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Justiça do Rio aceita denúncia do MPRJ contra acusados de matar meninos de Belford Roxo

Lucas Matheus, 9 anos, Alexandre Silva, 11, e Fernando Henrique,12. Foto: Reprodução.

A Justiça do Rio aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) contra os oito acusados de envolvimento na morte dos meninos Alexandre da Silva, de 10 anos, Lucas Matheus da Silva, de 8 anos, e Fernando Henrique Ribeiro Soares, de 11 anos, na Comunidade do Castelar, em Belford Roxo, Baixada Fluminense.

De acordo com o documento, as vítimas foram torturadas por terem furtado um passarinho na comunidade. Um deles morreu no local, em decorrência da tortura. Os outros dois meninos foram executados pelos criminosos. Os crimes aconteceram em dezembro de 2020 e os corpos nunca foram encontrados.

A denúncia, recebida pelo juiz Luís Gustavo Vasques, da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo, tornou Edgar Alves de Andrade, José Carlos dos Prazeres Silva, Wiler Castro da Silva, Victor Hugo dos Santos Goulart, Ana Paula da Rosa Costa, Ruan Igor Andrade de Sales, Rafael Dias de Oliveira e Julio Cesar Carvalho Ramos réus do processo.

O magistrado também decretou a prisão preventiva de sete acusados. O réu Júlio César Ramos, que responde por ocultação de cadáver, cumprirá medidas cautelares.

“Verifica-se que resta evidenciado não apenas pela intensa gravidade dos delitos imputados aos citados réus, que, sem dúvida alguma, por si só já causa intranquilidade social, exigindo cada vez mais a adoção de uma postura rígida por parte das autoridades constituídas no sentido de restabelecer a paz social, mas também pelo modus operandi desenvolvido, revelador de alta periculosidade dos agentes a pôr em risco a sociedade como um todo”, escreveu o juiz na decisão.

Relembre o caso

Os parentes das crianças registraram um boletim de ocorrência na delegacia da cidade e utilizaram as redes sociais para divulgar fotos dos meninos e pedir ajuda na busca, mas nenhum dos três foi encontrado.

Após oito meses de investigações, a Polícia Civil chegou a conclusão do crime por meio de interceptações telefônicas e áudios. Na época, conclui-se que os três foram mortos por traficantes do Castelar, onde moravam. Em dezembro de 2021, foi realizada uma operação para prender 56 traficantes que atuaram, direta ou indiretamente, na morte das crianças.

O motivo do assassinato das crianças teria sido o roubo de um passarinho. Uma testemunha do caso informou à polpicia que ouviu os meninos se programando para “fazer um rolo com os passarinhos na feira”. A feira de Areia Branca é conhecida pela negociação de passarinhos, conforme a reportagem mostrou em outubro.

Uma outra testemunha disse que ouviu de Wille de Castro, o Estala, então gerente do tráfico do Castelar, que ele havia matado as crianças por elas terem pego o passarinho do seu tio. “Nós pegamos as crianças, matamos elas, elas estavam roubando no morro, pegaram o passarinho do meu tio para vender na feira”, segundo o relato.

A polícia reuniu provas de que os meninos foram autorizados a passar por uma sessão de espancamento como castigo; uma das crianças não resistiu e, as outras, foram mortas como queima de arquivo.

A autorização teria partido dos traficantes Piranha e Doca, chefes do Comando Vermelho. Piranha teria sido morto em um tribunal do tráfico após repercussão do caso; Doca continua atuante no Complexo da Penha.

Fonte: O Dia.

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