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Kiev deixa aviso a países que não apoiaram a Ucrânia

O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, afirmou, em entrevista à BBC em Kiev, que os países que decidiram ajudar, ou não, a Ucrânia, foram registrados e essa escolha pesará na construção das futuras relações diplomáticas.

“A guerra é um momento em que se tem que fazer uma escolha. E cada escolha foi registrada”, disse ele.

Acrescentou que países que “maltrataram a Ucrânia” serão responsabilizados após o fim do conflito.

“Se alguém no mundo pensa que a forma como esse ou aquele país se comportou (ou tratou a Ucrânia) durante o momento mais sombrio da sua história não será levada em consideração, na construção de relações futuras, essas pessoas simplesmente não sabem como funciona a diplomacia”, advertiu o ministro.

Entrega de munições

As nações ocidentais têm mostrado forte unidade no apoio à Ucrânia até agora, mas Kuleba deixa uma mensagem: “Queremos que os parceiros atuem mais rapidamente”.

Argumenta que os aliados ocidentais não estão sendo suficientemente rápidos no apoio militar à Ucrânia. Dá o exemplo da cidade oriental de Bakhmut e da necessidade de haver munições adicionais.

O Ocidente não estava preparado para um conflito à escala da Primeira Guerra, alega Kuleba, acrescentando que, a cada dia que não chega o apoio militar, morrem mais pessoas.

Para Kuleba, a situação em Bakhmut mostra-se “emocionalmente muito desafiadora”, por causa das perdas sofridas. E lembra que, se a cidade cair, outras localidades próximas terão o mesmo destino: “Então, para salvar vidas nesses lugares, temos de lutar em Bakhmut o máximo que pudermos”.

“E se uma entrega for adiada por um dia, significa que alguém vai morrer na linha de frente. “Significa que alguém que poderia estar vivo ainda vai morrer”, insiste.

Aliados

A Ucrânia tem recebido apoio militar e econômico das potências ocidentais desde a invasão russa, mas muitos países dos continentes africano, asiático e sul-americano permaneceram à margem.

Segundo Kuleba, até agora a Rússia não se mostrou disposta a negociar o fim do conflito. Mas o chefe da diplomacia ucraniana acredita que “todas as guerras terminam na mesa de negociações, depois de um sucesso definidor no campo de batalha”.

Para que isso aconteça, alianças terão de ser feitas. O ministro considera, todavia, que não há lugar para o papa. Kuleba manifesta decepção pelo fato de Francisco ainda não ter visitado a Ucrânia. “Lamentamos profundamente que o papa não tenha encontrado uma oportunidade de visitar a Ucrânia desde o início da guerra”.

Os Estados Unidos também foram tema da entrevista. Kuleba diz acreditar que, independentemente de quem ganhe as próximas eleições norte-americanas, o apoio à Ucrânia está garantido: “Acho que podemos sobreviver a qualquer voz republicana”.

O governante insiste que “o maior luxo de que a Ucrânia desfruta nos Estados Unidos é o apoio bipartidário nos campos democrata e republicano”.

No Twitter, a BBC destacou a resposta do ministro ucraniano à pergunta sobre o que estava por trás da diplomacia criativa que a Ucrânia tem demonstrado durante a guerra. Kuleba responde: “Historicamente, a Ucrânia foi injustamente subestimada e lamento que tenha sido necessário derramar tanto sangue e uma guerra devastadora para o mundo perceber como somos porreiros”.

“E nós seremos sempre afáveis, bons. Mas vocês levaram muito tempo para perceber isso”.

A entrevista foi feita no edifício do Ministério Relações Exteriores, no centro de Kiev, atualmente rodeado de guardas e sacos de areia.

Fonte: Agência Brasil.

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