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Três PMs participaram de tortura a suspeitos de furto de picanha no RS, diz polícia

A Polícia Civil identificou, nesta terça-feira (6), três PMs envolvidos na tortura de dois homens suspeitos de furtar pacotes de picanha de um supermercado em Canoas. De acordo com a polícia, os suspeitos são dois policiais militares da ativa e um aposentado. Não foram divulgados os nomes deles.

A confirmação de que os suspeitos são PMs veio depois que dois dos seguranças se apresentaram à polícia para depoimento nesta manhã. O delegado responsável pelo caso, Robertho Peternelli, informou que tem elementos pra indiciar os sete envolvidos por tortura.

Homens posam para foto depois de torturarem duas pessoas em supermercado em Canoas, no RS. — Foto: Reprodução/RBS TV

Com isso, todas as pessoas que aparecem nas imagens de câmeras de segurança que flagraram as agressões foram identificadas. São cinco seguranças da empresa de vigilância patrimonial Glock — entre eles, três policiais militares que trabalhavam como seguranças do local — e dois funcionários do supermercado, o gerente Adriano Dias e o subgerente Jairo da Veiga. Veja abaixo o que dizem os envolvidos.

Peternelli informou que a empresa na qual eles trabalham havia sido notificada para revelar os nomes deles há cerca de um mês, mas o empreendimento não respondeu aos pedidos.

Relembre o caso

O caso aconteceu no dia 12 de outubro em um supermercado da rede Unisuper em Canoas, na Região Metropolitana da Capital. De acordo com a polícia, as duas pessoas que foram torturadas teriam furtado dois pacotes de picanha, com custo de R$ 100 cada, e foram flagradas pela equipe de segurança do local. Após o flagrante, a dupla passou por uma sessão de tortura, sendo agredida por 45 minutos.

As vítimas são dois homens, de 32 e 47 anos, sendo um negro e outro de pele branca. Segundo o delegado Peternelli, durante a tortura, os agressores ligaram para alguém pedindo a ficha policial das vítimas e receberam a informação falsa de que o homem negro teria envolvimento em um estupro.

Após a informação, ele passou a ser o alvo das agressões, teve ferimentos graves e chegou a ficar em coma induzido após ter sido hospitalizado. Segundo o delegado, a vítima nunca teve passagem por estupro.

Homem joga um pallet e depois pisa com força contra vítima de agressões em supermercado de Canoas, no RS. — Foto: Reprodução/RBS TV

Investigação

A polícia só ficou sabendo do caso porque um dos homens que sofreu as agressões deu entrada no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre com ferimentos graves. Ele tinha diversas fraturas no rosto e na cabeça.

Um parente da vítima contou para os agentes que o homem tinha sido espancado no supermercado em Canoas.

De acordo com a polícia, 31 câmeras de segurança gravaram o que aconteceu dentro do supermercado e também no depósito onde as vítimas foram agredidas. Após a denúncia, os policiais foram até o estabelecimento coletar as imagens, mas perceberam que os arquivos haviam sido deletados logo que os agentes entraram no local.

O delegado Peternelli apreendeu o equipamento de gravação, que foi encaminhado para a perícia. O perito criminal Marcio Faccin do Instituto Geral de Perícia (IGP) do estado conseguiu recuperar os arquivos.

ÁUDIO: torturado em supermercado do RS pede que filho pague picanha

O que dizem os envolvidos

Pedindo desculpa pelos fatos ocorridos, o Unisuper disse em nota que agressões são inaceitáveis e que não condizem com a história da rede.

Os funcionários suspeitos de envolvimento nas agressões foram demitidos. Os advogados do gerente e do subgerente disseram que, por questões éticas e em respeito à autoridade policial, vão se manifestar exclusivamente nos autos.

Fonte: G1.

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