Vídeo flagrou ação truculenta de agentes da Prefeitura do Rio na Praia da Copacabana. Foto: Reprodução/Redes Sociais
Um vídeo que circula nas redes sociais flagrou mais um episódio de truculência de agentes da Prefeitura do Rio contra vendedores ambulantes. O caso teria acontecido no último fim de semana, na Praia de Copacabana, na Zona Sul, e as imagens mostram uma equipe discutindo e agredindo um homem no calçadão.
No vídeo, é possível ver pelo menos quatro agentes com coletes azuis da Prefeitura do Rio cercando o ambulante, que levanta um carrinho de venda de milho cozido do chão. Em seguida, o vendedor parece discutir com um dos homens e é acertado por um golpe de cassetete. Logo depois, ele tenta fugir do local, correndo com a ferramenta de trabalho, mas é interceptado novamente pela equipe. Confira abaixo.
A covardia contra ambulantes continua.
Agora foi um vendedor de milho em Copacabana sendo agredido absolutamente sem justificativa por agentes da Prefeitura do Rio.
ABSURDO, CRIMINOSO E IMORAL! pic.twitter.com/rVQNVp8RRE
— Rodrigo Mondego (@rodrigomondego) May 23, 2023
De acordo com o Procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB/RJ), Rodrigo Mondego, as ações dos agentes da prefeitura flagradas recentemente não demonstram uma tentativa de controle urbano dos espaços públicos da cidade, mas uma repressão violenta aos vendedores ambulantes.
“É absurdo, criminoso e imoral a forma como a Prefeitura do Rio tem tratado os ambulantes da cidade. Não há ali uma tentativa de controle urbano, mas de reprimir com violência trabalhadores ambulantes na cidade do Rio de Janeiro. Tem que se criar políticas públicas para que esses agentes não ajam com violência contra a população, inclusive, com o uso de câmeras corporais para tentar inibir, de alguma forma, a truculência desses agentes contra esse segmento da sociedade”, afirmou o procurador.
Mondego destacou ainda que a administração municipal deve atuar apoiando os ambulantes. “A Prefeitura do Rio está agindo de forma absolutamente arbitrária e não parece uma tentativa de controle urbano, que seria o papel da prefeitura, de organizar os logradouros públicos, cadastrar esses trabalhadores, estabelecer uma assistência a esses trabalhadores, para que eles possam exercer seu trabalho, mas sim uma repressão truculante e exacerbada contra essas pessoas”.
Truculência contra ambulantes e camelôs
No último dia 9, uma tentativa de protesto de camelôs se tornou uma confusão generalizada na Avenida Atlântica, em Copacabana, depois que equipes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) e da Guarda Municipal realizaram uma abordagem que, segundo relatos, foi truculenta. Os participantes protestavam contra as recentes fiscalizações e, no ato, um fiscal ficou ferido e sete pessoas foram detidas.
Na ocasião, a prefeitura justificou que os agentes agiram após serem emboscados por ambulantes, que também apedrejaram uma viatura e tentaram dar início a um incêndio. A líder do Movimento Unido dos Camelôs (Muca) negou que a atitude dos ambulantes fosse uma emboscada. Segundo ela, na verdade, a ação era um protesto contra a fiscalização dos órgãos da Prefeitura do Rio que teriam tomado as mercadorias de vários trabalhadores na orla de Copacabana.
No mesmo dia, dessa vez na Praça Saens Peña, na Tijuca, Zona Norte do Rio, outra confusão terminou com um preso. No episódio, um guarda municipal foi flagrado batendo com um cassetete em pelo menos dois homens, enquanto outro aparece imobilizando e algemando um entregador de comida por aplicativo, que acabou preso por desacato e encaminhado para 19ª DP (Tijuca).
Segundo a instituição, agentes realizavam o patrulhamento de rotina na esquina da Rua General Roca com a Conde de Bonfim, quando um homem que estava comendo um lanche em uma barraca de ambulante começou a fazer provocações. “No momento da abordagem dos agentes, o indivíduo ficou mais agressivo e incitando a população contra os guardas”, explicou.
No dia 13 de abril, houve mais um flagrante de um ambulante sendo agredido, no Arpoador, na Zona Sul. Nas imagens registradas, é possível ver o momento em que o material de trabalho dele é recolhido e o vendedor tenta falar com um dos agentes, quando leva um tapa no rosto e recebe alguns xingamentos. O homem chegou a perguntar: “Vai me agredir?”, e o guarda respondeu: “Vou sim, por que?”, e em seguida xingou o rapaz. Confira abaixo.
Guarda municipal é flagrado agredindo ambulante no Arpoador, na Zona Sul do Rio, na noite desta quinta-feira (13).#ODia
Crédito: Redes Sociais pic.twitter.com/r7pXxVHGbp
— Jornal O Dia (@jornalodia) April 14, 2023
Sobre a situação, a Guarda Municipal informou que atuou em apoio aos fiscais da Coordenadoria de Controle Urbano e que durante a operação, os ambulantes se revoltaram e tentaram reaver algumas mercadorias que já tinham sido recolhidas. Ainda segundo a pasta, um ambulante foi conduzido para a 14ªDP (Leblon), após ter jogado um banco de ferro contra um agente. A pasta disse ainda que “não compactua com qualquer ação fora das normas estabelecidas” e que o caso foi enviado para a Corregedoria.
Em 5 de janeiro, outro episódio de violência contra ambulantes. Um vídeo registrou o momento em que uma vendedora foi agredida, após uma abordagem, na Praia de Copacabana. Nas imagens é possível ver a mulher caída de costas no chão, chorando e gritando por ajuda, com um guarda municipal com os joelhos em suas costas, tentando algemá-la. Outros agentes estão parados de pé, ao lado da vítima, até que um deles socorre a vítima. Confira abaixo.
Homem flagra vendedora ambulante sendo agredida fisicamente por guarda-municipal em Copacabana, em 31 de dezembro de 2022.
Crédito: Reprodução#ODia pic.twitter.com/2QuIA3rj2w
— Jornal O Dia (@jornalodia) January 5, 2023
De acordo com a Secretaria Municipal de Ordem Pùblica (Seop), a mulher que aparece no vídeo desacatou os agentes durante a fiscalização e estava exercendo atividade ilegal, como ambulante irregular, e portava garrafas de vidro, várias facas e estrutura. A pasta disse ainda que antes de ser detida, ela já tinha quebrado uma garrafa de vidro nas costas de um deles e a imobilização aconteceu por ela pegar uma faca e ir em direção à equipe.
Protesto na Câmara Municipal
No dia 27 de abril, um grupo de aproximadamente 50 camelôs se acorrentou aos portões da Câmara dos Vereadores, no Centro do Rio, em protesto contra ações de fiscalização da Prefeitura do Rio. Os manifestantes pediram o reconhecimento profissional e denunciaram atos violentos por parte da Guarda Municipal e da Secretaria de Ordem Pública (Seop).
Fonte: O Dia.