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‘Meu pai não queria ir no passeio’, diz filho de passageiro desaparecido após naufrágio de embarcação na Baía de Guanabara

Foto: Reprodução/arquivo pessoal

O tosador de cachorro, Everson Costa de Assunção, de 46 anos, e a esposa Ana Paula de Souza, de 46 anos, são dois dos 14 passageiros que estavam a bordo da traineira que virou na tarde de domingo na Baía de Guanabara. Segundo o filho do tripulante, Caio Trindade, de 24 anos, o pai, que ainda está desaparecido, comentou com amigos próximos na semana anterior que não estava sentindo vontade de fazer o passeio. A madrasta do jovem foi resgatada com vida pelo Corpo de Bombeiros. Na manhã desta segunda-feira, os corpos de um homem e de uma mulher foram encontrados, mas seguem sem identificação. Três seguem desaparecidos.

— Meu coração está apertado. Estou sentindo aflição de não saber onde ele está. Ele disse que não queria fazer o passeio, mas foi assim mesmo porque minha madrasta queria muito ir. Pelo que conheço dele, tenho certeza que na hora do acidente ele deve ter tentado ajudar outras pessoas. Meu pai sabia nadar, tenho esperanças que ele seja encontrado com vida — desabafou Caio, que não fazia ideia que Everson e Ana Paula tinham pago o passeio de barco.

— Fui informado pela minha tia que eles estavam a bordo. Tomei um susto porque ele não havia comentado nada.

Leila Assunção, tia de Caio, esteve na manhã desta segunda-feira no Instituto Médico-Legal (IML) do Rio buscando informações sobre o paradeiro do irmão. Segundo ela, a cunhada relatou não ter visto o marido depois do acidente.

— Ela foi resgatada e está em estado de choque. Toda machucada. Ela subiu no casco da traineira, e aqueles mariscos que ficam no casco arranharam ela. Ela só chora. Ela só falava “foi horrível, foi horrível”. Ela diz não ter visto mais o marido depois do naufrágio. Ela está muito mal, só chora — afirma Leila.

Ana Paula foi encontrada pelo Corpo de Bombeiros próximo à encosta da Baía de Guanabara, próximo às pedras, horas após o acidente e encaminhada para o Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, segundo relatou o enteado. Ana Paula teve alta médica na manhã desta segunda-feira.

— Ela está bem. Está sedada e por isso ainda não tive como conversar com ela para pegar detalhes do que aconteceu. Espero que meu pai seja encontrado logo. Eu fui na casa deles no sábado, mas não estavam lá. A última vez que vi meu pai foi na sexta-feira passada. Espero que essa não tenha sido a última — disse o jovem muito emocionado.

A família de Everson, que mora em Bancários, na Ilha do Governador, gostava de se reunir aos finais de semana. O casal que está junto há seis anos. Segundo Caio, os dois tinham o costume de fazer o passeio de barco, pelo menos, duas vezes por ano. No entanto, a informação de que o pai teria planejado a viagem de barco sem avisar os parentes o pegou de surpresa.

— Eu vi o tempo virando, mas não dei tanta importância. Achei que meu pai estava em casa. Ele não comentou comigo que iria fazer o passeio. Eu fiquei sabendo que ele estava na embarcação quando vi o jornal anunciando. Minha tia me ligou e avisou que minha madrasta estava no hospital.

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Leila Assunção, de 47 anos, e Verenda Assunção, de 48, foram ao Instituto Médico-Legal (IML) na manhã desta segunda-feira para tentar informações sobre o irmão, Everson Assunção, também de 48, que segue desaparecido desde que a traineira naufragou na Baía de Guanabara.

As duas contam que o passeio feito pelo irmão, a cunhada e alguns amigos é normal na região.

— Eles saíram dos Bancários e foram para a Ilha de Jurubaíba, que fica entre Paquetá e a Ilha do Governador. É um passeio normal, eu mesma já o fiz algumas vezes. A gente contrata uma traineira e passeia por essa ilha. Os condutores costumam ser muito espertos e sabem quando o tempo está virando — conta Leila.

Segundo as irmãs, apesar de não terem informações sobre Everson, seguem na esperança dele estar vivo:

— Meu irmão é forte, ele pratica esportes. Mesmo com o tempo está passando, ainda temos esperança. O fio de esperança ainda existe.

A embarcação estava com 14 pessoas, das quais seis foram resgatadas com vida e três mortas. Cinco continuam desaparecida até a atualização desta matéria.

— Muitos conhecidos meus estão desaparecidos. É um momento de incerteza. Nenhum órgão soube nos informar. Ontem ficamos de campana na porta da Transpetro. Não temos informações.

— A minha irmã sabia desse passeio que ele ia fazer. Quando ela viu que estava formando a tempestade, ela conseguiu falar com ele e pediu para que tomasse cuidado e disse que tinha uma tempestade vindo em direção à Baía de Guanabara. A última vez que ela falou com ele foi por volta de 16h. E ela ficou apreensiva nesse tempo. Ela estava também preocupada comigo. Quando cheguei em casa, ela me contou que estava preocupada. Como lá é ruim de sinal, mandei mensagem e ficamos aguardando — conta Verenda

Em nota divulgada pelo Corpo de Bombeiros às 9h15 nesta manhã, foi informado que mais dois corpos foram encontrados: um homem, próximo ao vão central da Ponte Rio-Niterói, e uma mulher, dentro da embarcação. A identificação das vítimas será feita no IML.

Fonte: Extra.

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