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Inglaterra protesta antes de jogo contra Irã após veto a braçadeiras

Inglaterra protesta antes de jogo contra o Irã — Foto: Reuters.

Um grupo de sete seleções europeias anunciou nesta segunda-feira que seus capitães não utilizarão braçadeiras contra o preconceito. Temendo punições por parte da Fifa, que poderia ir de multas até mesmo sanções esportivas, as federações de Inglaterra, Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Holanda e Suíça afirmaram que não colocarão os jogadores como alvo de possíveis problemas disciplinares.

Harry Kane protesta antes de partida contra o Irã — Foto: Reuters

Harry Kane usaria a braçadeira “One Love”. No entanto, o capitão da seleção inglesa foi a campo com a braçadeira dada pela Fifa, com a frase “No discrimination” – “Não à discriminação”, na tradução.

– A Fifa tem sido muito clara que vai impor sanções esportivas se nossos capitães usarem as braçadeiras no campo de jogo. Como federações nacionais, não podemos colocar nossos jogadores em uma posição na qual poderiam enfrentar sanções esportivas, incluindo cartões. Então, pedimos aos capitães que não tentem vestir as braçadeiras nos jogos da Copa do Mundo – diz a nota oficial.

A atitude de se ajoelhar antes da partida não é algo inédito. O protesto começou a ser usado na Premier League após o assassinato de George Floyd, um homem negro sufocado por um policial branco nos Estados Unidos. A atitude, em apoio ao movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam), contra o racismo, é feito até hoje em alguns jogos na Inglaterra.

Kane, Inglaterra, braçadeira de capitão — Foto: REUTERS/Marko Djurica

Entenda o caso

A questão vem gerando polêmica e se transformou em queda de braço entre a Fifa e algumas seleções do continente. Segundo o jornal “The Telegraph”, após tentativas de diálogo, a Fifa disse à Football Association (federação inglesa) que o regulamento não permite o uso da braçadeira nas cores do arco-íris.

No último sábado, a Fifa anunciou uma campanha em parceria com a ONU que prevê a exibição de mensagens humanitárias nas faixas usadas pelos capitães das 32 seleções que disputam a Copa. O problema é que tal ação foi entendida por algumas seleções como uma tentativa de a entidade tentar sufocar o movimento “One Love”, lançado alguns meses atrás, que conta com uma braçadeira com as cores do arco-íris como uma mensagem de protesto contra as leis anti-LGBTQIA+ do Catar.

A Fifa chegou a abrir conversas com as seleções para tentar resolver a crise antes de estas seleções entrarem em campo. O regulamento da Copa do Mundo diz que a faixa de capitão faz parte do equipamento fornecido pela Fifa para as seleções – como garrafas de água que ficam nos bancos de reservas, os coletes usados pelos reservas, as bolsas que os médicos usam quando entram em campo para atender jogadores lesionados.

Ainda de acordo com o “The Telegraph”, havia uma preocupação das seleções europeias com um possível cartão amarelo para os capitães caso eles estejam usando a braçadeira. O pagamento de multas também já era previsto pelas equipes. O jornal destacou, ainda, que a Fifa garante que precisa aprovar qualquer mudança de equipamento usado pelos jogadores em campo.

A iniciativa foi criada pela Holanda e inicialmente teve o apoio de Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Suíça e País de Gales. Na semana passada, a França desistiu da ideia – seu capitão. Hugo Lloris, disse que respeitaria as leis do Catar. Mas outras seleções insistem em usar o acessório na Copa do Mundo. A Inglaterra foi a primeira a manter sua posição.

O Catar recebe críticas pelo seu histórico de problemas relacionados aos direitos humanos – como no caso dos trabalhadores imigrantes e da posição do país sobre os direitos das mulheres e de pessoas LGBTQIA+. O país-sede tem leis LGBTfóbicas, e a violação de direitos preocupa ativistas relacionados à causa.

O Código Penal do Catar proíbe a homoafetividade para homens e mulheres e prevê, como pena máxima, até o apedrejamento. Apesar de prever em seu estatuto, no artigo 3, a proteção dos direitos humanos, a Fifa tem evitado se posicionar sobre a questão. Entidades que lutam por direitos da população LGBTQIA+ esperavam que a entidade pressionasse por uma reforma na lei do país, o que não ocorreu.

Fonte: G1.

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