Pais da criança durante atendimento com assistentes sociais da prefeitura Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Miguel causou surpresa quando veio ao mundo, dentro de um ônibus, há pouco mais de uma semana. O espanto se repetiu dois dias depois do parto: o recém-nascido foi levado para um abrigo por decisão da Justiça, que considerou estar diante de um caso de “negligência grave”. Agora Camila Santos de Souza, mãe do bebê nascido no último dia 16, confirmou ter no total oito filho.
Camila contou que Miguel e as três crianças mais novas são filhos de Wagner Sacramento, seu marido. A mais velha, cujo pai já é morto, tem 18 anos. Ainda segundo a mãe, outros três filhos, de 10, 14 e 16 anos, fruto de um terceiro relacionamento, morariam com avós paternos no Maranhão. Procedimento instaurado no Conselho Tutelar em 2016, para o acompanhamento do quinto filho de Camila, o primeiro com Wagner, revela que desde aquela época a família teria ignorado alertas das autoridades.
Ontem, Miguel foi registrado por determinação da 3ª Vara da Infância, Juventude e do Idoso. A intenção seria evitar a falta de cuidados que já atinge os outros filhos do casal, de 7, 5 e 2 anos: eles não possuem certidão de nascimento, carteira de vacinação e nunca foram à escola. Sobre as crianças que morariam no Maranhão, Camila disse que a guarda está com a avó paterna, com quem mantém bom relacionamento.
— A avó cuida deles e me dá o maior apoio. Eles estão no Maranhão, mas também ficam aqui — afirmou, antes de dizer que sua mãe deve pedir a guarda dos filhos mais novos, que vivem com ela no Rio.
Camila admitiu ter errado ao não matricular os filhos na escola, mas disse só ter sido procurada pelo Conselho Tutelar uma vez, em 2020. A Secretaria municipal de Assistência Social diz, no entanto, que tentou orientar a família e foi diversas vezes à casa da mulher, mas não a encontrou.
Flafson Barbosa, advogado da mãe, explica que está providenciando a emissão de documentos de Wagner e o Cadastro Único de Camila:
— Para que ela possa receber benefícios do governo — diz.
Fonte: Extra.