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    Como a varíola dos macacos pode se tornar uma doença fatal

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    Para determinar se a varíola dos macacos – ou monkeypox –  causou ou contribuiu para uma morte, os especialistas da área, patologistas forenses, procuram pistas sobre como os sintomas especificamente podem ter se tornado fatais.

    “Por exemplo, com varíola, normalmente as pessoas pensam nisso como lesões na pele e talvez um mal-estar geral e sintomas do tipo gripe. Como isso causaria a morte? Bem, existem algumas maneiras muito raras”, disse James Gill, presidente do Comitê de Patologia Forense do Colégio de Patologistas Americanos.

    “Se a infecção entrar no cérebro, isso pode causar encefalite, que é uma inflamação do cérebro – e isso é muito raro”, disse Gill, que também é médico legista chefe de Connecticut.

    “A maneira mais comum de muitas infecções virais resultarem em morte é através de um efeito secundário, uma coinfecção secundária. Por exemplo, uma pessoa pode desenvolver pneumonia ou uma infecção da pele dessas lesões cutâneas, levando a uma infecção bacteriana, que pode então entrar no sangue e resultar em sepse”, disse ele.

    Se uma pessoa com varíola dos macacos desenvolvesse pneumonia ou uma infecção no sangue e morresse por causa disso, a varíola dos macacos ainda seria considerada a causa da morte, disse Gill, já que a doença iniciou a cadeia de eventos.

    “Se eles também tiverem linfoma ou Aids, isso provavelmente seria listado como uma condição contribuinte porque os tornou mais suscetíveis a morrer de varíola do que uma pessoa saudável”, disse Gill.

    Na maioria dos casos, essa pessoa teria sido hospitalizada, disse ele, e “a maioria dessas mortes seria certificada pelos médicos do hospital”.

    Potencial para doença grave

    Globalmente, houve mais de 68 mil casos de varíola dos macacos e 25 mortes confirmadas no surto atual, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério da Saúde, de 30 de setembro, mostram que o país tem um total de 7.869 casos confirmados da doença.

    Nos Estados Unidos, novos casos vêm caindo constantemente nas últimas semanas, mas a preocupação permanece com a possibilidade de doença grave ou morte, especialmente em pessoas imunocomprometidas.

    Em um alerta enviado aos profissionais de saúde na quinta-feira (29), os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) afirmaram que algumas pessoas com varíola dos macacos tiveram “manifestações graves” da doença, hospitalizações prolongadas ou problemas de saúde “significativos”.

    “As pessoas imunocomprometidas devido ao HIV ou outras condições correm maior risco de manifestações graves da varíola dos macacos do que as pessoas imunocompetentes”, informou o CDC.

    O morador do condado de Los Angeles que morreu estava “severamente imunocomprometido e havia sido hospitalizado”, de acordo com um comunicado de imprensa do Departamento de Saúde Pública do condado.

    “Isso apenas aponta para, eu acho, a mensagem maior de que, embora tenhamos classificado essa doença como uma doença leve que pode ser superada com vacina e tratamento e outros esforços de mitigação, para pessoas que já têm essas condições, pode ser mortal”, disse Freeman.

    “Portanto, não é uma doença com a qual não se deva se preocupar, especialmente se você sabe que tem um sistema imunológico comprometido ou está lidando com outras condições graves”, acrescentou. “Essas poucas mortes – sejam ou não totalmente atribuíveis à varíola dos macacos ou pessoas que morreram com varíola dos macacos – provavelmente não teriam morrido se não tivessem algumas dessas condições subjacentes ou seus corpos já não estivessem comprometidos”.

    Morrer “de varíola” versus “com varíola”

    Em agosto, as autoridades norte-americanas informaram que um paciente com varíola dos macacos no condado de Harris, Texas, havia morrido, mas o papel do vírus nessa morte ainda não foi confirmado.

    “O certificador médico (geralmente o médico assistente) determina a causa da morte e quaisquer fatores contribuintes que são registrados no atestado de óbito. No caso da morte do condado de Harris, eles decidiram fazer uma autópsia para coletar mais informações antes de determinar o óbito e causa da morte”, escreveu Lara Anton, porta-voz do Departamento de Serviços de Saúde do Estado do Texas, em um e-mail à CNN.

