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    Em 2040, doença renal crônica pode ser 5ª maior causa de morte do mundo

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    Uma em cada 10 pessoas no mundo corre o risco de ter problemas renais. É o que aponta um levantamento da SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia). É devido à importância do tema que hoje é comemorado o Dia Mundial do Rim, criado em 2006 pela International Society of Nephrology.

    Ainda segundo a SBN, o Brasil possui aproximadamente 140 mil pacientes que sofrem com os casos mais graves da doença renal crônica e precisam realizar diálise. A estimativa é que em 2040 a doença figure entre as cinco maiores causas de morte no mundo.

    Por se tratar de uma doença “silenciosa”, ou seja, que não costuma se manifestar nos estágios iniciais, os indivíduos que possuem hipertensão, diabetes, pressão alta e obesidade, que são considerados fatores de risco, precisam ficar atentos e realizar exames periódicos, como de urina e creatinina sérica, por exemplo.

    “Os sintomas costumam se manifestar quando o órgão atinge cerca de 85% a 90% de comprometimento”, explica a médica Tereza Bellincanta Fakhouri, nefrologista da BP.

    Entram na lista de doenças renais mais comuns a glomerulopatia, nefrite, doença renal policística e o cálculo renal, mais conhecido como pedra nos rins. “A partir dos 40 anos, o órgão começa a perder sua capacidade renal, portanto, esse acompanhamento se faz necessário para fins de monitoramento e, se for o caso, dar início ao tratamento precoce”, afirma a especialista.

    Doença renal

    A doença renal crônica tem um prognóstico ruim e tratamento de alto custo. De acordo com o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica e coordenador dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, as principais complicações são anemia, acidose metabólica, desnutrição e alteração do metabolismo de cálcio e fósforo.

    “O ideal é que estes quadros clínicos sejam investigados e diagnosticados precocemente e, com isso, sejam adotadas medidas que protejam a saúde renal e do coração destes pacientes”, reforça o uro-oncologista.

    Qualquer pessoa pode ter doença renal crônica em qualquer idade, alerta a National Kidney Foundation. No entanto, algumas pessoas são mais propensas do que outras a desenvolver doença renal. As pessoas com risco aumentado de doença renal são as que apresentam diabetes, pressão alta ou história familiar de insuficiência renal. O envelhecimento também é um fator de risco, sendo que, após os 35, é comum apresentar ao menos 1% de perda da função renal.

    A maioria das pessoas pode não apresentar sintomas graves até que a doença renal esteja avançada. No entanto, é importante estar atento em caso de:

    • Sentir-se mais cansado e ter menos energia
    • Apresentar problemas para se concentrar
    • Pouco apetite
    • Problemas para dormir
    • Cãibras musculares à noite
    • Pés e tornozelos inchados
    • Inchaço ao redor dos olhos, especialmente pela manhã
    • Pele seca e com coceira
    • Necessidade de urinar com mais frequência, especialmente à noite

    O diagnóstico de doença renal pode ser feito por exames de sangue e urina. No teste de urina, se for encontrada a proteína albumina, é um indicativo de problema de função renal. Com o exame de sangue se investiga e quantifica a presença de creatinina, um produto residual, que em excesso é indicativo de doença renal. Há também o teste de taxa de filtração glomerular (TFG), considerado o padrão-ouro em medir o nível de função renal e determinar o estágio de doença renal.

    A detecção precoce e o tratamento muitas vezes podem impedir que a doença renal crônica piore. Quando a doença renal progride, pode eventualmente levar à insuficiência renal, que requer diálise ou transplante de rim.

    Câncer de rim

    O câncer de rim é uma doença silenciosa, com dois terços dos casos sendo diagnosticados nos homens e que pode ter a sua incidência reduzida com hábitos de vida saudáveis. É a 9ª principal causa de câncer no gênero masculino. Em todo o mundo, os tumores renais malignos acometem 431 mil pessoas, segundo o levantamento Globocan 2020, do Iarc, braço de pesquisa do câncer da OMS (Organização Mundial da Saúde).

    No Brasil, segundo projeções do Inca (Instituto Nacional de Câncer), são mais de 6.000 casos anuais no país. Os principais fatores de risco associados com o surgimento de câncer de rim são doenças e hábitos potencialmente modificáveis, comuns na população ocidental, como obesidade, diabetes, tabagismo, IMC (índice de massa corpórea) elevado e uso crônico de medicações para controle de hipertensão.

    “Na maioria dos casos, são fatores potencialmente modificáveis por hábitos de vida saudável. Dentre eles, a adoção de dieta equilibrada, rica em vegetais e sem excessos de carnes vermelhas e gorduras animais, assim como a cessação do tabagismo, controle de peso e a inclusão da atividade física na rotina diária como medida de redução das taxas de obesidade”, destaca Guimarães.

