O anestesista colombiano Andres Eduardo Oñate Carrillo. Foto: Reprodução/TV Globo.
O delegado Luiz Henrique Marques da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) afirmou, nesta terça-feira, que um ofício foi encaminhado ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) para apurar se o médico colombiano Andres Eduardo Oñate Carrillo, preso por cometer crimes de estupro de vulnerável e investigado por armazenar pornografia infantil, tinha licença para atuar como anestesista.
Contra ele foram abertos três inquéritos: dois deles apuram a acusação de estupro de vulnerável em dois hospitais diferentes. Já o terceiro inquérito investiga a posse de material pornográfico infantil e a criação de um perfil fake, que seria usado pelo acusado para aliciar crianças e adolescente na intenção de obter vídeo de conteúdo pornográfico.
— Esse fato ainda vem sendo apurado e não tá concluído. Isso é mais um agravante, e ele pode responder por mais um crime. Para a investigação, é importante que ele permaneça atrás das grades até para dar segurança para vítimas comparecerem à delegacia. Ele pode fugir, já que tem nacionalidade colombiana. Pode sair do Brasil a qualquer momento — afirmou o delegado.
O anestesista permanecerá preso aguardando julgamento, após a audiência de custódia realizada nesta terça-feira.
Inquérito 1
Andres Carrillo era investigado desde dezembro do ano passado, mas por suspeita de envolvimento com pornografia infantil. Ao examinar milhares de fotos e vídeos armazenados na nuvem pelo médico, os agentes encontraram dois registros em que ele filmava a si mesmo abusando de pacientes adultas. Uma das vítimas é uma mulher que foi operada no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, em dezembro de 2020. Até esta terça-feira, essa mulher não tinha procurado a delegacia, mas um inquérito foi instaurado.
Segundo a Secretaria estadual de Saúde, Carrillo deixou de atuar na unidade de Saquarema em setembro de 2021. Em nota, o órgão informou que “já solicitou à direção da unidade hospitalar todos os dados e prontuários do período em que o médico trabalhou como prestador de serviço e vai instaurar uma sindicância para apurar as devidas responsabilidades”.
Inquérito 2
O segundo inquérito se refere à paciente do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Fundão, Ilha do Governador. Ela estava internada para retirar o útero, em fevereiro de 2021, e se reconheceu nas imagens. Em depoimento, ela contou que estranhou ficar muito tempo desacordada após o procedimento, cerca de duas horas a mais que sua irmã, que havia feito a mesma cirurgia.
— Na hora que o policial me chamou, eu achei que era um golpe, não era possível. Sabe quando parece que você está vivendo um pesadelo? Ele perguntou: “Você quer ver a cena?”. Eu falei que sim, para ter certeza do que aconteceu comigo. Ele falou assim: “Eu vou te mostrar só uma cena”. E era eu na cena — contou a mulher.
Inquérito 3
Em outro inquérito, a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) investiga o colombiano também por produzir e armazenar pornografia infantil. Ele mantinha arquivadas mais de 20 mil imagens de abuso sexual envolvendo crianças e adolescentes, e para conseguir acessar as imagens, buscava por links escondidos em plataformas de vídeos. A análise do material chamou atenção pela gravidade e quantidade de arquivos, que incluíam até bebês com menos de 1 ano.
Na próxima etapa da investigação, os celulares e computadores de Andres serão periciados em busca de provas que possam ter sido apagadas. A polícia também apura se ele se passava por criança nas redes sociais em um perfil falso para aliciar menores.
Fonte: Extra.