Formigas são criaturas pequenininhas e supostamente adoráveis. O tamanho de uma formiga-carpinteira (Camponotus) operária de pequeno porte é de míseros 6 milímetros, sendo que as rainhas não passam dos 20 milímetros.
A foto selecionada como Imagem de Distinção no concurso Nikon Small World Photomicrography 2022 (confira aqui todos os ganhadores) mostra um desses insetos na microscopia — e sua aparência monstruosa impressiona.
Vista sob a lente objetiva de um microscópio, o rosto da formiga-carpinteira não parece ter nada de pequeno, mas sim de assustador. A foto foi captada com uma ampliação de 5 vezes pelo fotógrafo lituano da vida selvagem Eugenijus Kavaliauskas, segundo o site da competição.
A foto inscrita no concurso fotomicrografia foi uma das 57 “imagens de distinção” selecionadas. Kavaliauskas disse ao site Insider que mora perto de uma floresta, o que facilitou fotografar a formiga — apesar do gênero Camponotus ser frequentemente encontrado em áreas urbanas, ele ocorre mais em locais arborizados.
As formigas-carpinteiras são altamente adaptáveis e capazes de estabelecer ninhos em diversos ambientes, mas preferem nidificar em um ambiente úmido, segundo o Programa de Entomologia Urbana e Estrutural da Texas A&M University, nos Estados Unidos. Elas gostam de madeiras danificadas por vazamentos de água, mas não comem essa madeira, apenas as removem para aumentar o ninho da colônia.
Conforme pesquisa apresentada por Amanda Aparecida de Oliveira em 2015, do Instituto Biológico da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), entre as formigas, as Camponotus se destacam por ser o gênero com maior número de espécies. Esse abriga cerca de 200 delas apenas na Região Neotropical, que abrange a parte sul da América do Norte, a América Central e a do Sul.
“É chato tirar foto de uma formiga, correndo banalmente, no chão”, comenta o fotógrafo lituano premiado, que então resolveu colocar o inseto sob um microscópio para deixá-lo mais interessante. “Estou sempre procurando detalhes, sombras e cantos invisíveis”, explica Kavaliauskas.
Quando começou na microfotografia, o fotógrafo achava que todos os besouros, por exemplo, se pareciam de perto um pouco com monstros. Mas hoje o lituano vê em seu trabalho detalhista na natureza algo bastante espiritual:
“Eu me acostumei e estou surpreso que haja tantos milagres interessantes, bonitos e desconhecidos sob nossos pés”, afirma. “Sou fascinado pelas obras-primas do Criador e pela oportunidade de ver os desígnios de Deus”.
Apesar dos estranhamentos que podem ser causados pelo microscópio, para Kavaliauskas “não há horrores na natureza”. Segundo seu portfólio, esse fascínio rendeu a ele em 2013 um Prêmio de Ouro por fotografar uma águia-real (Aquila chrysaetos) no Concurso Lithuanian Press Photo Contest.
Em 2012, o fotógrafo ficou no top 10 do HBW World Bird Photo com a imagem de uma ave codornizão (Crex crex); em 2010, o profissional foi vencedor do melhor retrato de pássaro no Concurso Golden Turtle International.
Apesar de impactante, a imagem da formiga-carpinteira de Kavaliauskas não conquistou o prêmio principal do concurso World Photomicrography deste ano. A honra máxima e um prêmio em dinheiro de US$ 3 mil (R$ 15,5 mil) foram para Grigorii Timin e Michel Milinkovitch, do departamento de genética e evolução da Universidade de Genebra. A dupla registrou a pata dianteira de uma lagartixa gigante de Madagascar, que aparece brilhante e fluorescente.
Fonte: Revista Galileu