Letycia Peixoto Fonseca morreu no oitavo mês de gestação Foto: Reprodução
Uma semana depois que Letycia Peixoto Fonseca foi morta a tiros na rua da casa da mãe, em Campos dos Goytacazes, a família se apega às memórias que tem da engenheira. Grávida de oito meses, o último vídeo gravado por Cintia Pessanha Fonseca mostram a felicidade da avó com a chegada do primeiro neto, Hugo, que aparece chutando a barriga da mãe.
— Olha o Huguinho na barriga querendo sair, chutando. Ele está dizendo “não estou gostando desse lugar apertado” — brincava a avó. Cintia lembra que as imagens foram gravadas em 18 de fevereiro e foram após uma ida de Letycia ao salão, já não tão frequentes por conta da gravidez:
— Ela já não podia pintar e estava com a raiz toda escura. Passou no salão, pintou as unhas, ajeitou o cabelo e falou para mim: “Pronto, realidade restaurada”. No carro, eu pedi para mandar uma fotinha para o papai, em que eu falo “olha aí o nosso bebê”, que era como eu e o pai dela (Alcimar) a chamávamos — lembra Cintia
Nas imagens, a voz ao fundo é de Cintia, que se divertia ao filmar a filha, vestida com um vestido lilás, enquanto Letycia dirigia.
Letycia morreu enquanto deixava a mãe, Cintia Pessanha Fonseca, e a tia, Simone Peixoto, após visitarem o apartamento para o qual a gestante estava de mudança. Ao encostar o carro, foi cercada por uma moto, em que o garupa desferiu os disparos contra ela. Hugo chegou a nascer numa cesariana de emergência, mas morreu no dia seguinte. Mãe e filho foram enterrados no último dia 3.
‘É isso que faz o sujeito desabar’
Já o tio de Letycia, Célio Peixoto, resgatou um vídeo em que a vítima aparece cantando versos da música “Pais e filhos”, da banda Legião Urbana.
— Essa música ficou perfeita: aproveitar a vida como se não houvesse amanhã — disse Célio, em referência a um dos versos da canção. — Só que não houve o amanhã para ela.
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que Letycia é baleada. Seu tio Célio conta que tenta seguir a vida, mas, ao se deparar com essas imagens, fica abalado:
— A gente ainda não caiu na real. Só fico abalado quando vejo o vídeo dela levando os tiros e a mãe dela tentando socorrer. O que choca muito é lembrar da mãe dela tirando o sangue da cabeça dela, para tentar estancar, e fazendo a respiração boca a boca, para ela não sufocar. É isso que faz o sujeito desabar um pouco, mas o resto a gente está tentando voltar à normalidade, que nunca vai voltar.
Fonte: Extra.