Entenda o que é racismo recreativo, crime que influencers são acusadas. Foto: Reprodução
A Justiça do Rio acolheu, na tarde desta terça-feira, pedido de liminar para o bloqueio, pelo prazo de seis meses, dos perfis das influenciadoras Nancy Gonçalves e Kerollen Cunha em redes sociais. As duas estão sendo investigadas por racismo após divulgação de vídeos em plataformas digitais, onde aparecem oferecendo uma banana, um macaco de pelúcia e até dinheiro para crianças negras, em São Gonçalo.
Na decisão, a juíza Juliana Cardoso Monteiro de Barros pede investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para apurar possíveis infrações ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em razão de “vídeos expondo crianças, adolescentes e idosos a situações vexatórias e degradantes”. A magistrada destacou o expressivo número de seguidores e o fato da ampla repercussão das imagens poder ter possibilitado a monetização das publicações, à custa da afronta de direitos fundamentais da criança.
“Como bem consignado na peça inicial, as redes sociais das requeridas nas plataformas YouTube, Instagram e TikTok somam cerca de 14 milhões de seguidores, o que fez com que as publicações tivessem ampla repercussão. Frise-se ainda que a ampla repercussão e disseminação das publicações podem ter sido “monetizadas”, trazendo além da grande visibilidade, lucros financeiros às requeridas às custas de situações que afrontam direitos fundamentais, tais como a dignidade da pessoa humana.”, diz um um trecho do documento.
O pedido de bloqueio nas contas de Kérollen e Nancy é valido pelos próximos seis meses. A determinação também impede que as influenciadoras criem novos perfis nas plataformas digitais. Caso a ordem seja descumprida, elas poderão ser multadas em R$ 5 mil por dia. No entanto, a decisão ainda cabe recurso.
Mais de 4h de depoimento
As influencers Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves foram ouvidas na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Centro do Rio, nesta segunda-feira. As duas chegaram na especializada às 10h e prestaram depoimento por mais de quatro horas. Tanto na chegada como na saída da delegacia, as duas não falaram com a imprensa.
As duas respondem a cinco inquéritos na Polícia Civil, sendo quatro por injúria racial na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), e um registrado apenas como injúria na 74ª DP, em Alcântara, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
Fonte: Extra.