Entrada do batalhão de Jacarepaguá Reprodução
O governo do estado publica, nesta quinta-feira, no Diário Oficial do Estado decreto assinado pelo governador Cláudio Castro que cria um grupo de trabalho para redefinir e aperfeiçoar essas áreas de atuação nas unidades das duas polícias. Além da proposta de criação de um batalhão em Copacabana, com foco no atendimento a turistas, há propostas de atenção especial aos bairros de Jacarepaguá e do Méier; aos municípios de São Gonçalo e Nova Iguaçu; e à Região dos Lagos.
A criação de novos batalhões em Jacarepaguá e na orla da Avenida Atlântica deve ganhar forma ainda este ano, segundo o governo do estado. A previsão é que o novo quartel na Zona Oeste seja instalado em Campinho, cuja área está deflagrada nas imediações do Morro do Fubá. Embora o bairro seja atribuição do 9º BPM (Rocha Miranda), a preocupação do coronel Luiz Henrique Marinho Pires, secretário de Polícia Militar, é com o 18º BPM (Jacarepaguá), na Freguesia, que concentra ocorrências oriundas da disputa de facções pelos morros da Chacrinha, do Bateau Mouche e do Barão, no bairro da Praça Seca.
Segundo o governo, hoje há 800 policiais militares lotados no 18º BPM e cerca de 800 mil moradores na região (a estimativa do governo atualiza número do IBGE, que calculou em pouco mais de 570 mil os moradores da área em 2010) que toma por base a Aisp 18, coberta pelo batalhão, a 28ª DP (Campinho), a 32ª DP (Taquara) e a 41ª DP (Tanque).
— Vamos fazer um redesenho da distribuição do policiamento no estado por conta do aumento da população e das mudanças sociais e econômicas ocorridas nessas regiões ao longo dos anos. Aumentou o número de pessoas circulando nas ruas, aumentou a quantidade de comércios. A tendência é que o crime também se desloque para essas regiões. Então o estado tem que apresentar soluções que acompanhem essas mudanças — disse o governador Cláudio Castro.
Dois quartéis
A ideia inicial é que o batalhão de Jacarepaguá seja dividido por dois quartéis: um voltado para a Freguesia, outro para o Campinho. Do efetivo atual de 800 PMs, que inclui agentes de férias, licença médica e espalhados por escalas de trabalho, o que sobra para o policiamento nas ruas cai para cerca de um quarto.
Na opinião do antropólogo e membro do Laboratório de Análise da Violência (LAV) Robson Rodrigues, criar batalhões é um contrassenso porque, com o problema de efetivo na corporação, haveria a necessidade de uma estrutura com mais pessoal.
— O importante é descentralizar, e não criar uma estrutura pesada, ainda mais quando a PM se espelha no antigo modelo do Exército. São monstrengos que usam muito pessoal na atividade burocrática. Quanto ao batalhão da orla da Avenida Atlântica, acho um retrocesso. Vai reduzir os índices de violência da Aisp 19. Mas como é que fica a série histórica? E se um crime comum acontecer na orla, o 19º BPM, do lado, não irá ao local? — questiona o coronel da reserva da Polícia Militar.
Perguntado sobre como irá resolver o problema da falta de efetivo da PM para montar novas unidades, o comandante afirma que a resposta será dada pelo gtCC:
— Essa atualização é mais do que necessária. Temos que fazer um planejamento por fases, prevendo recursos humanos e de logística. Cerca de 500 soldados que entraram agora são destinados aos batalhões. O efetivo atual é de 44 mil policiais, quando a previsão, segundo um estudo de 2015, deveria ser de 60 mil. Esse número também precisa ser revisto — avalia. — O que vai apontar a quantidade correta para determinada área é o estudo.
Fonte: Extra.