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Jovem do Complexo da Penha participa do Fórum de Juventude da ONU, em Nova York

Gabriela da Silva mora na Chatuba, no Complexo do Alemão, e vai representar a juventude carioca em um fórum da ONU, em Nova York.Tadeu Goulart / Divulgação

Desde os 7 anos de idade, Gabriela da Silva se esforça para jogar futebol na Chatuba, comunidade do Complexo da Penha onde cresceu. Na época, enfrentava a pouca idade e a exclusão dos colegas por ser menina, e agora, aos 23, precisa lidar com a falta de um centro esportivo adequado para treinar. Por identificar essas desigualdades, ela vai viajar, nesta segunda-feira, para o Fórum de Juventude do Conselho Econômico e Social da ONU, em Nova York, entre os dias 25 e 27 de abril, onde representará o Pacto pela Juventude, uma parceria da Secretaria Municipal da Juventude com a Unesco.

Fã do jogador Cristiano Ronaldo e torcedora assídua do Botafogo — time tatuado na pele —, ela treinava diariamente no centro esportivo da Vila Olímpica, no Complexo do Alemão, mas desisitiu após sete meses, já que não tinha dinheiro para a passagem de ônibus e levava mais de 30 minutos a pé para chegar até lá. A alternativa encontrada por ela foi frequentar o campo próximo a sua casa, onde elabora os próprios treinos a partir de vídeos do YouTube e das dicas dos antigos professores da vila.

Na rotina atual, ela acorda cedo, treina por pelo menos uma hora, volta para casa, onde cuida de uma sobrinha e, nas quartas, quintas e sábados, dá aula de futebol para crianças de 6 a 12 anos, um projeto da Street Child United Brazil (Scub), com quem ela viajou, em 2017, para a Inglaterra, após ter participado de um time que ganhou um campeonato na Penha.

— É minha segunda vez fora do Brasil, estou ansiosa, mas muito feliz! Parece até que eu sou um pouco artista, sabe? — pergunta tímida. — Desde que ingressei no Pacto pela Juventude, muitas portas se abriram pra mim, percebi que é possível chegar ao topo, o que era díficil, já que não há muitas oportunidades de onde eu venho — reforça.

Gabriela conheceu o Pacto pela Juventude por meio do perfil “JuvRio”, Instagram da Secretaria Especial da Juventude Carioca, indicação de um amigo. Em uma publicação, a página avisava sobre a seleção de bolsistas para o projeto, que ganhariam R$ 500 para estudar problemas dentro de suas comunidades e apontar soluções, além de oferecer preparação em grupo para concorrer às vagas.

Em outubro, Gabriela foi selecionada e, atualmente, participa das inovações ligadas ao esporte.

— Eu sempre falei que queria ser jogadora profissional, mas agora quero ser professora de Educação Física. Quero poder treinar meus alunos, ter recursos para incentivá-los. Eles perguntam todos os dias se vai ter aula, mesmo sabendo a resposta. São dedicados, felizes e isso faz o meu dia.

Fonte: Extra.

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