Monique Medeiros foi indiciada por homicídio duplamente qualificado e por omissão quanto à tortura. Foto: Marcos Porto/Agência O Dia.
A Prefeitura do Rio determinou o afastamento de Monique Medeiros do cargo que ela havia assumido na Secretaria Municipal de Educação na última semana. A mãe do menino Henry Borel estava afastada da pasta desde abril de 2021, quando foi presa acusada de matar o próprio filho, mas conseguiu retornar, porque é concursada e aguarda o julgamento em liberdade, depois ter a prisão revogada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão foi publicada no Diário Oficial do Município desta quarta-feira (25).
Monique estava em uma função administrativa no almoxarifado e vai ficar afastada do cargo até que seja concluído o processo administrativo. Em um vídeo publicado na manhã de hoje pelo secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, ele explicou que a pasta investiga possíveis irregularidades cometidas pela servidora, como inconcistências em sua folha de ponto, conduta incompatível com a função, além do pedido de licença por 60 dias apresentando um atestado médico. A solicitação foi negada após perícia do corpo técnico da prefeitura.
“Com base em novas descobertas realizadas pela nossa equipe, pudemos publicar no Diário Oficial de hoje essa medida. A Secretaria de Educação se deparou com novos fatos que envolvem a servidora, como o atestado apresentado por ela em menos de 24 horas após ter se tornado público o seu retorno ao trabalho. (…) Instauramos hoje um novo processo administrativo e comissão de sindicância para apurar outras possíveis irregularidades cometidas recentemente pela servidora, como por exemplo, inconsistências apresentadas em sua folha de ponto, até conduta incompatível com a função que ela exerce”, explicou o secretário.
Mesmo com o afastamento, Monique vai continuar recebendo salário. “O que eu, pessoalmente, acho um absurdo, ter que pagar para quem não trabalha. Mas, estamos cumprindo a lei”, destacou Ferreirinha, que voltou a afirmar que gostaria que ela fosse demitida da secretaria. Entretanto, o titular da Educação apontou que a medida vai ajudar na retomada da normalidade das atividades do setor onde a mãe de Henry estava atuando, já que os colegas de trabalho estariam incomodados com sua presença.
“A minha vontade é que Monique Medeiros fosse demitida o quanto antes, mas é preciso seguir todo o rito jurídico. Como ela foi solta pelo STJ, estamos tendo que lidar com essa situação que chocou a todos. É importante ressaltar, também, que esse afastamento publicado hoje no Diário Oficial nos ajuda a retomar a normalidade no setor onde Monique estava trabalhando. Os servidores e a população estão indignados e com razão, essa indignação também é minha. Não deve ser fácil dividir o dia a dia de trabalho com alguém acusado de um crime tão bárbaro e que pode ser presa a qualquer momento”, pontuou.
Até agosto de 2020, a mãe de Henry Borel exercia o cargo de diretora na Escola Municipal Ariena Vianna da Silva, no bairro de Senador Camará, na Zona Oeste da cidade. Ela deixou o cargo para atuar no gabinete do conselheiro Luiz Antônio Guaraná, no Tribunal de Contas do Rio (TCMRJ). Monique foi exonerada do órgão em março de 2021, mas não perdeu a matrícula no município por ser concursada e estar licenciada.
“Tomamos a melhor medida pensando no bem-estar dos servidores que fazem acontecer na nossa rede e para mantê-la totalmente afastada de qualquer criança da rede municipal de educação e de qualquer uma das nossas escolas. Eu tenho que proteger a nossa instituição, que é a Secretaria de Educação do Rio, tenho que preservar nosso servidores que fazem acontecer diariamente. Eu vou sempre fazer tudo que estiver ao meu alcance para isso. Infelizmente, a Justiça no Brasil é muito lenta e precisamos todos cobrar celeridade na conclusão desse julgamento”, completou Renan Ferreirinha.
Relembre o caso
Henry Borel, de 4 anos, foi levado para um hospital da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, na madrugada de 8 de março de 2021. O menino chegou à unidade de saúde com manchas roxas em várias partes do corpo e o laudo da perícia apontou que a morte dele foi provocada por laceração hepática. O caso foi investigado pela 16ª DP (Barra da Tijuca), que concluiu, em maio do mesmo ano, que o ex-vereador Jairo de Souza, o Jairinho, seu padrastro à época, agredia o a criança.
O inquérito também revelou que Monique sabia que o filho vinha sendo vítima do padrasto, mas se omitia. O ex-vereador e a mãe da criança foram indiciados por homicídio duplamente qualificado. Jairinho foi denunciado ainda por tortura e Monique por omissão quanto à tortura. A juíza Elizabeth Louro, do 2º Tribunal do Júri, decidiu que o ex-casal vai a júri popular.
Fonte: O Dia.