Ícone do site GAZETA 24HORAS RIO

Por ordem de Lula, Haddad pede que Guedes desista de prorrogar desoneração de combustíveis

Greve de caminhoneiros provoca fila para abastecimento de combustível em posto de gasolina no Rio de Janeiro.

Setores do mercado financeiro pressionam pelo fim da desoneração para melhorar as contas públicas. Foto: Estadão

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou ao futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que pedisse ao governo Bolsonaro para desistir de prorrogar o corte dos impostos federais sobre combustíveis. A desoneração, que ajudou a conter o preço da gasolina na segunda metade de 2022, tem prazo para acabar: 31 de dezembro. Como mostrou o Estadão, Haddad havia ligado ao ministro da Economia, Paulo Guedes, na segunda-feira, 26, quando acertaram a edição de medida provisória (MP) para prorrogar a desoneração por um mês.

Haddad comunicou a decisão de Lula na terça-feira, 27, por meio de mensagem no celular, segundo fontes do governo Bolsonaro. A prorrogação daria tempo para o novo governo se posicionar e tomar a decisão em torno da desoneração. Sem ela, ocorre o aumento dos preços, com impacto na inflação.

Por outro lado, depois da PEC da Transição, que aumentou a licença para gastos, o futuro governo conta com o aumento da arrecadação para diminuir o déficit nas contas públicas já contratado para 2023. O impacto da prorrogação da medida seria de R$ 52,9 bilhões no ano cheio. Setores do mercado financeiro pressionam pelo fim da desoneração para melhorar as contas públicas.

Conforme apurou o Estadão, Guedes vai atender o pedido do futuro governo e não propor a MP. A assessoria de Haddad confirmou que ele pediu para o atual governo não prorrogar a medida e que a definição fica para quando o presidente Lula assumir.

Antes, Guedes já tinha acenado a Haddad com a possibilidade de edição de uma MP prorrogando por 90 dias a desoneração. Segundo fontes do Ministério da Economia, as sinalizações iniciais dadas por Haddad a Guedes já apontavam que o governo de transição não tinha interesse na MP.

Integrantes do PT já alertaram para o risco de subida dos impostos logo no primeiro dia de governo, o que poderia acabar em “pólvora” para os atos extremistas contra a posse do novo presidente.

O impacto na inflação, no risco de alta da Selic e na popularidade do presidente logo na largada do governo também foram postos na mesa. Os Estados também devem aumentar o ICMS da gasolina a partir de janeiro, o que aumenta a pressão.

Na conversa com Haddad, Guedes apontou que o fim da desoneração seria de interesse do mercado financeiro, que não quer a volta da tributação de lucros e dividendos para compensar a perda de arrecadação com a desoneração e o seu impacto nas contas públicas. Guedes tinha proposto taxar lucro e dividendos para compensar o custo do Auxílio Brasil e da manutenção da desoneração.

Fonte: O Dia.

Sair da versão mobile