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    Vídeo: Mulher e filhas são resgatadas de cárcere privado de 20 anos em Valença

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    Vítimas não tinham acesso à televisão, celulares e eram impedidas de conviver com outras pessoas. Foto: Reprodução.

    Uma mulher de 48 anos e suas duas filhas, com idades de 25 e 19, foram resgatadas de um cárcere privado de cerca de 20 anos, no município de Valença, no Sul Fluminense. O autor do crime é o marido e pai das vítimas, José do Carmo João, 60, que está foragido por um homicídio qualificado cometido na cidade de Barra do Piraí, em 2001. A ação foi realizada nesta quinta-feira (29) pela 91ª DP (Valença) com apoio da Guarda Municipal.

    De acordo com o delegado titular da distrital, Flávio Almeida Narcizo, os agentes estiveram na casa do homem, que fica dentro de uma propriedade rural no distrito de Parapeúna, para cumprir o mandado de prisão preventiva expedido pela Comarca de Barra do Piraí em 2006. Durante as diligências, eles descobriram que as vítimas vinham sendo mantidas em cárcere privado desde que a mais velha tinha 3 anos. Já a mais nova nasceu no cativeiro e nunca havia deixado o local.

    “Esse foragido foge de Barra do Piraí, consegue um emprego para trabalhar nessa fazenda, com criação de gado extensivo, roçado de terra, um vínculo totalmente informal. E, a partir daí, ele começa a ter uma vida escondida e submete a mulher e uma das filhas a esse tipo de vida. A segunda filha dele nasce dentro dessa casa, num parto normal, e a segunda chega nessa casa com 3 anos de idade. As duas meninas nunca foram ao médico, nunca foram à escola, são analfabetas. Elas nunca tiveram contato com pessoas, com homens, com funcionários da fazenda”, explicou o delegado.

    As investigações apontaram que a esposa também era proibida de sair de casa e de manter contato com parentes, que acreditavam que ela teria morrido, porque não tinham notícias dela há muitos anos. A mulher teria tentado fugir diversas vezes, mas sempre era perseguida pelo marido e submetida à agressões e ameaças. Já as filhas não eram vítimas de violência física, mas não tinham acesso à televisão ou aparelhos de celular, além de serem impedidas de conviverem com outras pessoas que não do núcleo familiar. Não houve relatos de abuso sexual por nenhuma das mulheres.

    “Simplesmente, as meninas não tinham sequer noção de que existia um mundo externo. A primeira menina chega lá com três anos e a segunda nasce lá dentro e de lá de dentro nunca sai. Então, elas sequer tinham noção de que existiam pessoas, de que existiam cidades, de que existia telefone celular, televisão. Elas não tinham acesso a existência do mundo. Então, simplesmente, você cria uma versão fantasiosa na cabeça das crianças de que o ser o humano é mau, o homem é mau, de que elas têm que ficar lá dentro para ficarem protegidas”, contou Narcizo, que ressaltou ainda que as meninas não têm registro de identificação civil.

    Antes da chegada das equipes ao local, José conseguiu fugir por uma área de mata, sem levar seus documentos ou roupas. Na casa, os policiais civis encontraram grande quantidade de munições e armas, entre elas uma espingarda e uma escopeta, que foram apreendidas. As vítimas foram levadas para um abrigo da cidade, mas não conseguiram ser alocadas, segundo o delegado. Elas foram acolhidas temporariamente pela irmã da mulher. Procurada, a Prefeitura de Valença ainda não se manifestou sobre o caso.

    Agora, os agentes da 91ª DP realizam buscas para encontrar José do Carmo. As investigações continuam na distrital e vão ouvir, nos próximos dias, os proprietários da fazenda e outros funcionários para entender se eles tinham conhecimento sobre a situação em que as mulheres estavam submetidas. Com a conclusão do inquérito, o delegado titular vai pedir a prisão do homem que, além do homicídio, pode responder pelos crimes de cárcere privado, porte ilegal de armas, abandono material e intelectual e ameaça.

    “Na medida das nossas possibilidades, o que a gente precisa é fechar essa história, não só com a inserção dessas três mulheres numa rede de proteção, para poderem recomeçar a vida delas, entender o que é um médico, entender o que é uma escola, o que são pessoas, como também fechar todo esse ciclo com a efetiva captura desse cara, que é foragido da Justiça desde 2006. A gente vai fazer oitiva dos proprietários da fazenda e dois demais funcionários, para saber o que aconteceu. Como essas pessoas, durante 20 anos, não perceberam que tinha três mulheres dentro daquela casa?”, completou o titular.

    Polícia liberta mãe e dois filhos que viviam em cárcere privado há 17 anos

    Em 28 de julho, policiais militares do 27º BPM (Santa Cruz) libertaram uma mulher e dois jovens que estariam vivendo em cárcere privado há 17 anos, em uma residência na Rua Leonel Rocha, em Guaratiba, na Zona Oeste. As equipes chegaram ao local a partir de uma denúncia anônima, que afirmou que as vítimas eram esposa e filhos de Luiz Antônio Silva, preso pelo crime.

    Homem manteve mulher e filhas em cárcera privado por cerca de 20 anos. Reprodução

    Na ação, os PMs encontraram os jovens amarrados, sujos e subnutridos na casa, que era insalubre, com pouca luminosidade e com acúmulo de lixo, fezes no chão, colchões rasgados e muita sujeira nas paredes. Eles eram mantidos com os pés preso e, por causa do nível de desnutrição, aparentavam ser crianças. O rapaz, de 19 anos, e a moça, de 22, têm transtornos mentais. Os três estavam muito debilitados e precisaram ser encaminhados ao Hospital Municipal Rocha Faria.

    Fonte: O Dia.

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    Sara Celestino
    Sara Celestinohttps://gazeta24horasrio.com.br
    Repórter-fotográfica, atuando na produção de conteúdo com objetivo de compartilhar a melhor informação para manter você bem-informado! E-mail. [email protected]

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