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    Matador de São Gonçalo conhecia as vítimas e planejava matar mais uma pessoa antes de ser preso

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    Uanderson (à esquerda) e Philipe Foto: Reprodução

    O mototaxista Uanderson Chermaut Rodrigues, de 30 anos e o comparsa Sidclei Cruz de Jesus, 29, ambos moradores do bairro Barracão, em São Gonçalo, foram presos na última sexta-feira por agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), suspeitos de sequestrar e matar três pessoas no município. Segundo as investigações, os corpos das vítimas eram enterrados num cemitério clandestino na localidade de Ipiíba, no bairro de Santa Isabel.

    Como agia o suspeito, segundo a polícia

    O delegado responsável pelo caso, Augusto Motta Buch, diz que Uanderson conhecia as vítimas e premeditava os assassinatos com frieza. Mesmo tendo uma arma de fogo, ele “costumava executá-las utilizando faca e pedaços de madeira, para fazê-las sentir dor”. Já o companheiro, Sidclei, tinha conhecimento das mortes e o ajudava com os sequestros.

    Além disso, Uanderson e o comparsa costumavam assaltar veículos e motos e ficavam com os pertences das vítimas, diz Buch: “Sentimos que ele é um cara frio. Admitiu que matou as vítimas a facadas sem demonstrar arrependimento, sem nenhum remorso. Todas as mortes tinham um padrão, características de um psicopata, serial killer”.

    Sidclei, explica o delegado, confessou a participação em uma das mortes e deu detalhes de onde estavam os corpos assim que foi preso.

    A polícia também identificou, através do inquérito, que mototaxista planejava matar outra pessoa no domingo assim que voltasse de um sítio próximo ao município de Casimiro de Abreu, onde foi preso. Uanderson só não cometeu o crime, afirma Buch, porque foi preso antes.

    Proximidade com as vítimas

    Desaparecido desde fevereiro, o corpo do mototaxista Philippe Prado, de 29 anos, foi encontrado pela polícia em uma região de mata, em São Gonçalo, na última sexta-feira. O jovem era conhecido de Uanderson há pelo menos dez anos. Eles trabalhavam juntos no ponto de mototáxi e costumavam frequentar a casa um do outro, no bairro Barracão. Segundo a irmã da vítima, Lorrayne Prato, o assassino “era uma pessoa aparentemente boa, comunicativa, tinha facilidade em fazer amizade”.

    — Ele (Uanderson) ainda chamou o meu primo para ir nos matos ajudar à procura o meu irmão. Ele sabia onde estava o corpo. Meu pai, na hora que meu irmão sumiu, mandou mensagem para ele perguntando. E ele respondeu falando que não sabia. Ele é um monstro — desabafou Lorrayne, afirmando sobre o estado da família.

    Em depoimento à polícia, o mototaxista confessou ter matado Philipe por conta de uma cobrança de dívida. Ele devia dinheiro ao pai da vítima e se recusava a quitar o valor. Segundo o delegado Augusto Buch, Uanderson teria se “irritado” com Philipe pelas cobranças incessantes e planejado a morte dele com ajuda do companheiro de empreitadas criminosas que durante o sequestro chegou a pedir dinheiro aos familiares.

    — Estamos todos em choque. Meu irmão não merecia isso. Ele era muito doce e ajudava todo mundo. A filha dele de 5 anos está perguntando todos os dias por ele, minha mãe está a base de remédios. Ele trabalhava com meu irmão no ponto do mototáxi. Foi lá que se conheceram e ficaram próximos. Ele frequentava a casa da nossa família, comia e bebia — afirmou a irmã, confessando que desconfiava do comportamento do assassino, que “invejava a vida do irmão”. — Ele tinha muita inveja do meu irmão. Ele (Uanderson) chegou a falar para minha cunhada que meu irmão era sortudo de ter uma família e que ele era doido para ter uma vida igual a dele.

    — O Sidclei confessou ter participado. Ele pegou uma corrida com o Philipe e o pediu para que ele o levasse até o local do crime. Lá, ele amarrou a vítima e colocou um capuz na cabeça. Em seguida, Uanderson chegou, o matou e enterrou o corpo no local — pontuou o delegado sobre a dinâmica das mortes, afirmando que Sidclei ficou com a motocicleta roubada da vítima como forma de pagamento.

    O corpo de Philipe foi sepultado nesta segunda-feira no cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, de acordo com familiares.

    ‘A mãe que ele não teve’

    O corpo da idosa Maria Aparecida Carvalho ainda não foi localizado. Segundo a polícia, ela e Uanderson tinha um relacionamento afetivo e também se conheciam há anos. O delegado afirma que a vítima era como “uma segunda mãe” para Uanderson e teria sido morta a pauladas após um desentendimento por dinheiro.

    — Eles tinham uma relação afetiva e a considerava como mãe. O amigo dele, Sidclei, confessou que Uanderson a matou e enterrou o corpo no mesmo local dos outros. Acreditamos que as mortes eram corriqueiras para ele. Por isso desconfiamos que possa haver mais vítimas. Seguimos fazendo diligências — afirmou.

    Em 2020, Maria Aparecida chegou a fazer uma postagem pedindo ajuda para localizar uma motocicleta roubada que seria de Uanderson. Na publicação, Aparecida chama o assassino de “amigo”.

    “Roubaram a moto do meu amigo mototáxi, por favor se souberem onde está avise pfvr!!”.

    ‘Aceitou uma corrida e foi morto’

    O motorista de aplicativo Edenilson Bernardo Pereira de Souza, de 68 anos, desaparecido desde novembro do ano passado. Segundo as investigações, o idoso saiu do bairro Santa Rosa, em Icaraí, por volta de 6h para trabalhar, como de costume, e não foi mais visto. Parentes do motorista afirmaram à época que havia aceitado uma corrida para São Gonçalo, no bairro Vista Alegre, quando desapareceu.

    Segundo a polícia, Edivaldo foi abordado por Uanderson e sequestrado. Tudo indica que o criminoso conhecia a rotina da vítima. Ainda conforme as investigações, o motorista morreu porque teria reagido à abordagem do criminoso.

    Uma das filhas de Edenilson, Daniela Velzi, contou que o pai trabalha como motorista de aplicativo há quatro anos. E que nesse tempo nunca havia acontecido nada com ele. Ela explicou que o idoso tinha o costume de pegar corridas das 6h às 9h30, voltando para casa por volta das 10h, para lanchar e para levar o neto autista a sessões de terapia. E apesar da linha de investigação, ela nega que o pai conhecesse o assassino.

    — Não, meu pai não conhecia ele. O policial nos informou que meu pai foi o único caso que o cara não conhecia a vítima. Estamos aliviados e agradecidos aos policiais, por termos respostas. Nós já havíamos explicado para as crianças que o vovô havia ido morar com Jesus e que ele estava muito bem e feliz com Ele — afirmou Daniela. O local do sepultamento ainda não foi divulgado.

    Uanderson e Sidclei estão em prisão temporária e devem responder por homicídio, sequestro e roubo. A polícia também segue fazendo diligência para identificar possíveis vítimas.

    Fonte: Extra.

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    Sara Celestino
    Sara Celestinohttps://gazeta24horasrio.com.br
    Repórter-fotográfica, atuando na produção de conteúdo com objetivo de compartilhar a melhor informação para manter você bem-informado! E-mail. [email protected]

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