    Em qualquer caso, os patologistas forenses geralmente iniciam o exame reunindo detalhes sobre o histórico médico da pessoa e como a morte aconteceu. Em seguida, eles podem realizar um exame externo e interno do corpo e coletar amostras de tecido para análise ao microscópio. Este tipo de exame post-mortem é conhecido como autópsia.

    “Você aprende muito com autópsia sobre infecções, mas, ao mesmo tempo, é um processo em evolução. O diagnóstico e chegar a uma conclusão não é fácil”, disse a médica Priya Banerjee, patologista forense certificada em Rhode Island e professora assistente de patologia e medicina laboratorial na Brown University.

    Para determinar que alguém morreu de varíola dos macacos, não apenas o vírus teria que ser detectado em seu corpo, mas os patologistas forenses teriam que “ligar os pontos” sobre como a infecção causou a morte, como afetar certos órgãos, Banerjee disse.

    “Morrer de qualquer infecção, geralmente é sistêmico – o que significa que todo o corpo é afetado – ou um órgão significativo é afetado, como coração, pulmões, fígado ou cérebro”, disse ela. “Não é que eles morram com a infecção; é por causa dela. Então essa é a diferenciação que você tem que fazer, e essa é uma diferenciação bastante significativa. Acho que as limitações surgem não apenas em identificar se ou qual órgão é afetado, mas até que ponto – e ninguém vai chamar isso de causa de morte, a menos que isso seja confirmado”.

    Determinar se alguém morreu de uma doença infecciosa versus com uma doença infecciosa nem sempre é tão simples, disse Mario Mosunjac, professor de patologia da Escola de Medicina da Universidade Emory e diretor de serviços de autópsia no Departamento de Patologia e Medicina Laboratorial, em um e-mail para a CNN.

    “É importante perceber que a presença de um patógeno [agente causador de doença] específico não significa necessariamente que o patógeno causou a morte desse paciente, mas uma investigação mais aprofundada geralmente é necessária”, escreveu Mosunjac.

    “Cada caso clínico é diferente, com muitas condições que podem se sobrepor e interferir na determinação da causa exata da morte em cada paciente”, disse ele. “A melhor resposta geralmente vem em um cenário caso a caso após uma consideração meticulosa de todos os fatores envolvidos do ponto de vista das correlações clínico-patológicas”.

    Mortes são raras

    Houve mais de 25 mil casos de monkeypox nos Estados Unidos durante o surto atual, e as mortes entre os pacientes são consideradas raras. Entre os poucos relatados, às vezes tem sido difícil determinar o papel que a varíola dos macacos desempenhou nas mortes.

    “É meio que a velha situação que tivemos com a Covid: você morreu de Covid ou morreu com Covid? E então este é o mesmo cenário: você morreu com varíola ou morreu de varíola?” disse Lori Tremmel Freeman, diretora-executiva da Associação Nacional de Funcionários de Saúde de Condados e Cidades.

    A primeira morte confirmada nos EUA devido à varíola dos macacos foi relatada no condado de Los Angeles em setembro. Uma pessoa com varíola em Houston morreu em agosto, mas as autoridades não determinaram se o vírus causou a morte. Na quinta-feira, Ohio relatou sua primeira morte de uma pessoa com varíola, mas observou que “o indivíduo também tinha outras condições de saúde”.

    Muitas pessoas que foram infectadas com varíola neste surto também têm sistemas imunológicos comprometidos ou condições de saúde subjacentes, como o HIV. Pode ser difícil para as autoridades determinar se uma morte de fato foi causada por varíola ou se a pessoa morreu de uma condição de saúde subjacente enquanto estava infectada com varíola.

    Pesquisas de outros surtos descobriram que as mortes por varíola dos macacos afetam com mais frequência bebês, mulheres grávidas e pessoas com sistema imunológico enfraquecido.

    Os especialistas devem perguntar: “suas condições subjacentes eram tão importantes que esse tipo de doença teria um dano tremendamente mais impactante em sua capacidade de sobreviver?” disse Freeman.

    Por: CNN BRASIL

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    Alexandre R. Ducoff
    Alexandre R. Ducoff
    Formado em jornalismo no ano de 2020. Já trabalhei como fotógrafo e cinegrafista no Atitude Video Art, fotógrafo no Estúdio Novo Olhar, redator do informe-se, repórter do M1newstv Maricá Noticiais e criador de conteúdo da CEIC. Atualmente trabalho como redator, editor e cinegrafista no Gazeta 24 Horas News.

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