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‘Professora falou que quem errasse ia levar moca, mas eu nem sabia o que era moca’, diz aluno agredido em escola

 Professora é demitida após lesão corporal ser constatada em aluno agredido durante dinâmica em aula. Na foto, Pedro Henrique de Sousa Silva (menino), Cláudio Luís da Silva e Aline Neves. Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo 

Estudante do 6º ano do turno da manhã da escola municipal Graça Grijó, em São João de Meriti, Pedro Henrique de Sousa Silva, de 11 anos, chegou da escola próximo às 13h da última segunda-feira e relatou aos pais que o dia não tinha sido normal: durante a chamada, ele foi agredido por colegas de turma.

— Na hora da chamada, a professora pegou a gente de surpresa. Falou que ia ser “meme, mico ou moca”, e quem errasse ia levar moca. Eu nem sabia o que era moca, agora que sei que é cascudo — conta Pedro, que diz ainda que tentou fugir, mas que estava “cercado” por outros 15 colegas.— Eu sentia dor e vontade de chorar, mas a professora ficava rindo.

Morador do bairro do Jardim Botânico, em São João de Meriti, ele demora cerca de 40 minutos para se deslocar até a escola, que fica no bairro de Vilar dos Teles, localizado no mesmo município. Mas desde o episódio, ele não voltou à escola devido às dores e desconfortos que sente.

Após a constatação de lesão corporal, através do exame de corpo de delito, que aponta para uma “pequena tumefação traumática na região parietal bilateral”, o menino reclama dos galos na cabeça:

— Eu gosto de deixar meu cabelo de lado, mas a cabeça está doendo. Não deixei minha mãe pentear.

E as consequências em sua vida, segundo os pais, vão além. Pedro é uma criança que gosta de aproveitar o intervalo na escola para, além de lanchar, jogar bafo, que é uma brincadeira de tentar desvirar cartas com o bater da mão. Em casa, a rotina é de jogar no telefone ou ficar brincando na varanda, de bola, por exemplo, o que já não acontece mais.

— Na terça-feira, ele tentou brincar na varanda, mas depois falou que não estava aguentando. Somos evangélicos e, na hora de orar, ele não conseguiu abaixar a cabeça — lembra o autônomo Claudio Luís da Silva, de 54 anos, que narra episódios de tontura, dores de cabeça e ânsias de vômito no filho desde o episódio.

A família compareceu à 64ª (São João de Meriti) logo na segunda-feira, mesmo dia do ocorrido e, no dia seguinte, realizou o exame de corpo de delito. No fim da tarde desta quinta-feira, Claudio voltou à delegacia para pegar o resultado do exame e diz ter ficado “sem chão” após o resultado.

Revoltado, com o exame que apontava a lesão corporal, o pai segurava o papel se preocupando com o filho. Já a sua esposa, Aline Neves, também autônoma, de 44 anos, chorou ao ver a constatação do exame do filho.

— Vejo que está tudo bem, mas deu alguma coisa nesse exame. Isso me preocupa — dizia Aline, enquanto enxugava as lágrimas.

Nesta quinta-feira, o delegado Bruno Enrique Menezes, titular da 64ª DP, afirma que recebeu o depoimento de mais uma família, bem como da professora e da diretora da escola Graça Grijó, que compareceram de maneira voluntária à delegacia.

A prefeitura de São João de Meriti informou, através de nota, que rescindiu o contrato da professora, que não era concursada. A Secretaria de Educação do município “também abriu uma sindicância para apurar todos os fatos e continuar tomando as medidas cabíveis para que isso nunca mais se repita”.

Fonte: Extra.

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