Ícone do site GAZETA 24HORAS RIO

Após série de feminicídios, moradores da Rocinha farão ato para pedir fim da violência

Evento de combate a violência contra mulher acontecerá na Biblioteca Parque da Rocinha, no próximo sábado (14), às 16hReprodução / Facebook

Impulsionados pela recente onda de feminicídios cometidos na Rocinha, Zona Sul do Rio, moradores da comunidade vão promover um grande evento para pedir o fim da violência contra a mulher. A encontro acontecerá na Biblioteca Parque Estadual da Rocinha C4, neste sábado (13) às 16h. A biblioteca fica na Estrada da Gávea, 454, na região da Cachopa.

A proposta foi idealizada pela guia de turismo Merynha Sorriso, de 50 anos, em parceria com outras lideranças femininas da comunidade. Ela conta que a ideia de criar um evento para debater o tema surgiu em um grupo na Internet, após os crimes brutais que assustaram a Rocinha.

“Esse evento foi criado a partir de um grupo chamado Favela Zap, que nós temos aqui na Rocinha. E quando nós nos deparamos com essas mortes, nós começamos a nos mobilizar para fazer alguma coisa para que outros casos desses não aconteçam. Tivemos a ideia de fazer esse evento para tentar trazer a secretaria da mulher para cá. Com a secretaria, as mulheres teriam todo o tipo de atendimento tanto com a patrulha da Lei Maria da Penha, quanto com acompanhamento psicológico, apoio jurídico com advogadas, aí criamos esse encontro no sábado”, contou.

“Convidamos a todos, inclusive os homens, porque os homens tem amigos, irmãos, parentes, então eles podem identificar se um amigo ou um parente dele age de maneira agressiva com a companheira, com a filha, ou até com a mãe, nunca sabemos. É importante conscientizar porque nós moramos em comunidade, todos pertos uns dos outros, as vezes a gente não presta atenção em uma atitude de um vizinho, de alguém próximo e isso poderia salvar vidas”, continuou.

“O objetivo é abraçar homens, mulheres e trans. Recentemente assassinaram e esquartejaram um trans, que também foi um feminicídio, pois ela também é uma mulher. Temos que lutar para acabar com a violência contra pessoas trans também, não podemos ficar parados”, finalizou Mery.

O evento terá a presença da PM, responsável pela patrulha da Lei Maria da Penha, Secretaria de Estado da Mulher, além de outros convidados. Após a roda de conversa, o grupo vai soltar balões com mensagens de paz e a frase “O amor não é sinônimo de violência”

Nas últimas duas semanas, quatro mulheres foram assassinadas por seus companheiros na comunidade. As vítimas foram Daniela Barros Soares, 29 anos, Carmem Dias da Silva, também de 29, Francisca Analice Mendes, 20, e Stefany Alves de Paiva, 19.

Relembre os crimes

Daniela Soares foi baleada pelo ex-companheiro, enquanto dormia com o filho mais velho. O suspeito entrou na casa e teria pedido ao adolescente que se retirasse do quarto para que ele conversasse com a mulher. Em seguida, o assassino atirou na cabeça da vítima, que ainda estava dormindo, e deixou a residência. Daniela deixou quatro filhos, sendo três com o assassino: dois gêmeos de 5 anos e uma menina de 7 anos, além do mais velho, fruto de outro relacionamento.

Um dia antes, no domingo (8), a faxineira Carmem Dias da Silva foi assassinada a golpes de faca pelo suposto namorado, que conseguiu fugir após o crime, mas foi preso horas depois por policiais da UPP Rocinha. Carmem deixou um filho de 5 anos.

No dia 29 de dezembro, o companheiro de Francisca Analice Mendes assassinou ela e a amiga, Stefany Alves de Paiva. As vítimas foram encontradas mortas dentro de uma casa na localidade conhecida como Roupa Suja, na Rocinha.

Fonte: O Dia.

Sair da versão mobile