A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) considera “perigoso e irresponsável” o plano de Vladimir Putin para a entrega de armas nucleares táticas à Bielorrússia. A intenção do presidente foi conhecida no sábado (25), no momento em que as forças de Moscou continuam a bombardear a linha da frente na cidade ucraniana de Avdiivka.
“A retórica nuclear da Rússia é perigosa e irresponsável”, declarou nesse domingo (26) Oana Lungescu, porta-voz da aliança atlântica. “A Otan está atenta e a monitora de perto a situação”.
“Até agora, não vimos qualquer mudança na postura nuclear russa que nos leve a ajustar a nossa”, afirmou Lungescu, acrescentando que o líder russo “pisou na linha” ao comparar seu plano para a Bielorrússia com a entrega de armas pelos Estados Unidos à Europa.
“A referência que a Rússia fez à partilha de armas nucleares da Otan é totalmente enganadora. Os aliados da Aliança Atlântica atuam com total respeito pelos seus compromissos internacionais”, disse em comunicado. A porta-voz da Otan lembrou que “a Rússia tem quebrado consistentemente seus compromissos de controle de armas”.
Em resposta, o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, afirmou hoje (27) que “os países da Otan fazem parte” do conflito na Ucrânia.
“Fizeram da Ucrânia um grande acampamento militar. Enviam armas e munições às tropas ucranianas, fornecem-lhes informações de inteligência”, disse em entrevista ao jornal russo Rossiyskaya Gazeta.
Wladimir Putin
O presidente russo, Wladimir Putin, afirmou, nesse domingo, que as potências ocidentais estão construindo novo “eixo” semelhante à parceria entre a Alemanha e o Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Ele negou que o seu país esteja fazendo aliança militar com a China.
Bielorrússia
Do lado ucraniano, o chefe de segurança Oleksiy Danilov disse que o plano russo de fornecimento de armas nucleares a Minsk vai desestabilizar a Bielorrússia, “feita refém” pelo país vizinho.
Entre as vozes que se levantaram para condenar a ameaça nuclear russa estão a do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, que pediu à Bielorrússia que não aceite receber as armas e ameaçou com mais sanções.
Os Estados Unidos, por outro lado, desvalorizaram a intenção de Putin. “Não vimos nada que indique que Putin esteja se preparando para usar armas nucleares táticas na Ucrânia”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.
“E posso adiantar que não há, no momento, nada que nos leve a mudar a postura estratégica de dissuasão nuclear”, acrescentou.
Os estreitos laços militares entre Moscou e Minsk têm sido reforçados desde o início da guerra, quando o presidente Aleksandr Lukashenko permitiu que o território bielorrusso fosse utilizado como ponto de partida para a invasão da Ucrânia.
Analistas políticos consideram significativa a recente ameaça russa de entrega de armas nucleares, já que o Kremlin se orgulhava de nunca ter implantado esse tipo de armamento fora das fronteiras da Rússia.
“Filme pós-apocalíptico”
Enquanto decorre a troca de acusações entre a Rússia e o Ocidente, a mais recente atualização do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia indica dois ataques russos com mísseis, 23 ataques aéreos e 38 ataques de foguetes contra militares ucranianos e áreas de infraestrutura em setores habitacionais.
As forças de Moscou concentram os principais esforços nas regiões de Avdiivka, Kupyansk, Lymansk, Bakhmutsk e Marinsk. Soldados ucranianos dizem ter repelido mais de 60 ataques inimigos.
“Lamento dizer isso, mas Avdiivka está se tornando cada vez mais um lugar saído de um filme pós-apocalíptico”, declarou Vitaliy Barabash, chefe da administração militar da cidade localizada a cerca de 90 quilômetros de Bakhmut, onde a batalha também tem se intensificado.
A Força Aérea da Ucrânia atacou, nos últimos três dias, as tropas russas, além de um posto de comando e um depósito de munições.
Fonte: Agência Brasil.