migrantes, grupos marginalizados, pessoas com doenças ou incapacidades de longa duração, que trabalham em empregos precários, desempregados e que vivem na pobreza.

Fonte: Agência Brasil.

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