No último sábado, 23 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência global de saúde pública para a doença da varíola dos macacos. Já foram notificados mais de 16 mil casos em 75 países desde do início desse ano. No Brasil, o número de infectados pela doença tem aumentado significadamente. Dados do Ministério da Saúde apontam que em 1º de julho, foram registrados 63 casos confirmados e 42 suspeitos, vinte e cinco dias depois, o número aumentou em mais de 100%, resultando em 813 casos confirmados e 363 suspeitos.
A varíola dos Macacos é causada pelo vírus Monkeypox e trata-se de uma doença zoonótica viral, apesar da nomenclatura – com base na primeira vez que foi encontrado, em macacos de laboratório, por volta dos anos 50 – os mamíferos não são os causadores da doença.
A doença é transmitida por meio do contato com animal ou humano infectado, por meio de contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões de pele, secreções respiratórias infectadas (geralmente requer contato pessoal prolongado), objetos e superfícies contaminados. Ela pode acometer qualquer pessoa que tenha contato próximo com alguém infectado.
“A doença não é primariamente de transmissão sexual, contudo, no ato sexual há contato íntimo entre as pessoas, inclusive com as lesões da pele de um indivíduo infectado. Um comportamento de risco para aquisição do vírus e que tem sido observado é o número significativo de casos que está ocorrendo em homens que fazem sexo com homens, em destaque para os que não têm parceiros fixos”, informa o dr. Bruno Zappa, médico Infectologista do Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Adventista Silvestre.
Com o aumento de casos no Brasil, é muito importante procurar um médico de confiança ou, um clínico geral inicialmente, ao sentir qualquer sintoma suspeito como o aparecimento repentino de erupção cutânea (única ou múltipla) em qualquer parte do corpo (incluindo região genital), associada ou não à adenomegalia (aumento dos linfonodos do pescoço), ou relato de febre inicial acompanhada de dor de cabeça intensa, surgimento de gânglios, dor nas costas, dor muscular e astenia intensa.
Entre o 1º e 3º dia de febre ocorre o período das lesões de pele, que geralmente afeta primeiro o rosto e depois de espalha pelo corpo. “As lesões inicialmente surgem como manchas vermelhas (máculas), que se tornam elevadas (pápulas) que evoluem para bolhas claras (vesículas) e depois com pus (pústula) e finalmente crostas, podendo deixar cicatrizes”, explica o Infectologista, Bruno Zappa.
Não existe tratamento específico, limitando-se às observações das lesões e medicações para alívio dos sintomas. Os casos de maior agravamento estão atrelados, em sua maioria, às pessoas imunossuprimidas: transplantadas, com doenças autoimunes, leucemia, metástase, linfoma e com HIV, também gestantes, lactantes e crianças menores de 8 anos.
Não há vacinação no Brasil para o vírus por se tratar de uma doença erradicada nos anos 80, a vacina saiu do mercado há 40 anos. Em pronunciamentos, o Ministério da Saúde informou que segue desde maio em diálogo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), para a possibilidade de trazer a vacina para o Brasil.
“A vacina da varíola convencional tem mostrado potencial de ser protetora para monkeypox, podendo ser adotada futuramente, se for necessário. Não há óbitos constatados no Brasil até o momento e a doença é considerada de baixa morbidade. As principais complicações da doença estão relacionadas a infecções bacterianas secundárias nas lesões. A pessoa acometida pela doença deve ficar em isolamento até a cicatrização das lesões. Para prevenção, deve-se evitar o contato próximo com pessoas infectadas”, finaliza o infectologista do Hospital Adventista Silvestre, dr. Bruno Zappa.
Fonte: TREVO.