O conflito na Ucrânia está afetando o sistema humanitário global e poderá ter efeitos duradouros na capacidade das organizações de enfrentar as emergências em todo o mundo, alertou a Cruz Vermelha nesta segunda-feira, 23.
Esta guerra, que na quarta-feira, 24, entrará em seu sétimo mês, levou as pessoas a “um ponto de ruptura crítica”, explicou em comunicado a Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC). “Os efeitos devastadores do choque só aumentam à medida que o conflito continua, com os preços dos alimentos e da energia subindo, enquanto as crises alimentares se aprofundam”, acrescentou.
As repercussões do conflito causam um aumento nas necessidades de ajuda em todo o mundo, destacou Birgitte Bischoff Ebbesen, diretora regional da IFRC para a Europa e Ásia Central, em uma reunião online com a imprensa.
“A crise se espalhou para todo o sistema humanitário e o colocou sob enorme estresse”, enfatizou, acrescentando que “isso terá um efeito duradouro na capacidade das organizações humanitárias e dos doadores de responder a outras emergências”.
A invasão russa iniciada em 24 de fevereiro na Ucrânia, um dos principais exportadores de grãos do mundo, contribuiu para agravar a escassez de alimentos nas regiões mais pobres do mundo. Apesar dos esforços para retomar as entregas de cereais ucranianos através do mar Negro, essas exportações se reduziram em 46% desde o início do ano, segundo o IFRC.
“Esta grande queda tem um efeito importante sobre o Chifre da África, onde mais de 80 milhões de pessoas sofrem fome extrema — a pior crise alimentar dos últimos 70 anos —”, insistiu.
A Cruz Vermelha, que conta com mais de 100 mil efetivos na Ucrânia e nos países vizinhos, entre voluntários locais e pessoal, também lamentou os enormes danos materiais causados pela guerra na Ucrânia, onde milhões de pessoas precisaram abandonar suas casas.
As necessidades de alimentos e combustível para lidar com o frio se tornarão mais urgentes nas próximas semanas. “As necessidades estão aumentando”, disse Maksim Dotsenko, diretor geral da Cruz Vermelha Ucraniana durante a coletiva de imprensa, alertando que as consequências serão sentidas além da Ucrânia.
Fonte: O Dia.