Rio – A Polícia Civil realizou a prisão em flagrante de uma quadrilha que aplicava o golpe do empréstimo em idosos e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Centro de Niterói, Região Metropolitana do Rio. Na terça-feira (13), equipes da 76ª DP (Niterói) encontraram o grupo em um escritório que funcionava como uma falsa central de telemarketing da empresa Credit. Além disso, um homem que estava vigiando o local para alertar sobre a chegada de policiais também foi detido.
O escritório utilizado pela quadrilha possuía várias estações de trabalho com computadores, fones de ouvido com microfone, similares aos de centrais de telemarketing legítimas. Segundo as investigações, os criminosos utilizavam dois sistemas de correspondentes bancários para obter os dados dos clientes, especialmente o número do benefício do INSS, e depois utilizavam uma ferramenta de sistema de call center para realizar as ligações e oferecer empréstimos.
As investigações também revelaram que a organização criminosa enganava pessoas de todo o Brasil, uma vez que foram encontrados números de telefone com códigos de diferentes regiões do país, não apenas do Rio de Janeiro. No local, os agentes encontraram um cartaz com a inscrição “320k”, referindo-se à meta de R$ 320 mil que a quadrilha esperava atingir. Também foram descobertos diversos modelos de roteiros para aplicar o golpe, além de fichas contendo informações pessoais dos clientes, como CPFs e os bancos em que eram correntistas.
Nessas fichas, os golpistas atribuíam estrelas para classificar a dificuldade de aplicar o golpe, sendo a maior quantidade destinada aos mais fáceis de enganar e a menor para os mais difíceis. Eles também faziam anotações sobre suas percepções das vítimas. Por exemplo, escreveram “Tranquilo, pareceu um pouco esperto” sobre um cliente, “Questionou e não deu ideia” sobre outro e “Vai falar com a filha, ‘mais’ é burro” em referência a um terceiro.
Para algumas fichas, eram atribuídos adjetivos como “bonzinho”, “educada, esperta”, “não é flor que se cheire”, “chata”, “desesperada”, “capeta, debochada”, “infernosa”, “pergunta demais” e até mesmo “desgraçado”, quando a pessoa decidia procurar sua agência bancária. Após enganar as vítimas, elas eram instruídas a falar com a supervisora Ana Luiza Maia Dias Gomes, que as orientava a fazer um novo empréstimo e, em seguida, transferir os valores para a conta bancária da quadrilha.
Além de Ana Luiza, também foram presos os proprietários da empresa Credit, Marcio Gabriel Costa de Jesus de Souza e Phelippe Amaral de Andrade Novais, juntamente com Ana Beatriz Moraes da Silva, Jaqueline Barros Mesquita, Ligia Mafra Fernandes, Paula Beatriz Moreira Rodrigues, Samira Cristina da Silva, Thallita da Rocha Nascimento, Iury Luiz do Nascimento e Luan Victor Rodrigues de Lima. Este último atuava como observador na porta do prédio onde funcionava o falso call center, alertando a quadrilha sobre a presença de policiais.
Luan resistiu à abordagem dos agentes e agrediu um deles. Contratado como uma espécie de “olheiro”, similar aos utilizados por facções criminosas, o suspeito já havia se envolvido em outra ocorrência relacionada a uma grande apreensão de drogas. Com ele, foi encontrado um roteiro para a aplicação do golpe. A quadrilha enfrentará acusações de organização criminosa, com pena de prisão de três a oito anos, além de multa. As investigações continuam para identificar outros envolvidos.