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Morre no Rio pai de vítima da Covid-19 que recolocou no lugar cruzes de protesto contra a pandemia

O taxista Márcio Antônio do Nascimento Silva, de 58 anos, morreu ontem, no Rio, vítima de problemas no coração. Em junho de 2020, ele ficou conhecido em todo o Brasil ao recolocar, indignado, as cruzes fincadas na areia de Copacabana pela Ong Rio de Paz para homenagear as vítimas da Covid-19 que haviam sido derrubadas momentos antes por um morador do bairro. A indignação de Márcio Antônio tinha um nome e uma razão: Hugo, 25 anos, seu filho, vítima da pandemia. A cena emocionou o país e Márcio chegou a comparecer na CPI da Covid, do Senado Federal, onde deu seu testemunho de pai.

A Rio de Paz divulgou nota em uma rede social na qual lamentou a morte do taxista. “Esteja na paz, amigo. Você combateu o bom combate e agora está ao lado de seu filho por quem tanto lutou”, diz o texto. A Ong levou ao enterro uma das cruzes usadas no protesto feito em Copacabana e uma bandeira do Brasil.

— Naquele dia em Copacabana o Márcio revelou um outro lado da personalidade dele. Ele era uma pessoa pacata. Os familiares dele, quando viram o Márcio ali bradando, fixando as cruzes, eles ficaram surpresos. O que o levou a expressar aquela revolta foi o seu senso de justiça, o desejo de lutar nesse momento dramático da história do nosso país, pela liberdade de expressão, pelo direito à vida, o Márcio. ele partiu deixando para todos nós um exemplo de compromisso com a democracia — disse Antônio Carlos Costa, presidente da Rio de Paz.

Hugo Dutra do Nascimento Silva, filho de Márcio Antônio morreu no dia 18 de abril de 2020, foi uma das vítimas da Covid-19 no Rio de Janeiro. Tinha só 25 anos, era pai do pequeno Arthur, então com 5 anos, e filho do meio do taxista. Jovem e saudável, ficou internado por 16 dias, mas não resistiu à doença que já levou a vida de 686.371 brasileiros desde março de 2020, de acordo com dados do Ministério da Saúde atualizados nesta terça-feira (4).

— Sempre me coloco tentando fazer as pessoas pensarem no que aconteceu com o meu filho. Isso me ajuda a resistir. É preciso ter empatia. Se isso aconteceu com o meu filho é porque tinha um propósito. No caso, o de ajudar. A última coisa que eu pude dar para ele como pai foi um tchau — disse Márcio à época.

Por: Extra Online

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