    Quando mais inicial for o diagnóstico, maior será a chance de sucesso no tratamento. De acordo com o levantamento SEER, da American Cancer Society, em média 75,6% dos pacientes norte-americanos vivem ao menos cinco anos após o tratamento. Quando o tumor está restrito ao rim a taxa de sobrevida em cinco anos sobe para 92,7%. Quando a doença se espalhou pelos linfonodos a taxa cai para 71% e, em casos de metástase à distância (para outros órgãos) a sobrevida no período cai para 13%.

    O tratamento do câncer de rim, para os casos iniciais, costuma ser a remoção do órgão por cirurgia. Se o câncer se espalhou para além do rim, tratamentos adicionais podem ser recomendados, incluindo radioterapia, terapias-alvo e imunoterapia.

    Embora não haja um método de rastreamento populacional para diagnóstico precoce de câncer de rim é importante estar atento aos sintomas que, embora inespecíficos (podendo ser confundidos com os de outras doenças). São importantes alertas: sangue na urina, dor lombar de um lado, massa (caroço) na lateral ou na parte inferior das costas, fadiga, perda de apetite, perda de peso, febre e anemia.

    Risco de doenças cardiovasculares

    A doença renal também aumenta o risco de ter doenças cardíacas e dos vasos sanguíneos. A SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) chama a atenção para a relação entre estes órgãos.

    Doenças cardiovasculares, AVC e infarto representam as principais causas de mortes no Brasil. Quando o indivíduo tem problemas renais, o percentual de complicações aumenta significativamente. “Atualmente, 80% daqueles que fazem diálise têm diabetes, hipertensão ou os dois, que são os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares”, ressalta Celso Amodeo, cardiologista e nefrologista, membro do Conselho Administrativo da SBC.

    Outros fatores de risco muito comuns no indivíduo renal crônico são nível elevado de gordura no sangue, tabagismo, depressão e sedentarismo. Além disso, há outros fatores de risco próprios da doença renal que afetam o coração, por exemplo, o hiperparatireoidismo secundário, que é o excesso de produção do hormônio da paratireoide, que acontece devido à insuficiência renal, elevando o nível de cálcio no sangue.

    A doença renal é classificada em níveis de 1 a 5, de acordo com a gravidade. Há pessoas no nível 4, com função renal bem rebaixada, que não apresentam sintomas significativos. “É fundamental saber que, assim como a hipertensão arterial é uma doença assintomática, a doença renal crônica na sua fase inicial, provocada por hipertensão ou diabetes, também é assintomática, chamando a atenção para a necessidade de buscar um médico regularmente”, alerta o cardiologista e nefrologista.

    Segundo Amodeo, o indivíduo que possui hipertensão e/ou diabetes precisa buscar um profissional que não cuide apenas do aspecto cardiológico, mas que também cheque a função renal.

    É importante lembrar que mesmo antes de registrar aumento da glicemia, o paciente diabético pode ter alterações renais provocadas por diabetes.

    A questão dos anti-inflamatórios

    Um dos remédios mais vendidos do mercado é o anti-inflamatório, utilizado para amenizar os sintomas comuns da inflamação, além de febre e dor. No entanto, ele bloqueia o mecanismo de produção de substâncias vasodilatadoras, provocando vasoconstrição, principalmente em nível renal.

    “É possível ter insuficiência renal pelo uso abusivo de anti-inflamatório, por isso esses medicamentos não devem ser prescritos para pacientes que têm hipertensão e principalmente para os que têm insuficiência renal”, expõe Amodeo.

    Os anti-inflamatórios não hormonais geram três grandes problemas: pioram a função renal, sem provocar sintomas; interferem no controle da pressão arterial; e podem gerar gastrite, por agredir a mucosa gástrica.

    E a litíase renal?

    O cardiologista e nefrologista explica que a litíase renal, chamada de pedra nos rins, é outra doença, que pode eventualmente danificar o rim e levar à insuficiência renal, aumentando o risco de doença cardiovascular devido aos fatores de risco que são próprios da doença renal crônica, como excesso de cálcio e de ácido úrico.

    Na doença renal por cálculo são mais comuns cálculos de oxalato de cálcio, que possuem em seu núcleo ácido úrico, um dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. Já existem trabalhos relacionando o ácido úrico com doenças coronárias. “A perda da função renal devido ao cálculo que obstrui o rim pode levar à insuficiência renal, mas se o cálculo foi expedido e o rim continua saudável, não há problema”, explica Amodeo.

    Fonte: UOL.

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    Sara Celestino
    Sara Celestinohttps://gazeta24horasrio.com.br
    Repórter-fotográfica, atuando na produção de conteúdo com objetivo de compartilhar a melhor informação para manter você bem-informado! E-mail. [email protected]

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