Dois irmãos foram retirados com vida dos escombros na província de Kahramanmaras, na Turquia, nesta terça-feira — 198 horas após o devastador terremoto que atingiu o país, no último dia 6. Segundo a agência de notícias Anadolu, o primeiro resgatado foi Muhammed Enes Yeninar, de 17 anos, e, em seguida, Baki Yeninar, 21. De acordo com o balanço atualizado de vítimas, o desastre causou mais de 37 mil mortes na Turquia e na Síria, que também foi severamente atingida. As autoridades turcas informam que 31.643 mortes foram confirmadas, enquanto no país vizinho foram mais de 5,8 mil, conforme levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) e do governo sírio.
A emissora CNN baseada na Turquia informou ainda que, pouco depois, um jovem de 18 anos, identificado como Muhammed Cafer, foi encontrado com vida em Adiyaman.
Outro resgate havia sido realizado na Turquia, 183 horas após o tremor. Em Hatay, socorristas retiraram dos destroços um homem de 67 anos chamado Huseyin Berber.
Apesar de cada vez mais difícil, equipes de resgate conseguiram retirar sobreviventes dos escombros de cidades inteiras que ficaram em ruínas uma semana após o tremor de magnitude 7,8.
Nesta segunda, um menino de 12 anos foi resgatado na província de Hatay, 182 horas depois do terremoto, noticiaram os jornais turcos.
Na Síria, o número de mortos permanece estável há dias, o que indica que este balanço pode aumentar.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, pediu nesta segunda-feira ajuda internacional para “a reconstrução das infraestruturas” destruídas pelo terremoto no país, onde a ONU estima que mais de 5 milhões de pessoas estão desabrigadas.
Assad fez o apelo após um encontro com o chefe de emergências da ONU, Martin Griffiths, que esteve em Damasco e Aleppo nesta segunda.
Griffiths deve apresentar uma avaliação da situação durante uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança da ONU, convocada por Suíça e Brasil.
No último fim de semana, Griffiths já denunciou o fracasso do envio de ajuda à Síria.
Destruição
Os sobreviventes da tragédia veem-se confrontados a situações desafiadoras de falta de água e condições sanitárias precárias.
Na cidade turca de Kahramanmaras, perto do epicentro, foram montadas 30 mil barracas e há 48 mil pessoas desabrigadas em escolas e outras 11,5 mil alojadas em centros esportivos.
Hatice Goz, uma psicóloga voluntária na província de Hatay, disse que as equipes de resgate recebem “uma avalanche de chamadas” de pais desesperados perguntando por seus filhos desaparecidos.
A cidade turca de Antakya, uma cidade milenar conhecida como Antioquia na antiguidade, foi devastada e o terremoto destruiu a mesquita mais antiga do país.
— Este lugar tem um significado muito importante para nós — disse Havva Pamukcu, com um suspiro. — Era um lugar precioso para todos nós, turcos e muçulmanos. As pessoas costumavam vir aqui antes de fazer a peregrinação a Meca.
Na cidade, equipes de remoção de escombros começaram a trabalhar e instalar banheiros de emergência. Um repórter da AFP constatou o retorno do sinal de telefone.
O vice-presidente turco, Fuat Oktay, disse no domingo que 108 mil prédios foram danificados na área atingida pelo terremoto, 1,2 milhão de pessoas estão alojadas em moradias estudantis e 400 mil afetados foram retirados da região.
O prejuízo financeiro do desastre pode passar de 84 bilhões de dólares (R$ 435 bilhões), estimou a federação de empresas Turkonfed em um informe nesta segunda.
Na Turquia, cresce a indignação com a má qualidade dos edifícios e a resposta do governo.
Fonte: Extra.